quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

'Temos dois craques; e eles, uma perna de pau'

DEU EM O GLOBO

Freire e Virgílio agradecem ao presidente por comparar Serra e Aécio a "dois Tostões". Já governador de SP evita polêmica

Gerson Camarotti e Wagner Gomes

BRASÍLIA e SÃO PAULO. A declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que “dois Tostões” não teriam necessariamente resultados positivos — numa referência a uma eventual chapa puro-sangue tucana formada pelos governadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG) — provocou reações irônicas da oposição. O presidente do PPS, Roberto Freire, chegou usar a mesma metáfora futebolística para atacar a candidata petista, e chamou a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, de “perna de pau”.

— Importante é que ele já reconheceu que nós temos dois craques, enquanto eles têm uma perna de pau. Para craque sempre tem lugar no time — disse Freire, que ainda fez um apelo para que o diretório regional do PPS em Minas defenda a chapa de oposição com Serra-Aécio.

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), também gostou do fato de Lula ter reconhecido que o PSDB tem dois craques.

— Tenho que agradecer ao presidente Lula porque reconhece os craques da nossa seleção. Agora, não vejo problema em escalar dois craques, como Pelé e Tostão na Copa de 70. É com a vivência do passado que podemos prever o futuro — alfinetou Virgílio, defendendo a chapa puro-sangue no PSDB.

Até no PT a declaração do presidente foi recebida com ressalvas. O presidente do partido, deputado Ricardo Berzoini (PT-SP), ressaltou que tanto na política como no futebol é possível ter dois craques num mesmo time.

— Isso não existe nem em política nem no futebol. Na política, é possível ter dois candidatos fortes combinados na mesma chapa. No geral, essa frase do Lula não se aplica no futebol nem na política — disse Berzoini.

Já o vice-líder do governo no Congresso, senador Valdir Raupp (PMDB-RO), entendeu que Lula quis dar outro recado: alertou para o risco de Aécio ser anulado politicamente por Serra. Para Raupp, Aécio já percebeu esse risco.

— O que pode acontecer é que o Serra pode anular politicamente o Aécio, se ele aceitar ser vice. Caso Aécio dispute o Senado, pode até virar presidente do Congresso Nacional, e ser muito mais influente — disse Raupp.

Serra diz que não sai do foco e continua a governar Em São Paulo, Serra criticou a antecipação da campanha eleitoral e disse que não vai deixar seu trabalho à frente do governo paulista para se dedicar às questões eleitorais.

— Estou especialmente dedicado ao trabalho de São Paulo, ao trabalho de governador.

Há muita tentação de se dispersar esse trabalho com questões eleitorais, mas é uma tentação que para mim não pega. O que pega é servir ao povo do meu estado. É servir ao meu mandato de governador e ficar trabalhando em cima disso — disse Serra

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