sábado, 18 de setembro de 2010

Mais um envolvido no escândalo sai da Casa Civil

DEU EM O GLOBO

Knezevic, que pediu exoneração, seria um dos elos entre consultoria e ministério

Carolina Brígido

BRASÍLIA. Mais um personagem do suposto esquema de tráfico de influência no governo que derrubou Erenice Guerra da Casa Civil deixou o cargo ontem. Stevan Knezevic, funcionário do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), órgão da Presidência, pediu exoneração. Segundo reportagem da revista Veja, Knezevic era peça importante das irregularidades comandadas por Israel Guerra, filho da então ministra Erenice. Com a exoneração, ele retornará ao órgão de origem, a Agência Nacional de Aviação (Anac). Outro suspeito de participar do esquema, Vinícius de Oliveira Castro, foi exonerado da Casa Civil na segunda-feira.

Knezevic trabalhava como assessor do Departamento de Integração Institucional do Sipam.

Segundo a assessoria de imprensa do órgão, tratava-se de função técnica e burocrática, distante de negociações políticas.

Era dele a função de administrar cooperações técnicas entre o Sipam e órgãos públicos como prefeituras e a Fundação Nacional do Índio (Funai). O funcionário não ocupava cargo de coordenação ou de chefia.

No entanto, segundo reportagem da Veja, a influência de Knezevic no suposto esquema era central: com Israel e Vinícius, seria um dos gerenciadores da Capital Consultoria. A empresa seria especializada em lobby comercial na administração federal. E teria atuado, por exemplo, para viabilizar negócios nos Correios. Segundo a Folha de S. Paulo, a consultoria também tentou aprovar financiamentos junto ao BNDES.

O empresário e consultor Rubnei Quícoli, que seria o beneficiário do financiamento no BNDES, identificou Knezevic como elo para os supostos negócios escusos da Capital consultoria com a Casa Civil e o banco.

A assessoria de imprensa do Sipam informou que, ao comunicar sua exoneração, Knezevic não deu nenhuma explicação aos colegas de trabalho. Ele não retornou as ligações do GLOBO para comentar o assunto.

Por meio de nota, a Casa Civil informou ontem que o ministro interino, Carlos Eduardo Esteves Lima, assinou portaria criando uma comissão de sindicância para apurar o envolvimento de funcionários da pasta nas denúncias.

A comissão terá 30 dias para concluir os trabalhos.

Desde o início das denúncias, três pessoas já caíram, incluindo a ex-ministra Erenice Guerra.

Ela foi punida ontem pela Comissão de Ética da Presidência com uma censura ética.

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