sexta-feira, 23 de julho de 2010

Para Serra, Temer não passa de 'mercadoria'

DEU NO VALOR ECONÔMICO

Sérgio Bueno, de Porto Alegre

O candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, partiu para o ataque ontem contra o deputado federal Michel Temer, do PMDB, vice da candidata Dilma Rousseff, do PT. Segundo o tucano, o pemedebista não passa de uma "mercadoria" na chapa liderada pela petista, enquanto a escolha do deputado federal Indio da Costa (DEM) como seu vice foi um caso de "política e ideologia".

Serra afirmou que Lula não queria, mas teve que "engolir" Temer como vice de Dilma para não desagradar o PMDB. De acordo com ele, Costa tem "quatro eleições nas costas" e na última disputa, no Rio, teve "muito mais votos" do que o pemedebista, que "foi eleito na repescagem, contando com votos de legenda".

Por meio de sua assessoria, Temer rebateu o tucano: "Este não é o Serra que conheci, para quem política e ideologia, como critérios de escolha, se tornaram opção pela política raivosa e destemperada, como revela sua declaração. Espero a retomada do caminho do debate de propostas e ideias para o país continuar mudando, como tem feito Dilma".

Para o tucano, Costa não é só melhor do que Temer como também do que o empresário Guilherme Leal, vice da candidata do PV, Marina Silva. "Você sabe o que ele fez na vida pública?", indagou durante entrevista à rádio Guaíba, onde propôs um debate entre os três "para ver quem é o mais preparado".

Para fazer a comparação entre os três, o tucano aproveitou a polêmica aberta depois que Costa acusou o PT de ter relações com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Segundo ele, as declarações do vice são uma "banalidade" porque há "evidências abundantes" de que o PT é ligado à organização. "São seqüestradores, cortam cabeças, são terroristas e fazem narcotráfico".

Serra decidiu insistir. Segundo ele, Costa não acusou o PT de envolvimento direto com o narcotráfico, mas com uma "força ligada ao narcotráfico". Ele também cobrou explicações de Dilma sobre o tema.

Outro filão explorado pelo tucano para bater no PT foi novamente o caso da quebra do sigilo fiscal do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, que teria sido cometida pela analista tributária da Receita, Antonia Rodrigues dos Santos.

Os tucanos acusam a campanha de Dilma de encomendar os dados para montar um dossiê contra Serra, que classificou o episódio como um "crime contra a Constituição". "Jogar abaixo da cintura é uma prerrogativa petista", afirmou o candidato.

Na visita que fez a Porto Alegre, Serra encontrou-se rapidamente com a governadora Yeda Crusius (PSDB), na sede da rádio Guaíba, pouco antes das 14 horas. Depois da entrevista à emissora (sem a companhia de Yeda), fez caminhada pelo centro acompanhado por cerca de 100 pessoas, incluindo militantes contratados para trabalhar na campanha por R$ 650 a R$ 800 por mês.

No trajeto, Serra entrou em agência da Caixa Econômica Federal e em uma farmácia para cumprimentar funcionários, conversou com pedestres e não escapou de algumas vaias de petistas, abafadas por palavras de ordem dos integrantes da caminhada. Do centro, seguiu para a rádio Gaúcha, onde deu uma entrevista mais rápida, e foi à Federação da Agricultura do Estado (Farsul).

Recebido com entusiasmo pelo presidente da entidade, Carlos Sperotto, o tucano aproveitou para fazer novos ataques a Dilma. "Não sei o que a candidata pensa da agricultura", afirmou. Para regozijo da plateia, formada por produtores rurais, disse que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) é organização política financiada pelo governo que usa a reforma agrária como "pretexto para um movimento socialista revolucionário".

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