sábado, 18 de setembro de 2010

Lula diz que imprensa "inventa" coisas

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

Um dia depois de demitir uma ministra por acusação de lobby na Casa Civil, presidente volta a atacar jornais

Ataques do presidente são repetidos por Dilma, que evitou falar sobre as suspeitas de tráfico de influência na sua gestão

Paulo Peixoto
Enviado especial a Juiz de Fora (MG)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar ontem a imprensa ao dizer que "alguns jornais" não são neutros e insinuar que eles apoiam a candidatura presidencial de José Serra (PSDB). Disse que os jornais "inventam coisas" contra ele.

As críticas foram feitas um dia depois de Lula demitir a ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, ex-braço direito da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, depois de duas acusações de lobby envolvendo seus familiares em órgãos do governo.

Por 29 minutos Lula ironizou a oposição e criticou os jornais. Falou na condição de "cabo eleitoral" de Dilma, conforme ele próprio disse, durante comício da petista em Juiz de Fora (MG).

Dilma também atacou, afirmando que a oposição se utiliza de "calúnias e falsidades" contra o governo.

Para Lula, os jornais deveriam ter assumir "as cores do partido que defendem".

"Essa gente não nos perdoa."

Para o presidente, "quem faz oposição neste país -eles ficam doidos-, é determinado tipo de imprensa".

Lula chegou a falar que a imprensa inventa fatos contra ele. "Ah! Como inventam coisa contra o Lula", disse, acrescentando que não teria 80% de aprovação, mas "zero", se dependesse da mídia.

Os ataques começaram quando o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel (PT), candidato ao Senado, afirmou que a oposição percebe que vai perder a disputa e parte para "outros métodos", usando a imprensa como meio de propagação.

"Se não conseguem pelo voto, tentam pela calúnia e pela baixaria que plantam nos jornais", afirmou.

Pimentel foi afastado do comando da campanha de Dilma depois de comandar um "grupo de inteligência" na pré-campanha, que recebeu papeis com dados sobre aliados e familiares de Serra.

Logo depois, sempre sem citar o escândalo na Casa Civil, foi a vez de Dilma atacar.Mais cedo, durante entrevista coletiva, ela se negou a falar sobre as acusações, que se referem ao período em que ela ainda era a ministra.

"Diante da eleição, aqueles que temem perder no voto utilizam de mecanismos, utilizam de calúnias e falsidades. Por isso é importante que vocês estejam atentos e percebam que isso acontece sempre 15 dias antes das eleições", disse, no palanque.

Foi uma referência velada ao caso dos "aloprados", em que petistas foram flagrados com R$ 1,7 milhão em dinheiro vivo para comprar um dossiê contra Serra.

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