quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Reflexão do dia – Roberto Freire

Foi Lula quem ressuscitou da tumba velhos coronéis como Sarney, Collor e outros.

(Roberto Freire, ontem, no Recife)

Baixos instintos:: Merval Pereira

DEU EM O GLOBO

A agressão sofrida pelo candidato tucano à Presidência da República, José Serra, ontem no Rio, atingido por um artefato atirado por manifestantes petistas que tentavam impedir que os simpatizantes da oposição fizessem uma passeata em Campo Grande, Zona Oeste do Rio, é apenas o sinal mais visível da agressividade que tomou conta da campanha eleitoral.

Lembra episódio semelhante ocorrido na campanha presidencial de 1989, quando o candidato Collor foi agredido por manifestantes brizolistas também no Rio.

São também daquela campanha, radicalizada pelas disputas dentro da esquerda entre Brizola e Lula e pelo estilo belicoso do então candidato do PRN, que acabou sendo eleito por uma pequena margem de diferença para Lula num segundo turno tão acirrado quanto o deste ano, as lembranças do uso de depoimentos de uma antiga namorada de Lula. Ela afirmou que ele teria querido forçá-la a fazer um aborto.

O depoimento foi tão chocante que até hoje está marcado na história das campanhas eleitorais mais sujas já havidas no país.

Tão revoltante que, 20 anos depois, quando o hoje presidente Lula se reconciliou com o antigo agressor, senador por Alagoas e membro ativo da base aliada do governo no Congresso, sua filha Lurian, objeto daquela disputa abjeta, teve uma reação de espanto que não fez questão de esconder.

Pois hoje os papéis se inverteram, e são os ativistas ligados à campanha petista que espalham pela internet calúnias contra a mulher do candidato José Serra a respeito de aborto, um tema que dominou boa parte da campanha, com ênfase neste segundo turno.

O tema entrou no debate político ainda no fim do ano passado, quando o governo divulgou a versão do III Plano Nacional de Direitos Humanos, que endossava a aprovação de projeto de lei que descriminaliza o aborto, alegadamente em respeito à autonomia das mulheres.

Houve uma reação imediata de diversos setores religiosos, ainda mais porque a descriminação do aborto é um tema recorrente nos programas de governo petistas.

Aliás, foi relembrando todas as medidas assumidas pelo governo nesse campo que a presidência e a Comissão Representativa dos Bispos do Regional Sul 1 da CNBB divulgaram folhetos com um apelo "a todas as brasileiras e brasileiros" para seguir a orientação da Comissão em Defesa da Vida do Regional Sul 1 sobre como "votar bem", escolhendo candidatos que sejam "a favor da vida".

O documento lista as diversas medidas e compromissos assumidos pelo governo Lula desde 2005 no sentido de legalizar o aborto, até fevereiro deste ano, quando o Congresso do PT que indicou Dilma Rousseff aprovou o III Plano Nacional de Direitos Humanos, "no qual se reafirmou a descriminalização do aborto, dando assim continuidade e levando às últimas consequências esta política antinatalista de controle populacional, desumana, antissocial e contrária ao verdadeiro progresso do nosso país".

Esse documento foi apreendido pela Polícia Federal em uma gráfica em São Paulo, a pedido do PT ao Tribunal Superior Eleitoral, numa atitude claramente antidemocrática.

Sem entrar no mérito da questão do aborto, qualquer cidadão ou entidade tem o direito de defender suas posições religiosas ou políticas, desde que não receba financiamento do governo, como o imposto sindical.

A gráfica Pana, que imprimiu o panfleto encomendado pela Mitra Diocesana de Guarulhos, foi acusada pelo PT de ser propriedade de uma família ligada ao PSDB, o que é verdade.

Só que esse fato nada tem a ver com os panfletos da Igreja, pois a mesma gráfica já prestou serviços ao próprio PT, como a impressão de 75 mil cópias do "jornal" da CTB, a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, com quatro páginas coloridas, aliás ilegal, com reportagens favoráveis à eleição de Dilma à Presidência.

Militantes petistas tentaram invadir a gráfica para impedir a distribuição dos panfletos da Igreja, em mais uma demonstração de como são capazes de pressionar agressivamente os adversários.

O hábito de tentar confundir a opinião pública faz com que os petistas igualem o panfleto da Igreja às propagandas ilegais dos sindicatos.

E leva a que tentem transformar em "fogo amigo" a quebra de sigilos fiscais da família do candidato José Serra, atribuindo ao jornal "O Estado de Minas" uma suposta "defesa de Aécio Neves".

A estranha versão do jornalista Amaury Ribeiro Jr., de que sua reportagem, jamais publicada pelo jornal mineiro, serviu para que fizesse os relatórios que interessaram à campanha da candidata oficial, Dilma Rousseff, serviu para que o PT tentasse se eximir de culpa na quebra dos sigilos fiscais do PSDB - embora de concreto mesmo exista apenas o fato de que o jornalista que encomendou a quebra ilegal dos sigilos acabou trabalhando na campanha petista, num núcleo de investigação que se destinava a produzir dossiês contra seus adversários políticos.

O jornal que supostamente encomendou as investigações nega que soubesse da ilegalidade ou que o assunto em questão tenha sido objeto de reportagens de Amaury Ribeiro Jr.

E o ex-governador Aécio Neves refutou as insinuações petistas de que o dossiê que apareceu na campanha de Dilma no início do ano tenha sido originado de uma disputa interna entre ele e o hoje candidato José Serra.

Mesmo que, no limite, a quebra do sigilo fiscal dos parentes de Serra tenha sido providenciada por Amaury Ribeiro Jr. com o conhecimento do jornal "O Estado de Minas", com o intuito de ajudar o então governador Aécio Neves na sua disputa particular com Serra dentro do PSDB, esse "fogo amigo" não isentaria o PT da culpa de ter contratado para sua campanha o jornalista e seus dados obtidos ilegalmente, com o intuito de produzir dossiês contra o candidato do PSDB.

Seja qual for o resultado da eleição do dia 31, esta campanha já está marcada como a mais nefasta à democracia brasileira, com movimentos do baixo mundo se tornando mais importantes do que os compromissos dos candidatos com o futuro do país.

Com o ambiente político convulsionado do jeito que está, não será fácil ao presidente eleito estabelecer um clima propício ao diálogo.

O mestre deu a partida:: Dora Kramer

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Em entrevista ao jornal espanhol El País no início deste ano, o presidente Luiz Inácio da Silva manifestou convicção na vitória. "Dificilmente perco essa eleição", disse, a despeito de o adversário à época apresentar vantagem nas pesquisas.

Lula sabia do que estava falando: da disposição de usar e abusar de todos os métodos - quase infinitos - à disposição de um presidente da República para cavar o êxito que o levaria a bater recordes históricos de transferência de votos e a lograr espaço de honra no panteão dos presidentes eleitoralmente mais bem-sucedidos do Brasil.

Para isso decretou que sua prioridade absoluta no último ano de mandato seria eleger Dilma Rousseff. Paralisou o governo, mobilizou toda a administração na perseguição dessa meta, rasgou a Constituição, violou todas as regras da boa conduta, atacou violentamente a todos que enxergou como adversários.

Tão violentamente que governadores aliados ao governo e eleitos no primeiro turno criticaram direta e abertamente o presidente, atribuindo à sua conduta agressiva a perda dos votos suficientes para eleger Dilma no dia 3 de outubro passado.

Não é de estranhar, portanto, a atitude dos manifestantes petistas que ontem agrediram o candidato José Serra durante um ato de campanha na zona oeste do Rio de Janeiro.

Em 2002 o presidente recém-eleito Luiz Inácio da Silva agradeceu ao presidente que deixava o posto, Fernando Henrique Cardoso, a correção da atitude neutra à qual atribuiu, junto com a eficiência da Justiça Eleitoral, a sua eleição.

Oito anos depois, o presidente Lula faz o oposto do que considerava o melhor para o Brasil. Desqualifica a Justiça, afronta a legislação e usa de maneira escabrosa a máquina pública; sem freios nem disfarces.

Não há outra conclusão possível: Lula só leva em conta o que é melhor para si, já que passados esses anos certamente fez a conta de que a "correção" de FH fez o antecessor não eleger o sucessor.

Como não quer correr o risco, Lula apropria-se indevidamente do patrimônio público, comete todas as infrações à sua disposição, leva o governo para a ilegalidade e ainda se vangloria como quem dissesse que vergonha é roubar e não poder carregar.

O pior para ele é que com tudo isso ainda pode perder. O melhor para o País já foi feito quando o eleitorado criou esse espaço de confrontação final. Do qual o presidente da República abusa sem nenhum escrúpulo, aparentemente com a concordância do Ministério Público.

A tropa que entrou em choque com a campanha tucana no Rio fez o que o mestre ensinou: vale tudo e mais um pouco para tentar ganhar a eleição.

Mal contada. O inquérito da Polícia Federal sobre a quebra do sigilo fiscal de várias pessoas ligadas ao tucano José Serra ainda não esclareceu de todo o caso, mas já permite uma constatação: é falsa a versão de que aquelas violações resultaram de um esquema maior de compra e venda de sigilo dentro da Receita, conclusão que o governo acha menos grave que a motivação eleitoral.

