domingo, 8 de agosto de 2010

Uso de cartão já derrubou ministra

DEU EM O GLOBO

Em 2008, o uso indevido dos cartões corporativos por autoridades do primeiro escalão do governo Lula foi objeto de investigação do Ministério Público Federal no Distrito Federal e resultou na instalação de uma CPI no Congresso, mas a base governista conseguiu dominar a comissão, frustrando a expectativa da oposição de uma investigação mais profunda.

Em janeiro de 2008, após a denúncia do MPF-DF, a Comissão de Ética Pública decidiu encaminhar para análise da Controladoria Geral da União o caso da então ministra especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial Matilde Ribeiro, que havia usado o cartão corporativo para pagar despesas pessoais no free-shop.

Ainda em janeiro daquele ano, numa reação do governo ao escândalo, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, anunciou que o governo decidira proibir o uso do cartão corporativo para saques, resguardadas algumas exceções.

O governo também proibiu a compra de passagens aéreas e pagamento de diárias com os cartões.

Em fevereiro, sem condições de se manter no governo, Matilde Ribeiro pediu demissão. Naquele mês, o presidente Lula desdenhou da CPI, ainda não instalada: Confesso a vocês que não tenho tempo a perder com CPI.

Em 21 de fevereiro, a CPI foi criada, com o cargo mais importante, o de relator, ocupado pelo deputado Luiz Sérgio, do PT do Rio.

A CPI não conseguiu avançar na investigação dos gastos carimbados como sigilosos.

Prevaleceram os depoimentos técnicos, pois a base governista freou as tentativas de convocação de ministros.

Em março de 2008, reportagem da revista Veja revelou a existência de um suposto dossiê com despesas do ex-presidente Fernando Henrique, consideradas impróprias. A CPI tentou aprovar a convocação da então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, mas a base governista impediu.

Reportagem da Folha de S. Paulo mostrou que a atual ministra chefe da Casa Civil, Erenice Alves Guerra, na época secretária executiva, teria ordenado a produção do dossiê com as despesas do governo FH. Dilma negou a existência do dossiê, alegando que os dados eram parte de um banco com informações sobre gastos do governo Lula e de governos anteriores.

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