terça-feira, 16 de novembro de 2010

O próximo capítulo da história :: Eliane Cantanhêde

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

BRASÍLIA - Os xiitas dos dois lados são obrigados a admitir que FHC ajustou a economia e o país e que Lula aprofundou o combate à desigualdade social.

Indiretamente, com crescimento e empregos. Diretamente, com o Bolsa Família.

Cabe a Dilma Rousseff, a primeira mulher presidente, seguir adiante em duas direções: nivelar o país, ao mesmo tempo a oitava economia mundial e o 73º no IDH; e aproximar a prática política indecente e inaceitável dos avanços internos e externos do Brasil. Há um abismo entre esses dois mundos.

A Folha mostrou no domingo que há no mínimo 30 milhões de miseráveis, considerados apenas os que vivem com até R$ 140 ao mês. Para resgatá-los é preciso mais emprego e mais investimento em programas de redistribuição de renda. Quanto menos emprego, mais verbas para o Bolsa Família.

Segundo a economista Lena Lavinas, o "x" da equação é ampliar os estímulos para que as mulheres cheguem ao mercado de trabalho e se mantenham, inclusive multiplicando creches e garantindo igualdade de condições e de salários.

Quanto ao desafio político, Dilma precisará se superar mais uma vez para se equilibrar no fio da navalha: manter sólido apoio político sem ficar refém do atraso em nome de perseguir o avanço. Lula nem tentou. Dilma, pela personalidade, pela história pessoal e (por que não admitir?) por ser mulher, deve tentar. A inexperiência é um obstáculo. Precisa revertê-la em trunfo.

Esses dois desafios começam já, na montagem da equipe. Nem sempre o que é bom para o Brasil é bom para a comodidade do governante. Lula não gastou um tico da imensa popularidade em nome de princípios e de melhor prática política.

Optou por ele em primeiro lugar. Dilma pode fazer melhor.

PS - Curiosidade: caíram os dois ministros de Sarkozy que avalizavam a venda dos Rafales ao Brasil, Bernard Kouchner (Relações Exteriores) e Hervé Morin (Defesa).

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