Pois bem: pelo que diz Amaury Ribeiro (o jornalista que contratou a quebra de sigilo), a razão foi política. Segundo ele, em 2009 foi a São Paulo a custa do jornal Estado de Minas, onde trabalhava à época, para recolher dados para "proteger" o então governador de Minas, Aécio Neves.

Meses depois, alguém do PT roubou dele as informações e montou um dossiê para tentar prejudicar os tucanos.

Por enquanto a história não fecha direito e, pelo já visto, pode reservar emocionantes revelações.

Por exemplo: por que o jornal Estado de Minas mandou um repórter a São Paulo coletar dados com objetivo de "proteger" o então governador? E proteger do quê, de uma ofensiva de José Serra? Quem pagou pela quebra do sigilo: o jornal, o governo do Estado ou Amaury? Se Amaury foi roubado, o que fazia na reunião com o setor de "inteligência" da pré-campanha do PT onde se negociavam as informações que viriam a fazer parte do dossiê entregue em junho de 2010 ao jornal Folha de S. Paulo?

Adiar o inadiável :: Míriam Leitão

DEU EM O GLOBO

A tática não está dando certo. O governo adiou a conclusão da sindicância sobre Erenice Guerra, nem ouviu a própria Erenice, mas novos indícios surgem. A Fazenda tentou embrulhar a quebra do sigilo fiscal de adversários políticos na Receita como crime comum, mas novos indícios surgem. Dilma Rousseff chamou de "fofoca" a queixa judicial de um banco do governo alemão, mas a dúvida continua.

O governo quer deixar para divulgar tudo depois das eleições para evitar marolinhas, mesmo assim está sendo difícil adiar o esclarecimento das graves questões que surgiram durante o processo eleitoral.

Há 60 anos o KfW financia o desenvolvimento brasileiro, é parceiro estratégico. É uma espécie de BNDES alemão, não pode ser tratado como um bancorete que quer fazer "fofoca" no Brasil. O próprio banco divulgou nota deixando claro que não quer influir na disputa eleitoral brasileira. O que ele tem é uma disputa judicial e financeira. A instituição diz que recebeu a confirmação de que a Eletrobrás poderia ser o avalista de um empréstimo privado que estava sendo concedido. Entre os que garantiam isso estava o homem que é diretor da Eletrobrás e presidente do conselho de administração da Eletrosul, Valter Luiz Cardeal de Souza. Ele foi para o governo federal levado por Dilma Rousseff e foi mantido em seus postos mesmo após ser denunciado por gestão fraudulenta na operação Navalha, em 2007. O empréstimo dado aos projetos não foram pagos e os projetos não foram feitos. O dinheiro sumiu. E agora? É que o banco quer saber.

A candidata Dilma Rousseff está repetindo nesse caso o mesmo comportamento que teve no caso Erenice: o de desprezar a informação como falsa. Primeiro, ela disse que o caso Erenice era "factóide". Hoje, gasta energia se esgueirando da pergunta óbvia: como não sabia de nada já que Erenice era seu braço direito? Diante do escândalo do Cardeal, ela usa a palavra "fofoca". E os fatos estão exigindo uma explicação mais sólida e consistente.

Está na hora de saírem de cena as respostas preparadas pelos marqueteiros. A candidata Dilma Rousseff precisa responder com sinceridade ao povo brasileiro sobre os vários casos que se acumulam. Dilma tem reconhecidas qualidades, mas ao mesmo tempo há sombras assustadoras levantadas em cada um desses casos. As manobras protelatórias, o ato de varrer para debaixo do tapete as dúvidas e indícios, as negativas desqualificadoras do tipo "é factóide" ou "é fofoca" só vão tirar dela credibilidade antes mesmo de ela assumir, caso seja eleita.

Um banco como o KfW não pode ser tratado com esse desprezo pelo que está reclamando. Ele já financiou inúmeros empreendimentos no Brasil nos últimos 60 anos, inclusive as centrais nucleares. Certamente será necessário no futuro. Pode-se provar na Justiça que ele está errado em sua queixa e que nunca alguém do governo brasileiro deu qualquer garantia estatal para empréstimos ao setor privado, mas o que não se pode é fazer pouco de uma ação judicial impetrada pelo banco alemão como fez a candidata Dilma Rousseff. Ela teria que ser ainda mais cuidadosa porque quem está envolvido no caso é uma pessoa nomeada por ela mesma para cargos no governo Federal. Se o seu critério não funcionou no recrutamento de Erenice Guerra, mais um motivo para que o assunto seja levado a sério, porque Dilma está pedindo aos eleitores que confie o país ao seu comando, por quatro anos.

A "Folha de S.Paulo" publicou que o esquema de tráfico de influências montado pela família de Erenice Guerra no Planalto usava também dois outros órgãos da presidência, a Secretaria de Assuntos Estratégicos e o Gabinete da Segurança Institucional. E que um desses supostos elos é Gabriel Laender, um dos responsáveis pelo Programa Nacional de Banda Larga. Ele foi advogado da Unicel, empresa na qual o marido de Erenice foi diretor. Ou seja: mais uma volta no enrolado novelo da Casa Civil.

O caso da Receita, que antes da hora o órgão tentou dar por encerrado, tem novas suspeitas de que os dados acessados tinham objetivo de serem usados politicamente. A suspeita de uso da máquina pública contra adversários continua pairando sobre a Receita. A conclusão do corregedor do órgão havia sido de que houve compra e venda de informações, mas que não haveria indícios de que as informações foram acessadas para uso político, apesar de as vítimas serem quatro pessoas ligadas diretamente à cúpula do PSDB ou ao candidato José Serra. É preciso ter uma enorme capacidade de abstração para não ver as suspeitas de uso político. Felizmente, a Polícia Federal continua investigando e apareceram agora novos dados e suspeitas.

O importante para a Receita Federal era lutar por sua própria reputação. O órgão, respeitado por sua seriedade, aceitar fazer parte de uma tentativa de acobertamento é assustador.

Ao Jornal Nacional, esta semana, Dilma Rousseff disse o seguinte: "a gente tem que ser muito claro com o eleitor e não tentar enganá-lo. Erros e pessoas que erram acontecem em todos os governos. O que diferencia os governos é a atitude em relação ao erro. Nós investigamos e punimos." É. Pois é. Então é preciso não adiar as informações do caso Erenice, não enganar os eleitores no caso da Receita, incluir Erenice na investigação porque até agora ela não foi incluída, não desprezar a queixa judicial feita pelo banco alemão. Em suma: falar claro.

As "vítimas" :: Eliane Cantanhêde

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

BRASÍLIA - As duas campanhas já disputaram Lula versus Fernando Henrique; passaram a Erenice versus Paulo Preto; e estão na fase da vítima Dilma Rousseff versus a vítima José Serra. E tem até eleitor estudado e tarimbado caindo nessa.

Quanto mais Lula bate na tecla de que há uma "campanha difamatória" contra Dilma, mais ele atiça o lado briguento da velha militância do PT. Daí a atacarem uma passeata tucana no Rio e golpearem o adversário Serra na cabeça foi um pulo.

Lula deveria pensar melhor, senão por prudência e responsabilidade, pelo menos por pragmatismo: uma agressão assim não ajuda sua candidata.

Há todo empenho para repetir com Dilma a estratégia da vitimização sempre presente nas campanhas e na publicidade pró-Lula. Mas uma coisa é Lula falar em "campanha difamatória" contra Dilma, outra, bem mais concreta, é Serra levar uma bandeirada ou algo que o valha na testa em pleno exercício democrático de fazer campanha numa rua do Rio.

"Se dependesse do Palocci, era porrada pura. Com essa cara de bonzinho, ele faz e a gente leva a fama", brincou o marqueteiro de Dilma, João Santana, sobre a estratégia para debates e TV. Como toda brincadeira tem um fundo de verdade, muito militante pode levar ao pé da letra e partir para a "porrada", reavivando a lembrança do velho jeito petista de ser, antes do jeito petista de governar. Um prato cheio para a propaganda tucana.

O que Lula, Santana e Palocci fazem, basta um punhado de militantes enlouquecidos para desfazer. O risco é a bandeirada em Serra anular o intenso trabalho para carimbar Dilma como vítima de uma imprensa perversa, de uma oposição sanguinária, de uma internet dominada por tucanos descontrolados.

Vítima por vítima, o PT pode der dado de bandeja -ou de bandeira- a chance de Serra dizer que mais vítima é quem, literalmente, apanha na rua.

