quarta-feira, 21 de julho de 2010

Continuidade :: Fernando Rodrigues

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

BRASÍLIA - A campanha eleitoral entrou num ritmo em que quase todos os dias aparecem pesquisas novas nos Estados. Nesta semana, soube-se que os governadores do Ceará, Cid Gomes, e de Pernambuco, Eduardo Campos, ambos do PSB, são favoritos e têm chances de reeleição já no primeiro turno.

Dos 27 governadores atuais, 20 concorrem à reeleição. Há uma chance real de 2011 começar com bem mais da metade dos Estados sob o comando das mesmas forças políticas hoje no poder. Até porque há casos como o de São Paulo, onde o favorito não concorre à reeleição, mas pertence ao grupo que há 16 anos manda na política paulista.

Previsões eleitorais são sempre um risco. Não há como garantir a inexistência de um grande solavanco até o dia 3 de outubro. Mas a lógica da economia estável e em crescimento empurra todas as análises para a conclusão da continuidade como regra geral.

Em democracias estáveis e em crescimento econômico, o voto sempre tende a ser mais conservador, pela continuidade. As exceções que confirmam a regra são conhecidas. No Rio Grande do Sul, a governadora tucana Yeda Crusius enfrentou uma longa crise política. Ficou ameaçada de perder o mandato. Disputa mais um mandato, mas patina em terceiro lugar.

Já um governador cujo perfil é medianamente avaliado tem chance real de permanecer na cadeira. É ruim essa continuidade? Depende. Se o país está satisfeito com um ciclo político de oito anos, é melhor todos se acostumarem. Pelo sistema atual, é como se os mandatos fossem de oitos anos com uma espécie de "recall" no meio. Desde a adoção da reeleição, a partir de 1998, dois presidentes tentaram e conseguiram ser reconduzidos ao cargo -FHC e Lula.

A opção seria acabar com a reeleição. Quanto mais governadores forem reeleitos agora, mais o assunto esquentará em 2011.

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