terça-feira, 9 de novembro de 2010

PMDB pede seis ministérios e quer indicar os nomes

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Em jantar com Lula e Dilma, Michel Temer defende que sejam preservados os mesmos espaços dos aliados do atual governo

Eugênia Lopes, Vera Rosa / BRASÍLIA

O PMDB bateu o martelo e quer manter o mesmo espaço no governo de Dilma Rousseff. A decisão do partido foi reforçada anteontem à noite pelo vice-presidente eleito, Michel Temer, durante jantar, no Palácio da Alvorada, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua sucessora. O PMDB comanda hoje seis ministérios.

No encontro, Temer defendeu a tese de que os partidos ocupem no futuro governo o mesmo espaço que têm hoje . Dessa forma, avalia o vice-presidente eleito, o novo governo continuaria "arrumado" e seria colocado um ponto final nos pleitos dos partidos aliados por mais ministérios.
Os peemedebistas argumentam que, se for para reivindicar mais espaço, o PMDB teria agora direito a ter mais ministérios, uma vez que participaram da vitória de Dilma, com a eleição de Temer em sua chapa presidencial.

Ao concordarem em manter o mesmo espaço no futuro governo, os peemedebistas deixaram claro que as indicações para os cargos serão feitas exclusivamente pelo partido. O PMDB não vai aceitar o que chama de "barriga de aluguel" no governo Dilma - ou seja, a nomeação de um ministro na cota do partido, mas, na prática, uma indicação do presidente da República. É o caso, por exemplo, do atual ministro da Saúde, José Gomes Temporão. Apesar de ser do PMDB, ele sempre foi considerado uma indicação pessoal do presidente Lula.

Meirelles. Na mesma situação, encontra-se o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Ele também é apontado como um nome da cota de Lula e não do PMDB, partido ao qual se filiou para poder ingressar no governo. O nome de Meirelles era o preferido de Dilma para seu vice-presidente, mas acabou vetado pela cúpula do PMDB.

Respeitado pelo mercado, Meirelles deverá deixar a presidência do Banco Central. Mas a presidente eleita gostaria de vê-lo no comando de um ministério da área de infraestrutura, em uma pasta que cuidasse de portos, aeroportos e rodovias. Integrantes da cúpula do PMDB já avisaram, no entanto, que Meirelles não será considerado como uma escolha da cota partidária. Alertaram ainda que, se Dilma insistir em aproveitá-lo na equipe, terá de fazê-lo em sua cota pessoal.

As negociações para definir o espaço de cada partido no futuro governo continuam esta semana. Enquanto Dilma se reúne, em Seul, com o G-20, o presidente nacional do PT e um dos coordenadores da transição para o futuro governo, José Eduardo Dutra, encontra-se com dirigentes partidários para definir quais partidos terão assento no novo governo.

Negociações. Hoje, Dutra deverá se reunir com o presidente do PR, senador Alfredo Nascimento (AM), e do PC do B, Renato Rabelo.

Depois de deixar o governo em abril deste ano para disputar o governo do Amazonas, Nascimento saiu derrotado nas urnas e sonha em voltar ao Ministério dos Transportes. Parte do PR tem, no entanto, outros planos para o partido: quer ver o senador eleito Blairo Maggi, ex-governador de Mato Grosso e um dos maiores plantadores de soja do Brasil, na pasta da Agricultura. Desde 2003, o Ministério da Agricultura ficou nas mãos do PMDB.

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