Implicação do 2º turno para Dilma e a do “fator Aécio” para Serra:: Jarbas de Holanda

A nova fase da corrida presidencial reduziu ainda mais o espaço (já bem pequeno na primeira fase) para debate entre os dois finalistas das grandes questões do desenvolvimento econômico e político-institucional do país. O acirramento da disputa – com a erosão do favoritismo que a candidata governista Dilma Rousseff manteve até às vésperas do 1º turno e com a emergência da possibilidade concreta de uma vitória do oposicionista José Serra – coloca ou recoloca com mais ênfase no centro, ostensivo e disfarçado, das campanhas que os dois empreendem ataques desqualificadores do/a adversário/a, tendo em vista sobretudo influenciar eleitores indecisos ou de voto não consolidado. Como os relativos a privatizações, demagógicos e já tão batidos, ou à guerra de grupos religiosos em torno do aborto (que um estado laico tem de tratar como um problema de saúde pública). À margem da agressiva troca de acusações pessoais (que – assinalemos – constitui recurso habitual numa disputa tão acirrada), a apenas 11 dias do 2º turno cabe explorar as alternativas de cenário à vista, voltando a especular sobre a hipótese, ainda a mais provável, da eleição de Dilma Rousseff e passando a tratar da vinculada a uma vitória de José Serra.

Na edição do Top Mail de 6 de outubro, avaliei que os resultados do 1º turno (o fracasso do plano de uma eleição rápida da candidata lulista,combinada com as vitórias da oposição em Minas, São Paulo, Paraná e Santa Catarina) configuraram “boa redução do desequilíbrio político” (prevalecente no segundo governo Lula e que se prefigurava seria acentuado após o pleito nacional deste ano). Complementei que “A frustração da “onda vermelha” (com a qual o PT capitalizaria a liquidação da eleição no 1º turno) reforçou o peso que o PMDB e outros partidos e lideranças não esquerdistas deverão ter na composição de um eventual governo Dilma e na sua base de sustentação parlamentar.” Este cenário ganhou maior consistência com o expressivo crescimento dos índices da candidatura de Serra nas pesquisas do Datafolha e do Ibope feitas até agora, que reduziram pela metade (para cerca de 7%) a vantagem da adversária, energizando a oposição com a perspectiva razoável de uma “virada” até o dia 31. O radicalismo de Lula e de sua candidata na nova fase da campanha – contra o governo FHC e com a retomada da retórica classista pobres x ricos – são expedientes eleitorais que não mudam o quadro de uma correlação de forças no Congresso, na mídia e na sociedade hostil à receita esquerdista e antidemocrática para a gestão de um Palácio do Planalto gerido por Dilma Rousseff, baseada na hegemonia do PT, que José Dirceu, enunciou um mês atrás. Ao contrário, haverá necessidade imperativa de bom relacionamento com o pragmatismo centrista do PMDB, bem como de um papel importante no governo para a moderação pró-mercado de Antonio Palocci.

O “fator Aécio” de um governo Serra – A perspectiva da “virada” de Serra superou a fragilidade da candidatura no 1º turno, mobilizando a oposição, atraindo o apoio das lide-ranças do PV no Sudeste e do PMDB do Rio Grande do Sul, tornando-a efetivamente competitiva. E sua campanha no horário eleitoral “gratuito” reduziu, ao menos em parte, o excessivo personalismo do candidato, da primeira fase, passando a valorizar a participação de outras personalidades oposicionistas, inclusive o ex-presidente FHC. Mas a concretização dessa “virada” dependerá, basicamente, de um salto da votação em Minas. Ou seja, ao “fator Marina”, que levou a disputa presidencial para o 2º turno, terá de se seguir, o “fator Aécio” que, com sucesso, difícil mas possível, do esforço que o ex-governador mineiro faça para viabilizar esse salto, será o principal responsável por uma vitória de Serra. O colunista Merval Pereira, do Globo, começou assim seu artigo de ontem intitulado “Minas decide”: “Tanto o governo quanto à oposição então convencidos de que a eleição no 2º turno será decidida em São Paulo e Minas. Desde a redemocratização, nenhum presidente foi eleito sem vencer em Minas”. Mais adiante: “O ex-governador Aécio Neves, a grande liderança política mineira, em cujo empenho o PSDB deposita a esperança de reverter o quadro do 1º turno ...” (Dilma, que é mineira, teve 46,9%; Serra, 32,6% e Marina, 21,2%). Um governo Serra, viabilizado nessas condições, terá ou teria certamente de partir de uma composição básica entre ele e Aécio.

É jornalista

Inquérito liga violação de sigilo a Dilma, mas a PF tenta negar

DEU EM O GLOBO

Jornalista que trabalhou na campanha petista confessa que contratou despachante

O inquérito da Polícia Federal concluiu que o mandante da quebra de sigilo fiscal de tucanos foi o jornalista Amaury Ribeiro Júnior - que trabalhou na pré-campanha de Dilma Rousseff no início deste ano. Segundo a PF, Amaury era repórter do jornal "O Estado de Minas" quando pagou R$ 12 mil a um despachante de SP por dados fiscais do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, e de mais sete pessoas ligadas ao candidato José Serra. Apesar disso, a PF nega vínculos entre a violação e a campanha de Dilma. "Não foi comprovada utilização em campanha política", disse o diretor Luiz Fernando Corrêa. Ouvido no inquérito, Amaury disse que contratou o despachante só para levantar dados em juntas comerciais, e que tudo foi pago pelo "Estado de Minas". Disse que investigava um suposto esquema de espionagem contra Aécio Neves montado por pessoas ligadas a Serra.

A ligação que a PF nega

Mandante da quebra de sigilo de tucanos foi Amaury Jr., chamado para pré-campanha petista

BRASÍLIA – Após quatro meses de investigação, o inquérito da Polícia Federal indica uma ligação de integrantes da pré-campanha da candidata do PT, Dilma Rousseff, com o vazamento de dados fiscais sigilosos de tucanos ligados ao candidato José Serra. Mas a PF negou ontem que tenha ficado comprovado o uso dos dados em campanha política. Pela conclusão da polícia, o mandante da quebra de sigilo foi o jornalista Amaury Ribeiro Júnior, que, no início deste ano, foi chamado para trabalhar na pré-campanha de Dilma.

Amaury obteve as informações entre setembro e outubro de 2009, quando ainda trabalhava para o jornal "O Estado de Minas". Segundo a PF, Amaury pagou R$12 mil ao despachante Dirceu Rodrigues Garcia, de São Paulo, que, com auxiliares, obteve na Receita os dados do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, e de mais sete pessoas ligadas a Serra. Entre as pessoas com sigilo violado estão Verônica Serra, filha do candidato, o marido dela, Alexandre Bourgeois.

Segundo a PF, na época em que já tinha saído do "Estado de Minas", mas ainda continuava com os dados, Amaury se hospedou, em Brasília, num flat de propriedade de pessoa ligada à pré-campanha de Dilma. Num dos depoimentos à PF, o jornalista alega que os arquivos de seu computador, onde estava o relatório dos dados, foram "roubados ou visualizados" por alguém de dentro do PT.

No depoimento, Amaury disse que, ano passado, quando ainda estava no "Estado de Minas", decidiu apurar suposto esquema de espionagem contra o ex-governador Aécio Neves (PSDB) que teria sido montado pelo grupo do deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ), ligado a Serra. A ideia, diz, seria "proteger" Aécio. Na época, Serra e Aécio eram potenciais candidatos do PSDB à Presidência.

Segundo a PF, Amaury encomendou ao despachante Dirceu Rodrigues Garcia, de São Paulo, as quebras de sigilo dos tucanos. As despesas de Amaury com viagens para Brasília, São Paulo e Belo Horizonte e com o pagamento dos documentos fiscais teriam sido pagas pelo "O Estado de Minas", segundo ele. O jornalista confessou ter contratado o despachante, mas alegou que era apenas para fazer levantamento em juntas comerciais.

- Amaury disse que, para obter os documentos, os valores foram custeados por "O Estado de Minas" - disse o delegado Alessandro Moretti, um dos responsáveis pelo caso.

Jornal nega pedido de apuração

O jornalista disse ainda que, ano passado, entregou relatório do caso ao "Estado de Minas" e deixou o jornal. As informações não foram publicadas. No início deste ano, Amaury, que mantinha cópia do relatório em seu computador, foi chamado pelo empresário Luiz Lanzetta, dono da Lanza Comunicação, para montar uma equipe de inteligência da campanha de Dilma. A tarefa seria supostamente conter vazamentos de informações do comitê central da campanha da ex-ministra. Mas ele alega que a contratação não foi levada adiante.

Em nota, "O Estado de Minas" negou envolvimento na violação de dados de tucanos. "O jornalista Amaury Ribeiro Júnior trabalhou por três anos no "Estado de Minas" e publicou diversas reportagens. Nenhuma, absolutamente nenhuma, se referiu ao fato agora em questão. "O Estado de Minas" faz jornalismo", diz a nota.

Sete suspeitos foram indiciados por violação de sigilo, corrupção ativa, passiva e uso de documentos falsos, entre outros crimes. Entre os indiciados estão os despachantes Dirceu Garcia, Ademir Cabral, Antônio Carlos Atella e Fernando Lopes, e a ex-funcionária da Receita Adeildda dos Santos, devolvida ao Serpro depois do escândalo.

