quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Temer nega ter recebido dinheiro ilegal de empresa

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), chamou de "infâmia" a menção de seu nome em planilha da Camargo Corrêa, investigada por suposto pagamento de propina a políticos, o que a empreiteira nega. Temer diz que recebeu da empresa só em campanha e oficialmente.

Temer nega ter recebido doação ilegal

Presidente da Câmara classifica de "infâmia" informação de que teria sido beneficiado por propina da Camargo

Empreiteira, que também rejeita ter feito doação ilegal a políticos, reclama da falta de acesso à documentação da Operação Castelo de Areia

Da Sucursal de Brasília
Da Reportagem Local

O presidente da Câmara, deputado federal Michel Temer (PMDB-SP), classificou ontem de uma "infâmia sem tamanho, feita por gente vil, que se utiliza das pessoas para chamuscar o nome dos outros", a informação de que seu nome aparece em uma lista de políticos beneficiados por doações supostamente ilegais da empreiteira Camargo Corrêa.

A construtora está sendo investigada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal por supostos crimes financeiros e pagamento de propina a políticos. A empresa nega as acusações e reclama da falta de acesso à documentação.

A planilha, de 54 folhas, em que aparece o nome de Temer foi apreendida no dia 25 de março, quando foi desencadeada a Operação Castelo de Areia, na casa de um dos diretores da Camargo Corrêa.

Segundo informação publicada ontem no site iG, ao lado do nome de Temer foram registradas 22 cifras com valores em dólares, datas, taxas de câmbio e as devidas conversões para o real. As cifras são redondas (geralmente US$ 10 mil ou US$ 5.000) e em alguns anos têm periodicidade mensal. Os valores totalizam R$ 410 mil.

O deputado afirmou ontem que não recebeu nenhuma doação ilegal. "Quero dizer em letras garrafais que isso é uma infâmia. O papel [arquivo da empreiteira que sugere contabilidade paralela] é apócrifo, com meu nome grafado erradamente. Não há nexo causal. Tudo o que recebi [da Camargo Corrêa] foi oficialmente na última campanha", disse.

O presidente da Câmara afirmou ainda conhecer apenas um diretor da empresa, com quem não teria nenhum tipo de contato profissional.

Questionado se as acusações eram decorrentes do início antecipado da campanha, respondeu: "É uma pena que o Brasil se conduza por esses critérios. Não admito que jogue lama no meu nome impunemente. Daqui a pouco faço uma lista e saio espalhando por aí".

Temer, apontado como possível vice em uma chapa encabeçada pela ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) na disputa pela Presidência, disse que entrará hoje com uma petição na Justiça para pedir documentos relativos ao processo para punir quem o citou.

Afirmou ainda até cogita deixar a vida pública. "Está parecendo que não vale mais a pena."

Em nota divulgada ontem à noite, disse que viveu "o pior dia" de sua trajetória política".

O advogado de defesa da Camargo Corrêa, Celso Vilardi, afirmou que não teve acesso à planilha. Ressaltou, no entanto, que informações vazadas de maneira semelhante no início da investigação da Castelo de Areia se mostraram falsas.

Vilardi disse lamentar o fato de os executivos da empresa e a própria construtora não terem acesso aos documentos do caso e serem obrigados a assistir ao "vazamento criminoso" de informações para a imprensa.

O advogado informou que irá recorrer da decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, que anteontem não considerou nulas as provas produzidas durante a investigação.

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