domingo, 1 de agosto de 2010

Dilma e Serra tentam tirar diferença

DEU NO ESTADO DE MINAS

Denise Rothenburg, Izabelle Torres

Brasília Os candidatos a presidente da República aproveitam o período anterior aos debates e ao horário eleitoral gratuito de rádio e TV para tentar tirar a diferença onde o adversário predomina. Na última semana, por exemplo, a candidata do PT, Dilma Rousseff, investiu pesado no Sul do país, única região em que ela apresentou uma queda na pesquisa de intenção de voto divulgada na sexta-feira pelo Ibope. Enquanto isso, o tucano se dedicou a caminhadas em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, onde a petista aparece com uma vantagem de 19 pontos sobre Serra.

No Sul, Dilma caiu de 35% para 31% segundo o Ibope, enquanto Serra subiu de 42% para 46%, o que elevou de sete para 15 pontos percentuais a diferença entre os dois candidatos. Coincidentemente, o presidente Lula concentrou a sua agenda em cidades sulistas na semana que passou. O presidente foi a Santa Cruz do Sul (RS), onde visitou microusinas de biodiesel e falou da produção de alimentos. De lá, seguiu para Porto Alegre, onde participou de um comício com Dilma. Ontem, Lula e Dilma apareceram juntos novamente em Curitiba, no Paraná, onde o presidente prometeu ajudar ainda o candidato a governador, Osmar Dias (PDT).

Nos dois discursos nos palanques sulistas, Lula criticou as elites e fez apelos ao voto feminino. "O Paraná poderia contribuir e ser um estado que ajudou a vencer o preconceito contra a mulher. Afinal, o governo da Dilma não terá a minha cara. Terá a cara dela e mais mulheres no governo", afirmou. "Somos diferentes do outro candidato, que representa as elites. Se alguém tem simpatia por mim, é só comparar o que somos hoje com o passado", comentou Lula.

Enquanto isso, no Rio de Janeiro, Serra caminhou por mais de três horas ao lado do prefeito de Duque de Caxias, José Camilo Zito dos Santos (PSDB), e do candidato a vice-presidente, deputado Índio da Costa (DEM-RJ).

Estratégias. Articuladores políticos dos candidatos afirmam que a ideia é aumentar o número de visitas aos estados em que as pesquisas mostram alguma desvantagem e nos discursos tentar buscar uma identidade entre eles e a região. Foi o que fizeram ontem. Dilma lembrou das suas visitas ao Paraná na época da ditadura e disse que a região lhe trazia muitas lembranças. O PT estadual tratou de divulgar fotos em que Lula aparecia na região da Boca Maldita nos anos 80 quando tentava divulgar o recém-nascido PT. Serra por sua vez frisou diversas vezes durante a caminhada que se preocupa com o Rio e que demonstrou isso ao escolher um vice fluminense. Nas conversas com os cariocas, o candidato garantiu que pretende prestigiar o estado e que a chapa com Índio da Costa é a prova disso.

Os analistas políticos consideram normal o fato de os candidatos escolherem terrenos onde o adversário está melhor. "Serra ainda tem o que crescer no Sul, assim como Dilma tem um palanque melhor no Rio. É natural que trabalhem agora para reduzir as diferenças e reforçar onde estão bem", diz o cientista político Antônio Lavareda, da MCI, que tem analisado as pesquisas com uma lupa.

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