quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Lula entrega obras no Rio em clima de comício ao lado de Dilma e Cabral

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
No palanque, presidente e pré-candidata defenderam "continuidade" do governo para evitar "retrocesso"

Wilson Tosta e Luciana Nunes Leal


Depois de entregar apartamentos e laptops a moradores de Manguinhos, área pobre na zona norte do Rio, no segundo ato público do dia marcado por tom de campanha eleitoral, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua pré-candidata à sucessão, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, defenderam ontem a "continuidade" do governo para que suas obras não parem.

"Essas obras têm de ter continuidade, porque, se pararem, será um retrocesso para o País", disse Lula em entrevista. "E obviamente a Dilma não poderia falar diferente: eu quero continuidade." Pouco antes, em discurso no palanque em que foram entregues chaves de imóveis e computadores, Dilma havia ido pelo mesmo caminho. "Nosso País está num momento excepcional. Vamos ter a continuidade do governo do presidente Lula, tenho certeza, não vamos deixar tudo que conquistamos voltar atrás." Lula classificou a declaração como "sabedoria de alguém que sabe que o Brasil não pode ter retrocesso".

Procurando demonstrar descontração, Dilma sorriu e lembrou a origem humilde do presidente. Condenou a falta de investimentos sociais de governos anteriores, chegou a se referir a si mesma como parte do povo local e também se referiu especificamente às mulheres - faixa em que tem pior desempenho, segundo as pesquisas.

"Vamos fazer com que cada um dos moradores aqui de Manguinhos (...) tenha no seu coração a certeza de que nós vamos mudar a vida do povo brasileiro, (...) através da escola, da formação profissional, para que cada um de nós tenha uma profissão para trabalhar e ganhar o seu dinheiro", disse ela, que ainda bradou um "viva Manguinhos, viva a comunidade".

Lula negou que a campanha tenha começado. Dilma também disse não ser ainda pré-candidata. Os discursos de tom eleitoral tiveram como cenário a inauguração de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em Manguinhos. Ali, foram entregues 416 apartamentos para famílias realocadas por causa de obras, além de centros cívicos, de geração de renda, de apoio jurídico e de referência da juventude e biblioteca. Também foi instalado acesso grátis à internet, por wi-fi.

ALEMÃO

Mais cedo, no Complexo do Alemão, também para participar da entrega de chaves dos apartamentos, Lula passou uma hora na favela em clima de comício com Dilma e o governador Sérgio Cabral (PMDB), que disputará a reeleição. O presidente deixou claro o apoio a Cabral e apostou na vitória do aliado. "A cada período nós vamos fazer um novo PAC. O Sérgio tem mais quatro anos de mandato."

Lula prometeu um computador portátil em cada um dos 192 apartamentos construídos no Alemão, com acesso gratuito à internet. Os cinco primeiros foram entregues ontem. Lula lembrou que as obras foram possíveis "graças a este homem e a esta mulher, que é a coordenadora do PAC federal", referindo-se ao governador e a Dilma.

Quem visse a festa de ontem no Alemão poderia pensar estar a poucos dias da eleição, tamanha a empolgação dos políticos presentes. Só não havia a distribuição de panfletos típica do período eleitoral. Apenas um sobre o PAC do Alemão era entregue aos convidados.

Cabral assumiu a função de mestre de cerimônias e aproximou Lula e Dilma da população. Entrevistou moradores e animou a plateia. Usou até uma expressão do presidente que causou polêmica há duas semanas, durante visita ao Piauí. "O presidente Lula, que já pisou na merda , sem saneamento, que já andou desempregado, teve uma vida igual ou pior que vocês. O poder não subiu à cabeça dele. Por isso tem 80% de popularidade."

Estimulada por Cabral, a ministra fez um discurso não previsto. "Quando a gente vê as coisas realizadas, fica com essa alegria no coração. Um feliz Natal, mas também um Ano Novo de cabeça erguida, morando em condições dignas", disse.

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