sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Produção da Petrobras cresceu mais com FH

DEU EM O GLOBO

Número de barris de petróleo subiu 109% nos oito anos do governo tucano, contra alta de 30% na gestão de Lula

Henrique Gomes Batista

Um dos principais temas da reta final da campanha presidencial no segundo turno, a Petrobras apresentou um crescimento na produção de petróleo maior no governo tucano que na atual gestão petista. Segundo dados do “Valor Data” — segmento de pesquisa do jornal “Valor Econômico” —, nos oito anos sob a gestão de Fernando Henrique Cardoso, a estatal passou de uma produção diária de 716 mil barris, em 1995, para 1,5 milhão de barris/dia, em 2002, ou seja, um crescimento de 109%. Já no governo Lula, a produção passou de 1,540 milhão de barris/dia, em 2003, para 2,002 milhões de barris/dia em 2010, segundo dados de até agosto, o que representa um crescimento de 30%.

Especialistas apontam diversos motivos para a redução do crescimento da produção: ao estar em um patamar mais elevado, fica mais difícil manter uma expansão em ritmo acelerado.

Outra razão para essa situação é e mudança de estratégia, com a estatal priorizando a atividade de refino em detrimento da alta na extração de óleo. Mas, segundo alguns analistas, o avanço menor pode ser também consequencia do aumento da ingerência política na Petrobras, que reduziu a eficiência da empresa.

— Isso demonstra a atual situação da empresa, de maior ingerência política sobre suas decisões.

Em parte, esse crescimento menor ocorreu porque a empresa preferiu investir em refinaria, mas a maior parte dos analistas não vê a necessidade de tantas refinarias nem ganhos muito relevantes para os acionistas.

Ou seja, talvez, se a decisão fosse só econômica, faria mais sentido continuar aumentando a produção — afirmou Daniella Marques, analista da Oren Investimentos, referindo-se à decisão da estatal de aumentar o processamento do óleo no país, o que contribui para a industrialização do setor, embora possa não ter sido a melhor opção econômica em determinado momento.

Segundo Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), isso pode ser percebido com a análise de outro dado: há cinco anos a Petrobras não consegue atingir suas metas de produção de petróleo. Em 2006, a meta era de 1,91 milhão de barris/dia, mas só foi alcançado 1,78 milhão. Este ano, a meta era 2,3 milhões de barris/ dia não deve ser alcançada.

A própria estatal indica que só chegará a 2,1 milhões de barris/dia. Para Pires, isso demonstra falhas na gestão: — A Petrobras, por causa dos interesses políticos, muitas vezes criava metas muito altas, para gerar fato político, agradar ao governo, e, durante o ano, ia reduzindo as previsões, sem grande estardalhaço. Ou então a empresa, mostrando falha de gestão, não conseguia prever situações como paradas de manutenção em algumas plataformas.

Osmar Camilo, da Socopa Corretora, afirma que a situação de deteriorização da gestão da Petrobras, com muitas decisões políticas, acaba afetando o resultado da empresa e reduzindo a performance dos papéis em bolsas de valores, prejudicando o pequeno investidor.

— Casos como este, em que a capitalização da empresa foi utilizada para maquiar o superávit primário, faz aumentar o temor dos agentes financeiros, e a cotação da empresa cai — disse.

Gabrielli afirma que análise tem que ser mais completa O presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, não concorda que a gestão da empresa seja avaliada utilizando-se como último dado a produção. Ele afirmou, em Recife, que a análise tem de ser mais completa: — O lucro bruto operacional cresce mais do que as receitas a partir de 2003. Apesar de aumentarmos o número de funcionários, a receita e o lucro por empregado cresceram a partir de 2003. O valor agregado pela companhia cresce 450% de 1999 para 2008. Em 2005 retomamos o investimento em refino: passamos de US$ 200 milhões ano para US$ 200 milhões por mês. As reservas provadas têm salto significativo assim como o patrimônio e o lucro líquido.

Gabrielli diz que os investimentos em pesquisa e desenvolvimento subiram 627% entre 2001 e 2008, de US$ 132 milhões anuais para US$ 1,1 bilhão.

As reservas subiram de 10,8 bilhões de barris para 14,8 bilhões de barris, valor que pode dobrar com a confirmação dos campos do pré-sal.

— As grandes descobertas aconteceram antes de 1999.

Atualmente 98% da produção vêm de áreas descobertas antes do fim do monopólio. Só 2% vêm de campos adquiridos no leilões — disse, lembrando que a estatal também aumentou muito a sua capacidade de geração de energia elétrica e passou a atuar na produção de biodiesel.

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