sexta-feira, 2 de julho de 2010

Serra assinará 'Carta' para o social

DEU EM O GLOBO

Documento reafirmará que programas começaram na gestão FH e vão continuar

Silvia Amorim

SÃO PAULO. Como um de seus primeiros eventos públicos no início oficial da campanha, o candidato do PSDB a presidente, José Serra, assinará, na próxima segunda-feira, em Curitiba, uma espécie de versão social da "Carta ao Povo Brasileiro", divulgada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na eleição de 2002 - em que o petista se comprometeu com metas econômicas e a honrar contratos, num momento de crise nos mercados. O documento, elaborado por gestores da área de assistência social de prefeituras do PSDB e do DEM e endossado pela equipe tucana, trará, em resumo, duas ideias: reafirmação da paternidade do PSDB e de conquistas tucanas na área social durante o governo Fernando Henrique Cardoso, e o compromisso da continuidade e aprofundamento dos avanços obtidos pela atual gestão.

O ato cai sob medida na campanha de Serra. Os tucanos veem nele uma oportunidade de reforçar seu discurso e minar especulações como a de que, se eleito, Serra acabaria com o Bolsa Família, vitrine social do governo Lula e bandeira de campanha da candidata do PT, Dilma Rousseff. O PSDB acusa os adversários de explorarem o discurso do medo com o eleitorado mais carente.

É nesse sentido que a carta a ser firmada por Serra assemelha-se à divulgada em 2002 por Lula. Na época, candidato à Presidência contra Serra, o petista apresentou o documento, em que prometia não fazer uma revolução na área econômica, para acalmar o mercado internacional e frear a alta do dólar e do risco-país.

- É uma reafirmação política do Serra de compromisso com a assistência social. O governo do Lula rouba as coisas nossas como se fossem deles. Vamos deixar claro que começamos essa construção lá atrás, com a primeira-dama Ruth Cardoso, com a reforma de toda a rede social - disse o coordenador do programa de governo da campanha de Serra, Xico Graziano.

Em um dos trechos, a carta tucana para a área social usa o slogan da campanha de Serra: "O Brasil pode mais na Assistência Social, com Serra presidente".

Discurso para o setor já estava evidente no programa de TV do PSDB

O candidato assinará o documento em Curitiba, em um evento no Paraná Clube, para cerca de 1.500 pessoas, segundo o PSDB paranaense, encarregado da organização. São esperados gestores, agentes sociais e representantes de ONGs de, pelo menos, cinco estados - Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo.

A escolha da capital paranaense não é por acaso.

- O PT fica dizendo que o PSDB não tem exemplos bem-sucedidos de ações nessa área. Resolvemos fazer esse evento em Curitiba porque é um dos locais mais exemplares do país em termos de políticas sociais - explicou Graziano. A capital é governada pelo PSDB desde 2005.

A preocupação com o discurso social por parte do PSDB ficou evidente no programa nacional da sigla veiculado no rádio e na TV há duas semanas. A mensagem de abertura foi um compromisso explícito do partido com a manutenção do Bolsa Família.

- Também queremos mostrar o compromisso do candidato Serra com uma política institucional de assistência social de longo prazo - disse um dos idealizadores da carta, Sérgio Wanderly, secretário de Assistência Social de São Gabriel do Oeste, no Mato Grosso do Sul.

A ideia de fazer o documento partiu de um grupo de secretários da área social de prefeituras governadas pelo PSDB e pelo DEM. Eles chegaram até a campanha de Serra por intermédio da senadora Marisa Serrano (MS), responsável pela agenda do candidato. Em maio, tiveram uma reunião com Graziano, em São Paulo, e entregaram uma minuta da carta. A ideia foi aprovada pela campanha, que deu aval para a organização do evento.

A agenda de Serra no Paraná incluirá ainda uma visita do presidenciável à comunidade Parolin, uma das favelas mais antigas de Curitiba e que passa por reurbanização, para conhecer alguns programas sociais.

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