sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Itamar Franco ::Zilda Arns, a imprescindível

DEU NA TRIBUNA DE MINAS

Ao ter a notícia do falecimento da Dra. Zilda, logo me veio à mente o trecho do poema de Bertold Brecht que relembro como forma de homenagem e, sobretudo, de agradecimento, tanto como cidadão brasileiro quanto como ex-presidente da República.

“Há homens que lutam um dia e são bons/ há outros que lutam muitos dias e são muito bons/ há homens que lutam muitos anos e são melhores/ mas há os que lutam toda a vida, esses são os imprescindíveis.”

Tive a honra e a felicidade de conviver com Dra. Zilda e receber dela contribuição fundamental na política de combate à mortalidade infantil no meu Governo.

Ela lutou a vida inteira e de modo inteiro pela causa que abraçou junto às populações excluídas, dos rincões mais distantes, especialmente mulheres e crianças.

Salvou vidas, milhões de vidas, como médica e educadora simultaneamente.

Liderança inconfundível, sempre a serviço do bem, suprapartidária, combativa, independente e de muita fé, contagiante fé.

Revolucionou tanto a nutrição e a pediatria, dando visibilidade a suas crenças e práticas através de pioneiras parcerias.

Meu ministro Henrique Santillo a convidou para exercer o cargo de coordenadora geral da Atenção Materno-Infantil no Ministério da Saúde, nomeando-a em 2 de dezembro de 1993. Trabalhou com tamanho afinco e competência que contribuiu para redirecionar a política de saúde para um novo modelo de saúde, integrando ações do Governo e da sociedade.

Argumentos sólidos lembram Dra. Zilda no Palácio do Planalto em reunião do Conselho Nacional de Segurança Alimentar ao lado de Dom Mauro Morelli, vários ministros e tantos outros colaboradores mostrando os números colhidos pelo Sistema de Informações da Pastoral da CNBB.

Ela demonstrou novos dados no que diz respeito aos índices de mortalidade infantil no país, e nós passamos a considerar as suas informações, para orientar nossas ações na área social, a partir dali.

Dra. Zilda, imortal brasileira, cidadã do mundo, exemplo de cidadania, solidariedade, maior ícone da ajuda humanitária internacional dos nossos tempos.

Ex-presidente da República

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