sábado, 16 de outubro de 2010

Ação contra queda de Dilma junta Lula, Petrobras e MST

DEU EM O GLOBO

Para evitar que a petista Dilma Rousseff continue a cair nas pesquisas, o presidente Lula reuniu dirigentes da campanha e ordenou que convoquem a militância e botem mais emoção nos programas de TV.

Lula interveio durante reunião no horário de expediente, na qual se mostrou preocupado em corrigir os erros do começo do segundo turno para evitar que o tucano José Serra vire o jogo. 0 MST ontem anunciou apoio formal a Dilma e prometeu mobilizar os sem-terra. No Rio, um gerente da Petrobras usou o e-mail da estatal para convocar para ato pró-Dilma. Pesquisa Datafolha mostrou que a petista voltou a perder um ponto, reduzindo a vantagem sobre Serra de sete para seis pontos.

Lula intervém na campanha

Para tentar conter queda de Dilma, presidente apela a militantes e cobra mais emoção na TV

Luiza Damé, Maria Lima e Gerson Camarotti

BRASÍLIA - O publicitário João Santana vai ter que descobrir uma fórmula para levar emoção ao programa de TV da candidata Dilma Rousseff (PT), com resultado imediato, para tentar estancar a queda registrada nas pesquisas no segundo turno. E os dirigentes petistas vão ter que botar a militância nas ruas para pedir votos e dar um novo rumo à campanha governista. A candidata também terá de ir mais para as ruas, além da volta da presença mais frequente do presidente Lula na TV. Essas foram as principais decisões tomadas em reunião convocada para a manhã de ontem — em pleno horário de expediente no governo — pelo presidente Lula, que decidiu intervir pessoalmente nos rumos da campanha.

No encontro com João Santana, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, e os deputados Antonio Palocci e José Eduardo Cardozo, o presidente se mostrou preocupado em corrigir rapidamente erros para evitar uma virada do candidato tucano, José Serra, mas não quis responsabilizar ninguém.

— O fato é que todos nós erramos nesse processo. Foi um erro coletivo, houve desmobilização, e não cabe agora ficar procurando culpados — disse Lula na reunião.

— Conversamos sobre a necessidade de botar o bloco na rua. Já estamos fazendo isso. É um processo de chamamento. Numa disputa como esta, a militância do PT faz a diferença. A perplexidade (que houve no fim do primeiro turno) já está superada — disse Dutra ao fim do encontro.

Mais tarde, disse ao GLOBO: — O Lula não chamou a reunião porque está descontente com os rumos da campanha. Avalia que a campanha neste segundo turno está difícil e precisa de ajustes, que já vínhamos fazendo. Avaliamos que é preciso dar um toque mais emocional.

Está faltando emoção, o sonho do que pode ser conquistado a mais no governo Dilma.

‘Como vai ser feito é outra história’

Como boa parte dos programas no segundo turno foi usada para a desconstrução de Serra, decidiu-se que agora é preciso usar mais a imagem e a presença de Lula e voltar à emoção, mostrando que Dilma, e não Serra, seria capaz de dar continuidade às conquistas dos brasileiros. O PT espera que, através dos programas de TV, a militância volte a ocupar ruas com bandeiras, fazendo volume e barulho.

— A decisão política foi de dar mais emoção. A forma como isso vai ser feito é com a equipe especializada.

O Lula pode ser o canal dessa emoção, pode convencer que Dilma, e não Serra, é capaz de dar continuidade ao sonho. Como vai ser feito é outra história — disse Dutra.

Outra aposta do comando da campanha de Dilma é utilizar depoimentos de artistas defendendo o voto na petista. Na segunda-feira, ela se encontrará com um grupo de artistas liderado por Chico Buarque, Luis Melodia, Alceu Valença, Martinho da Vila, Margareth Menezes e Gilberto Gil — este está no exterior, mas deixou uma mensagem gravada.

No encontro, ficou acertado ainda que a candidata vai se concentrar nos maiores centros — São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná —, mas o Norte e o Nordeste não serão descuidados. Deve haver atos de campanha no Ceará, em Pernambuco, na Bahia e no Amazonas, onde os governadores aliados tiveram votação expressiva no primeiro turno.

Ontem, Lula aproveitou a manhã para gravar novas mensagens para o programa eleitoral de Dilma. Foi a segunda sexta-feira consecutiva em que o presidente dedicou todo o seu horário da manhã à campanha, inclusive gravando mensagens para o programa eleitoral de Dilma e de aliados.

Não há impedimento nem ilegalidade no fato de o presidente fazer reuniões de campanha em horário de expediente.

O Ministério Público, em anos anteriores, entendeu que o presidente é presidente 24 horas por dia.

Carro de ministro também no estúdio

Na agenda oficial, divulgada pelo Palácio do Planalto, Lula passaria a manhã no Palácio da Alvorada. Mas, na verdade, ele estava no estúdio na LBV (Legião da Boa Vontade), onde são feitas as filmagens das inserções para propaganda eleitoral da candidata.

Por volta de 9h40m, o comboio presidencial deixou o Palácio da Alvorada, mas o presidente não foi para o Planalto. Ele estava em outro carro — civil, com placa comum e sem identificação da Presidência — que foi para o estúdio. A bandeira oficial que indica a presença do presidente no local continuava hasteada no Palácio da Alvorada, embora Lula não estivesse mais lá.

O presidente chegou ao estúdio de Dilma acompanhado do ministro de Comunicação Social, Franklin Martins.

No início da tarde, Lula saiu do estúdio, novamente acompanhado de Franklin, e foi para a Base Aérea, mas acabou não indo para o Paraná, como estava previsto, por causa do mau tempo na região. Seguiu diretamente para São Paulo, onde fez campanha à noite com Dilma.

Embora Franklin tenha ido com Lula no carro usado pelo presidente, o automóvel da Secretaria de Comunicação Social ficou estacionado do lado de fora do estúdio durante todo o período em que ele permaneceu no local. A legislação eleitoral permite que apenas o presidente use transporte oficial na campanha. A assessoria do Planalto disse que o ministro não sabia que seu carro estava no estúdio, e que a decisão foi do motorista

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