Em entrevista coletiva, e depois em nota oficial, o diretor da PF, Luiz Fernando Corrêa, negou vínculo entre a quebra de sigilo e a campanha de Dilma: "Os dados violados foram utilizados para a confecção de relatórios, mas não foi comprovada sua utilização em campanha política. A Polícia Federal refuta qualquer tentativa de utilização de seu trabalho para fins eleitoreiros com distorção de fatos ou atribuindo a esta instituição conclusões que não correspondam aos dados da investigação", diz Corrêa. Ao longo da investigação, a PF tomou 50 depoimentos de 37 pessoas. Amaury foi interrogado quatro vezes.

A formação da equipe de inteligência, que contaria com o sargento da reserva da Aeronáutica Idalberto Matias Araújo, o Dadá, e o delegado aposentado da Polícia Federal Onésimo Souza, foi implodida antes da criação do grupo. Lanzetta se desentendeu com Onésimo sobre valores e o tipo de serviço a ser prestado. Após a briga, o caso foi tornado público e se tornou um dos grandes escândalos da campanha eleitoral. Onésimo acusou Lanzetta de encomendar investigação, inclusive com uso de grampos, de Serra. A partir daí, os deputados José Eduardo Cardozo (PT-SP) e Marcelo Itagiba pediram para a PF abrir inquérito sobre a denúncia.

Despachante diz que Amaury pagou por quebra de sigilo

DEU EM O GLOBO

Dirceu Garcia afirma ter recebido R$8,4 mil do jornalista pelo serviço

SÃO PAULO.
O despachante Dirceu Rodrigues Garcia afirmou que o jornalista Amaury Ribeiro Jr foi a pessoa que lhe encomendou a quebra de sigilo de pessoas ligadas ao candidato tucano à Presidência, José Serra. Segundo o "Jornal Nacional", que exibiu ontem uma entrevista com Dirceu, a Polícia Federal apurou que Amaury saiu de Brasília para São Paulo num voo de 7 de outubro do ano passado. No dia seguinte, ele teria acesso aos documentos sigilosos. O despachante afirmou que o encontro com o jornalista foi breve e que ele teria dito que sua missão estava cumprida, ao ver, satisfeito, as declarações de renda dos tucanos.

- Esperei ele conferir a documentação e ele me passou o valor combinado. Conferi o valor e fui embora - disse Garcia ao "Jornal Nacional".

O despachante contou que recebeu R$700 por declaração de renda e que, no total, foram 12 documentos:

- Eram doze, então deu um total de R$8.400.

Garcia diz que "auxílio" de Amaury foi de R$5 mil

Garcia disse ainda que só voltou a se encontrar com Amaury no mês passado, depois que o caso ganhou destaque na imprensa:

- Ele me ofereceu um auxílio, né, e quis saber como tava a situação - disse Rodrigues Garcia ao "Jornal Nacional", confirmando que Amaury lhe ofereceu dinheiro: -Aceitei.

Foram, segundo Garcia, R$5 mil, em dois depósitos feitos na conta do despachante em duas datas: dias 9 e 19 de setembro. O despachante negou que tenha entendido o pagamento como um "cala boca":

- Não, não, não. Jamais. Eu entendi como um auxílio, uma ajuda - afirmou.

Acusado de ter falsificado as assinaturas de Verônica Serra, filha do candidato do PSDB à Presidência, e de outros tucanos para obter as declarações de renda, o auxiliar contábil Antonio Carlos Atella negou que conhecesse o despachante que negociou com Amaury:

- Não sei quem é. Nunca vi mais gordo. E esse jornalista, de onde é? - disse ele.

Demonstrando irritação, Atella disse ter prestado seu serviço de cidadão ao país, ao afirmar em depoimento que o trabalho foi encomendado pelo office-boy Ademir Cabral, que agiu como intermediário no vazamento:

- Agora é com vocês. Se foi a Dilma, se não foi.

Entre as pessoas que tiveram seus dados sigilosos vazados na Receita Federal de Mauá, além da filha de Serra, está o vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas. Amaury, que trabalhava na época no jornal "O Estado de Minas", afirmou em seu depoimento que acessou os dados para proteger o então governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), durante a disputa da pré-campanha tucana.

Segundo o depoimento de Amaury, que não quis dar entrevistas, o jornal teria pagado R$12 mil em despesas para que ele viajasse até São Paulo, onde contratou os serviços de Dirceu Garcia. Ele disse à polícia que começou a investigação sobre tucanos após saber que esse grupo estava investigando a vida do governador mineiro.

Amaury Ribeiro disse ainda que, depois de sair do jornal mineiro, foi procurado por pessoas ligadas à pré-campanha da petista Dilma Rousseff. Esses petistas estariam interessados no material obtido na investigação de Amaury. O jornalista foi flagrado em um restaurante de Brasília, no dia 20 de abril deste ano, em encontro com Luiz Lanzetta, um dos assessores da campanha petista, e com ex-delegado da PF Onézimo Souza. Com a denúncia do suposto dossiê, Lanzetta - ligado ao então coordenador da campanha de Dilma e ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel - foi afastado da campanha.

PF deverá indiciar Amaury

DEU EM O GLOBO

Advogado de Verônica diz que, antes, delegado ouvirá jornalista de novo

SÃO PAULO. O advogado de Verônica Serra, Sérgio Rosenthal, disse ontem que a Polícia Federal indiciará o jornalista Amaury Ribeiro Jr por violação de sigilo e corrupção ativa. Rosenthal conversou ontem com o delegado Hugo Uruguai, responsável pelo inquérito que apura o acesso ilegal a dados fiscais de pessoas ligadas ao candidato tucano à Presidência, José Serra, incluindo sua filha, Verônica Serra.

- Amaury será ouvido novamente e será indiciado. O delegado já está à procura dele - afirmou o advogado.

Rosenthal elogiou a investigação da PF. Verônica e o seu marido, Alexandre Bourgeois, tiveram o sigilo fiscal violado em setembro de 2009, na agência da Receita Federal em Santo André (SP), com um procuração falsa apresentada pelo contador Antonio Carlos Atella.

O advogado negou qualquer relação do caso com o ex-governador e senador eleito por Minas Aécio Neves (PSDB):

- Não há absolutamente nenhum indício nos autos que aponte isso. É difícil acreditar nessa contextualização que ele (Amaury) faz, na medida em que, a partir do momento que obtém essas informações, deixa o jornal "Estado de Minas" e vai trabalhar com essa equipe inteligência da pré-campanha da Dilma.

Procurado pelo GLOBO, Amaury disse que já depôs na PF e não tem mais nada a dizer.

Aécio: 'Quem deve explicações é o PT'

DEU EM O GLOBO

Eduardo Jorge diz que PF terá de responder como sigilos chegaram ao PT e quem entregou os documentos a petistas

Flávio Freire e André de Souza

SÃO PAULO e BRASÍLIA. Em nota, o senador eleito Aécio Neves (PSDB) repudiou a tentativa de vinculá-lo às violações de sigilo cometidas a mando do jornalista Amaury Ribeiro Júnior. Aécio diz que não conhece e nunca teve relações com o jornalista. Ele também atacou o PT, "já envolvido anteriormente na violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo e, agora, na quebra de sigilos fiscais de membros do PSDB". Na nota, o senador eleito diz que jamais fez dossiês contra adversários:

"Repudio com veemência e indignação a tentativa de vinculação do meu nome às graves ações envolvendo o PT e o senhor Amaury Ribeiro Jr., a quem não conheço e com quem jamais mantive qualquer tipo de relação. Tal prática jamais fez parte da minha história política em 25 anos de vida pública. Como disse o senador Sérgio Guerra, quem deve explicações aos brasileiros é o PT, já envolvido anteriormente na violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo e, agora, na quebra de sigilos fiscais de membros do PSDB. Lamento profundamente que tais ocorrências contaminem um processo eleitoral que deveria ser marcado pelo debate de ideais e de avanços para o país", escreveu Aécio.

A direção da campanha presidencial do PSDB também procurou desqualificar ontem a versão da Polícia Federal de que não há provas de que o dossiê com dados sigilosos de tucanos foi utilizado pela campanha petista. Para dirigentes do partido ligados à campanha de José Serra, a PF estaria se deixando manipular por interesses partidários. A cúpula do PSDB permaneceu reunida no comitê oficial de campanha, em São Paulo.

O vice-presidente da legenda, Eduardo Jorge, que teve o seu sigilo fiscal quebrado, disse que a polícia não pode sustentar essa versão porque os documentos teriam saído do comitê da campanha de Dilma Rousseff, segundo informação que ele recebeu na época em que foi avisado sobre o esquema que o atingiu.

- A polícia está se deixando manipular por interesses partidários. Mas é fácil desmontar essa versão (de que não há conotação política). É só eles responderem sobre como os sigilos chegaram ao PT e quem entregou os documentos para os petistas. Assim que o inquérito terminar, vou processar todos os envolvidos.

Com ressalva de que não acredita na hipótese de Aécio ter encomendado o dossiê, uma vez que o jornalista Amaury Ribeiro Júnior disse, em depoimento à Polícia Federal, que havia pedido a quebra dos sigilos para proteger o ex-governador, Eduardo Jorge declarou:

- Essa versão da polícia de que não tem link político é falsa. Ora, se o jornalista diz que fez para proteger o Aécio, já teria viés político - disse o vice-presidente do PSDB, reafirmando, porém, que não conversou com o Aécio nas últimas horas, por não acreditar na possibilidade de fogo amigo dentro do partido.

