DEU NO VALOR ECONÔMICO
Cristiane Agostine, Luciano Máximo e João Villaverde, de São Paulo
O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, defendeu o modelo de Banco Central adotado pelo Chile, no qual as decisões são tomadas em conjunto com o Ministério da Fazenda. O tucano foi entrevistado no programa Roda Viva, da TV Cultura, que foi ao ar ontem à noite, e citou o modelo chileno ao ser questionado sobre o que faria no caso de o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentar a taxa de juros e ele, se eleito presidente, considerar a decisão errada.
Serra explicou que no Chile, onde refugiou-se durante o regime militar, decisões econômicas importantes são articuladas. "Lá no Chile nunca teve nenhuma decisão do BC, nenhuma, que não fosse de comum acordo com a Fazenda, com todo mundo...". Sem fazer críticas diretas ao governo, ressaltou que isso difere de "coisa de amador, de análises cucarachas".
No país vizinho, o BC é considerado independente. O equivalente ao Copom brasileiro no Chile se reúne mensalmente para definir os rumos da política monetária. Ao lado do presidente e dos diretores da instituição, o ministro da Fazenda chileno tem cadeira cativa e espaço para fazer suas considerações. Só não pode votar pela subida ou pelo corte dos juros.
Para o ex-diretor do BC Alexandre Schwartsman, "colocar gente que defende interesses diferentes da estabilidade monetária não funciona". Ele lembra que o controle da inflação nos últimos anos não seria possível sem a autonomia do BC, "que deveria ser formal". Na avaliação do ex-diretor do BC Carlos Thadeu de Freitas Gomes, o candidato do PSDB tem uma visão "mais explícita" de que a autoridade monetária deve sofrer influência do governo. "Ele já deu esse sinal. Não é inconsistente o que ele falou, mas o mercado demanda menos interferência e maior transparência. E isso só existe com influência zero, que só é possível um BC autônomo legalmente", afirmou Freitas Gomes.
Já para o professor da Uerj Luiz Fernando Rodrigues Paula, especialista em finanças internacionais, Serra pretende copiar o modelo chileno de cooperação entre governo e BC. "A declaração sinaliza que ele está disposto a fazer alterações na política econômica, mas não bruscas", disse o acadêmico.
Para Luiz Gonzaga Belluzzo, professor da Unicamp, Serra "tem razão". "Há toda uma sacralização dos membros do Copom, que tem uma composição muito acanhada".
Serra disse que o BC precisa "trabalhar direito" e ironizou a atuação da autarquia durante a crise econômica mundial, por não ter reduzido a taxa de juros. "O Banco Central brasileiro foi o único no mundo civilizado que manteve o juro sem baixar durante quatro meses", afirmou.
O tucano declarou que vai ser "moleza" manter o câmbio flutuante se o país tiver uma política de crescimento sustentável. Ao analisar a área econômica do governo Lula, o tucano atacou também o papel do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a política industrial e o déficit na conta corrente. O candidato discorda da atuação do BNDES ao subsidiar juros para grandes empresas e ao dar suporte a fusão de conglomerados. "Eu não sou contra uma empresa comprar a outra, agora vai dar dinheiro público, subsidiado? Todos os contribuintes vão pagar para uma empresa comprar outra? Não tem sentido", declarou.
Sobre a política industrial, Serra novamente ironizou o governo Lula e disse que o presidente não deve ter conhecimento de que "o país está se desindustrializando". "Tenho certeza de que Lula não sabe disso. Não é obrigado saber de tudo. Vai levando."
Serra disse que Lula está fazendo um novo modelo de privatização do dinheiro público. "Uma das grandes farsas no Brasil é a questão da privatização. Tem gente que fala contra, chega no governo e não só não volta para trás como dá dinheiro subsidiado. O governo emite dívida pública, pega esse dinheiro e empresta, por um juro menor do que está pagando pela dívida, dando subsídio para uma empresa comprar outra. Um uso curioso de privatização de dinheiro público".
Durante a entrevista, o candidato do PSDB interrompeu a diretora de redação do Valor, Vera Brandimarte, por três vezes antes que pudesse ter sido completada pergunta sobre o avanço do PT no governo federal como banco estatal. O tucano negou que teria criticado o governo por privatizar bancos estaduais. "Eu não critiquei, eu estou analisando". Ao tentar completar a pergunta, Vera Brandimarte foi novamente interrompida. "Olha, todos aqui ouviram. Critiquei o governo Lula por ter vendido bancos estaduais que já eram de propriedade federal, da área privada? Os telespectadores estão ouvindo que você falou que eu critiquei... não critiquei", disse.
