terça-feira, 14 de setembro de 2010

PT quer tirar do ar apoio de Lula a Waldez no Amapá

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Fala do presidente pedindo votos no candidato pedetista ao Senado, que foi preso na sexta-feira, vem sendo exibida na TV

Bruno Paes Manso ENVIADO ESPECIAL MACAPÁ

A Executiva Nacional do PT vai pressionar os coordenadores da campanha do candidato ao Senado Waldez Góes (PDT), preso na sexta-feira durante a Operação Mãos Limpas da Polícia Federal, no Amapá, para tirar do ar as inserções em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aparece pedindo votos para ele.

Reprodução

Nos dias que se seguiram à prisão, a fala de Lula pedindo votos ao senador continuou sendo mostrada exaustivamente na TV no Amapá. A campanha do governador Pedro Paulo Dias (PP), candidato à reeleição - outro detido na operação de sexta-feira - também continua no horário eleitoral apresentando a ligação política com a campanha de Dilma Rousseff (PT) à Presidência.

"O presidente Lula apoiou o candidato do PDT ao Senado, não as falcatruas que ele fez", afirma Jorge Coelho, secretário Nacional de Mobilização do PT, que desde sexta-feira estava no Estado. "Por isso cobramos hombridade do senador para retirar a peça publicitária do ar."

Segundo Coelho, a pressão para a retirada da peça também vai ser reforçada em Brasília pelo presidente Nacional do PT, José Eduardo Dutra. A campanha do candidato tucano à Presidência, José Serra, já vem explorando nos últimos dias o apoio dado por Lula aos candidatos presos.

O tucano Jorge Amanajás, ex-presidente da Assembleia Legislativa do Estado, que concorre ao governo, também foi chamado para depor na Operação Mãos Limpas. Amanajás afirma que a convocação ocorreu para que ele apresentasse números sobre funcionários e despesas da Assembleia, que conta com cerca de mil empregados em cargos de confiança. "Não sabemos ainda o teor do inquérito, que é sigiloso. Fica difícil, portanto, fazer qualquer análise sobre as investigações", diz Amanajás.

O professor Marcos Roberto Marques da Silva, candidato ao Senado pelo PT no Amapá, não recebeu apoio gravado de Lula. Segundo integrantes do PT no Estado, a gravação do presidente em apoio a Waldez Góes no Amapá ocorreu a pedido do senador José Sarney (PMDB) que, além de Góes, apoia a candidatura de Gilvam Borges (PMDB).

O candidato João Capiberibe (PSB), partido coligado com o PT no Estado, também não recebeu o apoio de Lula na TV. "Uma coisa é o apoio do presidente, sobre o qual o partido não tem controle. Outra coisa é o PT, que não está com Waldez", afirma a petista Dora Nascimento, candidata a vice-governadora na chapa de Camilo Capiberibe (PSB).

Ascensão. Segundo sondagens feitas pelo PMDB depois da Operação Mãos Limpas, a prisão de integrantes do governo no Amapá vai beneficiar principalmente a candidatura ao Senado do PSOL, a única a fazer oposição aberta tanto a Sarney como ao presidente Lula. Os dados da ascensão da oposição a Lula e a Sarney chegaram às mãos da equipe de campanha do candidato Gilvam Borges (PMDB), que concorre à reeleição ao Senado com o apoio de Lula e de Sarney. "Mudaram os ânimos dos eleitores e agora a candidatura do PSOL (Randolfe Rodrigues) está no jogo. Essa candidatura de oposição deve ser a grande surpresa dessas eleições", analisa Borges.

De fato, na pesquisa divulgada ontem pelo Ibope no Estado (leia ao lado), Randolfe, que antes aparecia em quarto, está empatado tecnicamente com Gilvan Borges (PMDB) no segundo lugar, com 36%. "O 11 de Setembro do Amapá foi no dia 10 de setembro. Depois de sexta-feira acredito mesmo que tudo pode acontecer", afirma Randolfe.

Aos 37 anos, professor universitário em direito constitucional e história do direito em universidades privadas do Estado, Randolfe puxou no ano passado movimento popular no Amapá pedindo o afastamento de Sarney do Senado depois das denúncias dos atos secretos. Randolfe participa da campanha do candidato Lucas Barreto (PTB), que lidera as pesquisas ao governo do Estado.

Em 2006, a disputa ao Senado pelo Amapá também foi marcada por surpresas. Concorrendo à reeleição, Sarney quase perdeu a vaga nas urnas para a candidata neófita Cristina Almeida (PSB), que hoje é vereadora em Macapá.

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