O presidente nacional do partido, senador Sérgio Guerra, também criticou a PF.

- As pessoas esquecem que os dados saíram do comitê do PT, então não tem nada mais contraditório do que dizer que não tem caráter político - disse ele, que em seguida distribuiu uma nota oficial. (leia a íntegra ao lado).

Em São Paulo, ao comentar o envolvimento do nome de Aécio, Guerra retrucou:

- Essa é uma denúncia na linha de dispersão.

Itagiba nega envolvimento na quebra de sigilo

Em outra nota, o deputado federal Marcelo Itagiba (PSDB-RJ) também negou que estivesse fazendo espionagem de Aécio a pedido do grupo de Serra, como alegou Amaury. "Não sou araponga. Quando fui delegado, fazia investigação em inquérito aberto, não espionagem, para pôr na cadeia criminosos do calibre desses sujeitos que formam essa camarilha inscrustrada no PT", afirmou Itagiba, rebatendo as ilações de que estaria produzindo dossiês.

Ele informa que protocolou notícia-crime na PF, no dia 10 de junho deste ano, dando conhecimento de sua iniciativa à Procuradoria-Geral da República, com o objetivo de que fosse instaurado o inquérito policial para apuração de crimes atribuídos a pessoas da pré-campanha do PT.

'Quem tem o desrespeito à legalidade no seu DNA é o PT'

DEU EM O GLOBO

A íntegra da nota do presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra:

"Na sua enorme arrogância, o PT acha que o Brasil é feito de tolos. A poucos dias das eleições, justamente no momento em que José Serra e Aécio Neves percorrem juntos o Brasil na defesa de um país mais ético e mais justo, o PT tenta ressuscitar mais um factoide que tem como único objetivo tentar provocar a divisão das forças que se unem pela vitória de José Serra.

Essa nova tentativa do PT demonstra, na verdade, a gravidade dos fatos ocorridos no âmbito da coordenação da campanha da candidata Dilma Rousseff e, agora devidamente comprovados, merecem o repúdio das forças democráticas brasileiras.

A criação de grupos de espionagem, ora nomeados de inteligência, não é prática das campanhas do PSDB em Minas, São Paulo ou de qualquer outro estado. Assim como não ocorreram nos governos do PSDB violações de sigilos bancários, das quais foi vítima o caseiro Francenildo.

Também não foram nas administrações do PSDB que nomearam Erenice Guerra e apagaram fitas de segurança do Planalto.

O PT dá mais uma mostra de uso político das instituições do Estado, de como usa o governo para atender os seus objetivos políticos.

Há quatro anos, um petista foi preso com uma mala cheia de dinheiro para comprar dossiê contra políticos do PSDB. Apesar de ter sido preso em flagrante com o dinheiro, o petista foi liberado e, até hoje, a Polícia Federal não explicou ao país de onde veio o dinheiro da mala do PT.

Agora, a mesma Polícia Federal que diz que só vai investigar o escândalo de Erenice Guerra depois das eleições, surge com um depoimento com o claro objetivo de tentar criar constrangimentos ao PSDB.

Embora o depoimento não tenha sequer sido divulgado, o PT se apressa em espalhar versões dos fatos que tentam afastar do partido a certeza que todo brasileiro hoje tem: quem tem a infração e o desrespeito à legalidade no seu DNA é o PT e não o PSDB."

PT: contrato de Amaury era com Lanzetta

DEU EM O GLOBO

Partido nega ligação da quebra de sigilo com a campanha de Dilma e atribui caso a suposta briga interna no PSDB

Maria Lima, Cristiane Jungblut e Gerson Camarotti

BRASÍLIA. O comando da campanha de Dilma Rousseff (PT) definiu, logo nas primeiras horas da manhã de ontem, a estratégia de disseminar a ideia de que a quebra de sigilo de tucanos teve origem em Minas Gerais e teria sido fruto de divergências internas no PSDB. Apesar das evidências da ligação estabelecida este ano entre integrantes da campanha petista e o jornalista Amaury Ribeiro Junior, acusado pela Polícia Federal de ser o mandante da violação do sigilo, os integrantes da campanha foram para o ataque.

Além de negar envolvimento do partido e da presidenciável petista na elaboração de dossiês relacionados ao caso Eduardo Jorge, vice-presidente do PSDB, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, foi o primeiro a insinuar que os dados serviriam à disputa interna entre os tucanos Aécio Neves (MG) e José Serra (SP) pela vaga de candidato a presidente pelo PSDB, no segundo semestre do ano passado.

- O único contrato dele (Amaury) era com o (Luiz) Lanzetta (dono da Lanza Comunicação), que era contratado pela campanha. Mas eu nem conheço o Amaury. A nossa afirmação é a mesma desde o início. Nunca encomendamos ou mandamos elaborar um dossiê - disse Dutra. - Parece mais uma briga instalada dentro do tucanato que quiseram colocar no nosso colo.

"Itagiba, além de tucano, é um araponga contumaz"

À tarde, Dutra convocou a imprensa para anunciar que pedira a abertura de inquérito para investigar a existência de uma central de espionagem que seria liderada pelo deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ):

- O Marcelo Itagiba, além de ser tucano, é um araponga contumaz.

Dutra negou que alguém do PT ou responsável pela campanha de Dilma tenha pagado o aluguel de um flat para Amaury durante a pré-campanha. Dutra disse que a ligação do jornalista era com Luiz Lanzetta, este, sim, contratado pela campanha, mas sem cargo na coordenação de Comunicação.

- O que sei é que nem eu nem o Palocci nem o José Eduardo Cardozo pagamos flat para esse jornalista. Negamos categoricamente essa informação. Se alguém ligado à campanha ou do PT pagou, gostaríamos de saber quem. Se o Lanzetta pagou, eu não sei. A campanha nunca teve conhecimento desses dados ou suposto dossiê, que, aliás, gostaria de ver publicado. Não temos qualquer responsabilidade nesse episódio - disse Dutra, apesar de a própria PF ter dito que Amaury foi hospedado por um petista.

André Vargas diz que dossiê era para proteger Aécio

Com a estratégia de tentar desviar o noticiário negativo da campanha de Dilma, a ordem foi de insistir com a versão de que a quebra de sigilo foi feita pelo jornalista, que, na ocasião, era contratado pelo jornal "O Estado de Minas".

- Caiu por terra a tentativa do Serra de botar uma estrela no bicho. Esse bicho tem pernas, bico e penas de tucano - disse Dutra, afirmando que o relato da PF mostra a existência de uma central de espionagem para investigar Aécio Neves.

Pelo Twitter, o secretário de comunicação do PT, deputado André Vargas (PR), explicitou as acusações de que o dossiê estava sendo feito para defender Aécio de ataques do próprio Serra:

- Foi o Aécio que fez (o dossiê) para se proteger do Itagiba e da cachorrada do Serra que teriam flagrado o tucano em situações constrangedoras.

Outra estratégia definida pela manhã foi de isolar o nome do jornalista Amaury Ribeiro da pré-campanha. Dilma foi orientada a dar essa versão quando questionada pela imprensa, mas ela evitou falar sobre o assunto após participar de evento com integrantes do PV, alegando que daria entrevista à tarde em São Paulo.

Ao mesmo tempo, os petistas avaliam que o impacto da notícia será restrito. Segundo um coordenador de campanha, a nova evidência seria apenas "mais do mesmo".

O que mais preocupa a cúpula petista é qualquer tipo de desdobramento do caso Erenice Guerra, que foi demitida da Casa Civil depois de evidências de tráfico de influência de parentes. Isso teria poder de destruição bem maior do que os desdobramentos da quebra de sigilo, reconheceu um coordenador de campanha.

Antes de a PF anunciar resultado, Lula já dava o tom, livrando petistas

DEU EM O GLOBO

"Todo mundo sabia a quem interessavam denúncias", diz presidente

Luiza Damé

BRASÍLIA. Antes mesmo de a Polícia Federal anunciar o resultado da investigação da quebra de sigilos fiscais de tucanos, o presidente Lula, em entrevista no Palácio do Planalto, já dava a linha da reação dos petistas, insinuando que setores do próprio PSDB estavam por trás do dossiê, não a campanha da petista Dilma Rousseff. Abordado sobre as novas denúncias de tráfico de influência no governo e a apuração da PF, Lula subiu o tom, atacou a campanha de José Serra e disse que as propostas do tucano são irresponsáveis, especialmente quando fala de mudanças na economia.

- Todo mundo sabia e todo mundo sabe a quem interessavam aquelas denúncias do famoso dossiê, que vão ser explicadas aos poucos. Só que nós não podemos falar com irresponsabilidade. Nós temos que falar com base nos laudos, na investigação e no inquérito. E quem tem que falar isso é a própria Polícia Federal, não o presidente da República - disse Lula.