Cristiane Agostine, Luciano Máximo e João Villaverde, de São Paulo
O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, defendeu o modelo de Banco Central adotado pelo Chile, no qual as decisões são tomadas em conjunto com o Ministério da Fazenda. O tucano foi entrevistado no programa Roda Viva, da TV Cultura, que foi ao ar ontem à noite, e citou o modelo chileno ao ser questionado sobre o que faria no caso de o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentar a taxa de juros e ele, se eleito presidente, considerar a decisão errada.
Serra explicou que no Chile, onde refugiou-se durante o regime militar, decisões econômicas importantes são articuladas. "Lá no Chile nunca teve nenhuma decisão do BC, nenhuma, que não fosse de comum acordo com a Fazenda, com todo mundo...". Sem fazer críticas diretas ao governo, ressaltou que isso difere de "coisa de amador, de análises cucarachas".
No país vizinho, o BC é considerado independente. O equivalente ao Copom brasileiro no Chile se reúne mensalmente para definir os rumos da política monetária. Ao lado do presidente e dos diretores da instituição, o ministro da Fazenda chileno tem cadeira cativa e espaço para fazer suas considerações. Só não pode votar pela subida ou pelo corte dos juros.
Para o ex-diretor do BC Alexandre Schwartsman, "colocar gente que defende interesses diferentes da estabilidade monetária não funciona". Ele lembra que o controle da inflação nos últimos anos não seria possível sem a autonomia do BC, "que deveria ser formal". Na avaliação do ex-diretor do BC Carlos Thadeu de Freitas Gomes, o candidato do PSDB tem uma visão "mais explícita" de que a autoridade monetária deve sofrer influência do governo. "Ele já deu esse sinal. Não é inconsistente o que ele falou, mas o mercado demanda menos interferência e maior transparência. E isso só existe com influência zero, que só é possível um BC autônomo legalmente", afirmou Freitas Gomes.
Já para o professor da Uerj Luiz Fernando Rodrigues Paula, especialista em finanças internacionais, Serra pretende copiar o modelo chileno de cooperação entre governo e BC. "A declaração sinaliza que ele está disposto a fazer alterações na política econômica, mas não bruscas", disse o acadêmico.
Para Luiz Gonzaga Belluzzo, professor da Unicamp, Serra "tem razão". "Há toda uma sacralização dos membros do Copom, que tem uma composição muito acanhada".
Serra disse que o BC precisa "trabalhar direito" e ironizou a atuação da autarquia durante a crise econômica mundial, por não ter reduzido a taxa de juros. "O Banco Central brasileiro foi o único no mundo civilizado que manteve o juro sem baixar durante quatro meses", afirmou.
O tucano declarou que vai ser "moleza" manter o câmbio flutuante se o país tiver uma política de crescimento sustentável. Ao analisar a área econômica do governo Lula, o tucano atacou também o papel do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a política industrial e o déficit na conta corrente. O candidato discorda da atuação do BNDES ao subsidiar juros para grandes empresas e ao dar suporte a fusão de conglomerados. "Eu não sou contra uma empresa comprar a outra, agora vai dar dinheiro público, subsidiado? Todos os contribuintes vão pagar para uma empresa comprar outra? Não tem sentido", declarou.
Sobre a política industrial, Serra novamente ironizou o governo Lula e disse que o presidente não deve ter conhecimento de que "o país está se desindustrializando". "Tenho certeza de que Lula não sabe disso. Não é obrigado saber de tudo. Vai levando."
Serra disse que Lula está fazendo um novo modelo de privatização do dinheiro público. "Uma das grandes farsas no Brasil é a questão da privatização. Tem gente que fala contra, chega no governo e não só não volta para trás como dá dinheiro subsidiado. O governo emite dívida pública, pega esse dinheiro e empresta, por um juro menor do que está pagando pela dívida, dando subsídio para uma empresa comprar outra. Um uso curioso de privatização de dinheiro público".
Durante a entrevista, o candidato do PSDB interrompeu a diretora de redação do Valor, Vera Brandimarte, por três vezes antes que pudesse ter sido completada pergunta sobre o avanço do PT no governo federal como banco estatal. O tucano negou que teria criticado o governo por privatizar bancos estaduais. "Eu não critiquei, eu estou analisando". Ao tentar completar a pergunta, Vera Brandimarte foi novamente interrompida. "Olha, todos aqui ouviram. Critiquei o governo Lula por ter vendido bancos estaduais que já eram de propriedade federal, da área privada? Os telespectadores estão ouvindo que você falou que eu critiquei... não critiquei", disse.
Em seguida, ressaltou que não tinha criticado o governo Lula.
O mediador do programa, Heródoto Barbeiro, também foi interrompido pelo tucano ao tentar completar uma pergunta sobre a política de pedágios das rodovias paulistas.
O mediador do programa, Heródoto Barbeiro, também foi interrompido pelo tucano ao tentar completar uma pergunta sobre a política de pedágios das rodovias paulistas.
Resumindo: Esse Serrágio é uma farsa!
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