Para o presidente, o resultado das investigações da PF poderá não agradar a todos:

- Vocês vão saber as coisas como elas são e não como alguns gostariam que fossem. O problema do Brasil não são os fatos. Os fatos são importantes, e é preciso que sejam anunciados. O importante são as versões e as intenções com que muitas vezes se tenta trabalhar o processo de informação.

Segundo Lula, Dilma vencerá as eleições porque representa a continuidade de um governo que fez o Brasil ser mais admirado e respeitado, gerou mais empregos, investiu mais em educação e em ciência e tecnologia, aumentou o salário e melhorou a qualidade de vida da população. O presidente acusou Serra de estar fazendo promessas que não cumprirá e de leiloar o país por causa do processo eleitoral.

- Estou convencido de que a Dilma vai ganhar as eleições, por todas as condições. Quando você tem um adversário político que está fazendo a quantidade de promessas que ele sabe que não vai cumprir, porque não as cumpriu quando foi governo; quando você tem um candidato que, de forma irresponsável, começa a dizer que vai mudar toda a política econômica, ele tem que explicar ao povo brasileiro o que significa mudar essa política econômica, em um momento em que o Brasil serve de exemplo ao mundo como modelo de desenvolvimento, de geração de emprego e de estabilidade econômica - disse, cobrando responsabilidade do tucano: - Ninguém pode ser irresponsável porque está disputando uma eleição e prometer aquilo que sabe que não vai fazer. Ninguém pode ficar tentando leiloar o país em época de eleição. É triste.


Serra é agredido por petistas no Rio

DEU EM O GLOBO

Em campanha na Zona Oeste do Rio, o candidato tucano à Presidência, José Serra, enfrentou um tumulto iniciado por sindicalistas e militantes do PT e foi atingido na cabeça por um rolo de adesivos de campanha atirado por um manifestante. Com camisetas e bandeiras do PT, o grupo intimidou Serra com xingamentos e tentou se aproximar dele. O tucano não se feriu. Por orientação médica, cancelou o resto da agenda e submeteu-se a uma tomografia num hospital da Zona Sul.

Serra é agredido por petistas no Rio

Em caminhada na Zona Oeste, candidato é atingido na cabeça por uma bobina lançada por manifestante

Fabio Brisolla

O candidato José Serra, do PSDB, enfrentou ontem o momento mais tenso desde o início de sua campanha pelas ruas do país. Em uma caminhada pelo calçadão de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, o passeio de Serra com sua comitiva foi bloqueado por sindicalistas e militantes do PT. Com camisetas e bandeiras do partido da candidata Dilma Rousseff, os manifestantes tentaram intimidar Serra com insultos e, depois, brigaram para se aproximar à força do candidato tucano.

Houve muita discussão e troca de empurrões. Na confusão, Serra acabou atingido na cabeça por um rolo de adesivos de campanha atirado por um dos manifestantes. Uma jornalista da TV Globo também foi atingida na cabeça por uma pedra arremessada na direção de Serra.

A caminhada de apoio à candidatura tucana contou com o suporte dos cabos eleitorais da ex-vereadora Lucia Helena Pinto de Barros, a Lucinha, recém-eleita deputada estadual pelo PSDB. Em torno de cem pessoas com bandeiras da campanha de Serra estavam reunidas no calçadão de Campo Grande - uma rua fechada ao tráfego de carros que concentra o comércio do bairro. Dez minutos antes da chegada de Serra, os militantes do PT, trazendo um enorme cartaz com a imagem de Lula, Cabral e Dilma, chegaram ao local. Houve provocações de ambos os lados. Os petistas seguiram em frente e ficaram posicionados num ponto logo adiante, exatamente no trajeto dos tucanos.

Quando Serra chegou, a caminhada transcorreu normalmente até esbarrar na barreira de militantes. Escoltado pelo vice Índio da Costa e por Fernando Gabeira (PV), o candidato tucano chegou a desviar o caminho. Mas os manifestantes seguiram a comitiva do PSDB. A partir daí, o que seria um encontro casual de adversários virou confronto. Serra entrou numa farmácia para cumprimentar as funcionárias. Enquanto o candidato posava para fotos, os empurrões se intensificavam do lado de fora. Segurando cartazes (um deles com a frase: "Cadê o Paulo Preto?"), os militantes tentavam se aproximar de Serra à força.

O candidato saía da farmácia quando Índio da Costa apareceu e, ofegante, pediu:

- Serra! Serra! Volta, volta para dentro!

"Comportamento típico fascista"

O candidato até aquele momento não sabia exatamente o que estava acontecendo do lado de fora. Serra obedeceu ao vice. E fez um rápido comentário sobre o incidente:

- Isso é organizado por profissionais da mentira e da violência. Eles fazem isso no piloto automático. É uma tropa de choque lembra as tropas de assalto dos nazista. Um comportamento muito típico de movimentos fascistas.

Preocupado, um segurança do candidato chegou a sinalizar para um dos integrantes da comitiva aconselhando que todos voltassem para a van. Serra saiu da farmácia e continuou andando. Na linha de frente dos manifestantes estava Sandro Alex de Oliveira, conhecido como Sandro Mata-Mosquito, de 36 anos, candidato derrotado a deputado estadual pelo PT e secretário geral do Sindicato dos Trabalhadores no Combate às Endemias, o Sintsaúde RJ.

- Soube da manifestação (a favor de Serra) ontem à noite (terça). E chamei o pessoal que trabalha como mata-mosquito. Nosso grupo tem doze pessoas - contou Oliveira, que alegou estar ali para protestar contra a atuação de Serra como Ministro da Saúde do governo FHC.

Além dos sindicalistas, que apóiam oficialmente em seu site a candidatura de Dilma Rousseff, militantes do PT de Campo Grande se juntaram ao grupo. Serra tentou prosseguir normalmente até o fim da caminhada. Mas, apesar de esboçar sorrisos e cumprimentar eleitores, estava visivelmente assustado. Chegou a ser levado pelos empurrões.

Amedrontados, os comerciantes começaram a fechar as portas das lojas. No auge do tumulto, Serra chegou a parar para responder aos insultos, mas foi contido pelos assessores. Logo depois, o candidato foi atingido por uma bobina de adesivos de campanha. Uma pedra, arremessada na direção do candidato tucano, atingiu a repórter Mariana Gross, da TV Globo.

Ao fotógrafo Gabriel de Paiva, do GLOBO, que flagrou o momento em que o candidato levou as mãos à cabeça, Serra disse que estava "meio grogue". O candidato seguiu para uma clínica em Botafogo, onde passou por uma avaliação médica.

- Uma pancada como essa poderia ter consequência grave, como um edema cerebral. Por sorte, está tudo normal - avaliou o médico Jacob Kligerman.

Por orientação do médico, Serra cancelou a agenda de ontem, que incluía um encontro com militantes do PSDB. Ao sair da clínica, onde fez uma tomografia, Serra falou sobre sua tarde em Campo Grande:

- Fiquei perplexo. Nunca tinha acontecido isso. Foi uma ação violenta que me pareceu pré-organizada.

O presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, condenou as agressões sofridas por Serra.

- Acho lamentável que tenha acontecido isso. Repudiamos qualquer tipo de agressão física. Censuramos se são militantes do PT. Defendemos o debate de idéias, não as agressões físicas - disse Dutra.

O presidente do PT no Rio, deputado federal Luiz Sérgio, divulgou nota informando que "o incidente teve início depois que seguranças do candidato José Serra, do PSDB, trataram com rispidez integrantes do grupo conhecido como "mata-mosquitos" que estava no calçadão."

No Rio, petistas agridem Serra em evento

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

No episódio mais tenso da campanha à Presidência, militantes do PT e PSDB entraram em confronto ontem em Campo Grande, zona oeste do Rio. O candidato tucano, José Serra, foi cercado por militantes do PT e acabou atingido por um rolo de adesivos. Serra foi levado a um hospital, dizendo-se "meio grogue", mas nada grave foi constatado. O tucano acusou o PT de montar uma "tropa de choque". O PT do Rio soltou uma nota em que negou que seus militantes tenham sido violentos.

Serra é agredido por petistas no Rio

Pastor diz ter visto rolo de papelão atingir cabeça de candidato em calçadão

Luciana Nunes Leal

RIO - No episódio mais tenso da campanha de rua para a Presidência da República, militantes do PT e do PSDB entraram em confronto na tarde de ontem em Campo Grande, na zona oeste do Rio, e o candidato tucano José Serra foi atingido na cabeça por um rolo de papelão. Depois do incidente, Serra foi de helicóptero para um hospital em Botafogo, na zona sul, onde se submeteu a exames. Nada foi constatado.

O tumulto generalizado aconteceu quando Serra fazia caminhada pelo calçadão do bairro e levou comerciantes a fecharem as portas das lojas por pelo menos meia hora. Assim que foi atingido, Serra pôs as mãos na cabeça e foi levado para a van da campanha, logo cercada pelos petistas. Com uma bolsa de gelo na cabeça, o candidato disse ter ficado "meio grogue". Serra acusou o PT de montar uma "tropa de choque". "São profissionais da mentira e da violência", disse o candidato, antes de ser atingido, quando a confusão apenas começava e ele estava abrigado em uma loja de cosméticos.

"Lembra a tropa e assalto dos nazistas? É tropa de choque, muito típico dos movimentos fascistas, como eles são. É gente recrutada para fazer papel de tropa de choque", comparou Serra. Apesar do clima hostil, o candidato tucano voltou para a rua, o que aumentou o tumulto, porque os petistas cercaram o candidato, gritando palavras de ordem e xingamentos.

A confusão começou por volta das 13h30, quando o grupo de Serra, ciceroneado pela vereadora Lucinha (PSDB), passou por uma pequena manifestação de agentes de saúde que trabalhavam no combate à dengue e foram demitidos no governo Fernando Henrique Cardoso, quando Serra foi ministro da Saúde. Cabos eleitorais da campanha tucana tentaram impedir que os manifestantes se aproximassem do candidato.

Mata-mosquito. Rapidamente, a discussão evoluiu para o confronto físico, com cartazes rasgados e bandeiradas de todos os lados. A essa altura, um grupo de militantes do núcleo do PT de Campo Grande já tinha se juntado aos agentes, conhecidos como mata-mosquitos. Os manifestantes chamavam Serra de "assassino" e exibiam cartazes com inscrições como "Cadê o Paulo Preto?", em referência ao ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, que, segundo reportagem da revista IstoÉ, teria fugido com R$ 4 milhões da campanha tucana. O candidato do PSDB parou diante de alguns petistas e devolveu os xingamentos.

Ao lado do candidato a vice Índio da Costa e do candidato derrotado ao governo do Rio Fernando Gabeira (PV), Serra caminhou mais uma curta distância. O pastor Paulo Cesar Gomes, da igreja Deus de Poder e Glória, disse ter visto o momento em que Serra foi atingido por um rolo de adesivos de campanha. "Era uma bobina de papel de uns 50 centímetros. Eu também fui atingido na cabeça", disse. "Não respeitaram nem os pastores."

Do lado adversário, petistas reclamaram das agressões dos cabos eleitorais tucanos. Diretor do Sindicato dos Trabalhadores Agentes de Combate às Endemias (SindSaúde), José Ribamar de Lima disse que viu "ontem (terça-feira) à noite na internet" a informação de que Serra estaria em campanha no calçadão e, com alguns companheiros, organizou a manifestação. "Nos sentimos na obrigação de denunciar porque ele diz ter sido o melhor ministro da Saúde", disse Lima.

Nota. O presidente do PT do Rio, deputado Luiz Sérgio, disse em nota que o partido "repudia veementemente qualquer tipo de violência" e que pedirá investigação policial para apontar os responsáveis pelo tumulto. Segundo o parlamentar, "seguranças do candidato José Serra, do PSDB, trataram com rispidez integrantes do grupo conhecido com mata-mosquitos". "Rechaçamos a tentativa de imputar ao PT ou a militantes petistas qualquer tipo de agressão ou ato violento", concluiu Luiz Sérgio.

Freire afirma que Lula “ressuscitou coronéis”

DEU NO JORNAL DO COMMERCIO (PE)

Cecília Ramos

O presidente nacional do PPS, Roberto Freire, eleito deputado federal por São Paulo com 121.471 mil votos, ironizou, ontem, o fato de o presidente Lula não ter conseguido derrotar alguns políticos de uma “lista pessoal” de vários nomes. Ontem, em sua primeira visita ao Recife, após eleito, Freire convocou entrevista coletiva na sede do PPS, no Derby, onde falou sobre o novo ânimo da oposição com a candidatura do presidenciável José Serra (PSDB), desferiu críticas contra o presidente – a quem atribuiu a “retirada da tumba de “coronéis, como José Sarney (presidente do Senado)” – e disse que, nesta eleição, as oposições “não são pato morto”.

“Lula queria derrotar alguns. Ele diz que foi vingança de Deus, mas a minha derrota ele queria e não conseguiu”, sorriu Freire, admitindo, porém, que o petista ajudou a impor outras derrotas à oposição. Em Pernambuco, o senador Marco Maciel (DEM) não conseguiu reeleger-se. Freire disse ter vencido no maior colégio eleitoral do País graças à sua “atuação de político nacional”. E lembrou que poucos políticos saíram de colégios eleitorais menores para maiores, como ele e Leonel Brizola. Há dois anos residindo em São Paulo, não quis avaliar se, caso continuasse em Pernambuco, conseguiria eleger-se em sua terra natal. “Só posso dizer que nunca perdi uma eleição em Pernambuco”, gabou-se o dirigente, cinco vezes deputado federal e há quatro anos sem mandato. Primeiro suplente do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB), ele vai renunciar ao posto até a diplomação.

Freire veio ao Recife como parte da estratégia da campanha serrista de enviar lideranças a Estados onde o candidato tucano não poderá visitar – embora haja uma passagem de Serra por Pernambuco adiada de amanhã para terça (26). O dirigente do PPS disse ter ficado “surpreso” com a quantidade de carros adesivados com o nome de Serra. Segundo ele, há informações de bastidor da campanha serrista que apontam avanço do tucano no Nordeste, apesar da ampla vantagem da presidenciável do PT, Dilma Rousseff. Serra estaria crescendo no Rio Grande do Norte, em Sergipe e na capital de Alagoas, Maceió.

Em nova estocada em Lula, Freire acusou o petista de manter, segundo ele, o Nordeste refém de oligarquias. “Foi Lula quem ressuscitou da tumba velhos coronéis como Sarney, Collor e outros”. Apesar do acirramento da campanha presidencial neste 2º turno, afirmou não ser “daqueles que dizem que esta eleição é de baixo nível”. “Para com isso! Já vi eleição muito mais agressiva. É que perdem a memória”, ironizou.

Roberto Freire acabou experimentando o acirramento da campanha. Após a entrevista, ele seguiu para um adesivaço em frente ao comitê de Serra, na Avenida Agamenon Magalhães, e foi surpreendido com gritos de “traidor”, “paulista” e “volte para São Paulo”, desferidos por militantes do PT, que disputavam espaço com a militância serrista. Os grupos ameaçavam agredir-se fisicamente. “Isso é desespero do PT. O fascismo começou assim, com agressões”, disse Freire. O deputado Augusto Coutinho (DEM) falou com os militantes do PT e os dois lados se acalmaram. Entre os presentes, os deputados Raul Henry (PMDB), Raul Jungmann (PPS), Bruno Rodrigues (PSDB) e Mendonça Filho (DEM).

Jornalista ligado ao PT pagou por dados de tucanos

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Jornalista ligado ao PT e a campanha de Dilma pagou por dados de tucanos

Inquérito da PF revela depósito de R$ 5 mil, em dinheiro vivo, a poucos dias do 1º turno, para calar testemunha-chave sobre violação de sigilo

Leandro Colon, Vannildo Mendes

BRASÍLIA -Investigação da Polícia Federal revela que partiu da pré-campanha da petista Dilma Rousseff a iniciativa de contratar o jornalista Amaury Ribeiro Jr., autor da encomenda e financiador direto da quebra de sigilo de líderes tucanos e da filha e genro do presidenciável do PSDB, José Serra.

O Estado teve acesso à integra do inquérito da PF que detalha a anatomia da violação, além de disputas por dinheiro dentro da campanha de Dilma e a existência de um depósito de R$ 5 mil, em dinheiro vivo, a poucos dias do primeiro turno eleitoral, para calar uma testemunha-chave sobre a violação de sigilo.

A presença de um jornalista ligado ao PT na origem da trama afasta o discurso oficial do governo que, por meio da Receita Federal e até mesmo pela PF, tentou retirar do episódio qualquer conotação política, atribuindo a violação a uma máfia que operava na agência do Fisco em Mauá.

No inquérito, há comprovantes de depósito, feitos nos dias 9 e 17 de setembro, na conta do Dirceu Rodrigues Garcia, o despachante que coordenou a pedido de Ribeiro violações nas delegacias da Receita em São Paulo. Em seu depoimento, no dia 6 de outubro, Garcia afirmou que o jornalista ligado ao PT deu o dinheiro no mês passado para que ele não contasse nada sobre a violação do sigilo. "Amaury por diversas vezes pediu ao declarante (Dirceu) que se fosse procurado para se explicar na polícia, deve neste caso ficar calado", diz trecho do depoimento.

Convidado para trabalhar no núcleo de inteligência da campanha petista, Ribeiro desembarcou em Brasília em abril deste ano e ficou hospedado num flat, pago pelo jornalista Luiz Lanzetta, dono da Lanza Comunicação, que cuidava da estratégia de mídia da campanha de Dilma. Só a equipe do jornalista Luiz Lanzetta, patrocinador do convite a Ribeiro recebia R$ 150 mil mensais do comitê.

De acordo com dados do inquérito, o jornalista, então funcionário do jornal Estado de Minas, procurou o despachante, em setembro de 2009, para pedir as declarações de rendas dos tucanos, entre elas a do vice-presidente do partido, Eduardo Jorge, e a da filha de José Serra, Verônica. O valor do serviço: R$ 12 mil. O dinheiro foi entregue num pacote e contado no banheiro, no dia 8 de outubro do ano passado, no Bar da Onça, na Avenida Ipiranga, em São Paulo.

No último dia 15, Ribeiro falou pela terceira vez à PF. Contou que conheceu o despachante em 2008 e que pedia a eles pesquisas sobre as empresas dos tucanos.

Segundo o jornalista, a investigação fazia parte de um trabalho para o jornal Estado de Minas em busca de eventual proteção do ex-governador Aécio Neves contra um suposto serviço de espionagem comandado pelo deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ) e pessoas ligadas a Serra. O jornal custeou as viagens, conforme comprovantes que estão no inquérito. Amaury, porém, deixou a empresa no fim de 2009.

É aí que entra em cena a campanha petista. Em abril, Lanzetta procura por Ribeiro para ajudá-lo na briga pela "fatia do bolo" no orçamento de comunicação de Dilma. Na briga pela outra "fatia do bolo" estava o deputado Rui Falcão - do comando de campanha do PT. A investigação de Ribeiro valeria dividendos no mercado subterrâneo de dossiês do PT, reforçando a posição de Lanzetta.

Numa reunião com outras pessoas num restaurante em Brasília, o jornalista e o chefe do núcleo de inteligência de Dilma deram sinais do trabalho a ser feito. Presente ao encontro, o delegado Onésimo de Souza afirmou à polícia que surgiram outras solicitações. Pediram, segundo ele, que "fosse levantado tudo sobre algumas pessoas". Onésimo disse à PF que entendeu que poderia haver um "método que não fosse legal", e repetiu sua versão de que Amaury afirmou, na conversa, ter "dois tiros fatais" contra Serra.

Revelado o episódio no primeiro semestres pela revista Veja, Lanzetta acabou afastado da campanha em junho, após notícia de que estaria por trás da montagem de dossiê contra dirigentes tucanos para atingir Serra, com dados obtidos de Ribeiro.

Guerra da pesquisa só começou

Não é samba do crioulo doido. Tem nexo.

Impressionante o esforço que institutos de pesquisas fazem para se desmoralizar de uma vez só. Os resultados entre os institutos são tão díspares que lembram aquela música de Stalnilasw Ponte Preta, que falava do “samba do crioulo doido”.

Só que, pelo visto, tem crioulo doido fazendo um esforço danado para se aproximar da realidade da intenção de votos dos brasileiros. Mal saiu do forno a pesquisa turbinada do Ibope pró-Dilma (e põe turbinada nisso!), eis que surge uma nova, a do instituto Sensus – insuspeitíssimo de ser tucano, pois no primeiro turno foi o instituto que hiperbolizou a densidade eleitoral de Dilma.

Pois bem, o Sensus, contratado pela CNT, adiou a divulgação de sua pesquisa por mais um dia, para aferir se o que tinha detectado antes era verdade mesmo. O instituto fez mais um dia de pesquisa, para não cometer ratas iguais à do primeiro turno. Essas são informações do próprio instituto.

Sabem os números do Sensus? Dilma 46.8% x Serra 41,8%. Uma diferença de apenas cinco pontos, ou seja, de quase empate técnico! E agora José, em quem acreditar, no Ibope ou no Sensus?

Mico grande pagou Noblat. Ele espalhou em seu twitter que o Sensus refizera sua pesquisa de campo, porque tinha detectado uma frente em favor de Dilma de 14 pontos. Precisava conferir. Eita blogueiro “neutro” e não tão bem informado como se vende!

Não é preciso uso de muitos neurônios para se concluir o que se passa no “mercado de pesquisas”. Há institutos – não podemos nominar por razões de natureza legal – que prosseguem inflando os números da criatura. Apostam suas fichas na sua vitória e num porvir rendoso. Fazem comércio do que ainda poderia restar de sua credibilidade. Pode-se inferir que contratantes e contratados se merecem, até mesmo no território da ética.

Alguns pensam que pelo servilismo no primeiro turno, algumas dessas “entidades” apostam que se Serra vencer, poderão ficar em jejum. Então, concluem, “perdido por um, perdido por mil”. E tome inflação nos números da criatura. Quem sabe ela vença, pensam, e aí chegariam de novo na praia.

Essas práticas de alguns só podem ser caracterizadas como gangsterismo. Conscientemente manipulam a opinião pública e fazem tudo para que os brasileiros acreditem que a eleição já está decida.

Ressaltamos que existem institutos sérios e éticos nas esferas profissional e empresarial. Esperamos que não entrem na lista das espécies ameaçadas de extinção.

Umas das consequências nefastas destas manipulações é que muita gente boa pode cair na paralisia, por acreditar na veracidade “científica” do que é divulgado.

Foi com muita dor que vimos alguns dos nossos amigos pitaqueiros, em seus comentários, cair nesta armadilha. Centraram o fogo em Gonzáles, como se fosse ele o adversário e o responsável por uma queda de Serra, que, comprovadamente, nunca existiu.

Nossos cabelos brancos não nos permitem ser ingênuos e cair na jogada montada pelo comando da campanha petista e de suas correias de transmissão.

Analisando os números do Sensus, não temos dúvidas. Ficamos com quem não atravessa o samba: o tracking tucano.

Para este opinativo, o tracking tucano tem mais duas funções.

A primeira é aferir o grau de confiabilidade de institutos de pesquisas. A segunda é nos indicar o quão próximas da realidade estão até as pesquisas realizadas por gente séria.

E PUNTO E BASTA !!!


FONTE: Blog Pitacos

Ibope aponta 11 pontos de vantagem para Dilma

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Ibope mostra petista com 51% das intenções de voto, ante 40% de Serra; voto feminino explica crescimento

Em uma semana, a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, ampliou de 6 para 11 pontos porcentuais sua vantagem em relação ao tucano José Serra, segundo pesquisa Ibope para o Estado e a TV Globo. A petista tem 51% das intenções de voto, ante 40% do adversário. Em relação à sondagem anterior, divulgada no dia 4, Dilma oscilou dois pontos para cima, e Serra caiu três. Levando-se em conta apenas os votos válidos (excluídos nulos, brancos e eleitores indecisos) a candidata do PT lidera com 12 pontos de vantagem (56% a 44%), seis a mais do que na semana passada (53% a 47%). No primeiro turno, ela teve 46,9% dos votos válidos, ante 32,6% do adversário. O avanço de Dilma pode ser explicado pelo comportamento do eleitorado feminino. Nesse segmento, ela abriu sete pontos de vantagem (48% a 41% dos votos totais), saindo da situação de empate (em 46%) registrada na pesquisa anterior.

Ibope mostra Dilma com 56% dos votos válidos, contra 44% de Serra

Em uma semana, a candidata petista oscilou dois pontos porcentuais para cima, enquanto o candidato tucano caiu três pontos, aumentando vantagem de seis para 12 pontos neste segundo turno; sondagem foi feita após o segundo debate entre os presidenciáveis

Daniel Bramatti


SÃO PAULO - Em uma semana, a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, ampliou de seis para onze pontos porcentuais sua vantagem em relação ao tucano José Serra, segundo pesquisa Ibope/Estado/TV Globo. A petista tem 51% das intenções de voto, contra 40% do adversário.

Em relação à sondagem anterior, divulgada no último dia 13, Dilma oscilou dois pontos para cima, enquanto Serra caiu três. A pesquisa atual, com entrevistas entre os dias 18 e 20, capta apenas parcialmente os efeitos das entrevistas dos dois presidenciáveis no Jornal Nacional, da TV Globo, mas foi feita integralmente após o debate do último domingo, exibido pela Rede TV.

Levando-se em conta apenas os votos válidos (excluídos nulos, brancos e eleitores indecisos), a candidata do PT lidera com 12 pontos de vantagem (56% a 44%), seis a mais do que na semana passada (53% a 47%). No primeiro turno, ela teve 46,9% dos votos válidos, contra 32,6% do adversário.

Mulheres. O avanço de Dilma pode ser explicado pelo comportamento do eleitorado feminino. Nesse segmento, ela abriu sete pontos de vantagem (48% a 41% dos votos totais), saindo da situação de empate (em 46%) registrada na pesquisa anterior. Entre os homens, a vantagem da petista passou de 12 para 14 pontos (53% a 39%).

Na disputa pelo voto dos religiosos, a candidata governista vem levando a melhor na segunda rodada da eleição, depois de ter perdido simpatizantes na reta final do primeiro turno.

Houve acirramento na diferenciação dos votos entre os mais pobres e mais ricos. Dilma subiu entre os que têm renda familiar de até cinco salários mínimos, e Serra avançou entre os que ganham acima dessa faixa.

Os que estão na base da pirâmide de renda, com ganhos inferiores a um salário mínimo, agora preferem a petista na proporção de dois para um (61% a 31%, contra 57% a 36% na pesquisa anterior).

No topo, entre os que ganham mais de dez salários, o tucano mais que dobrou sua vantagem, de 15 (54% para 39%) para 31 pontos (63% a 32%).

Regiões. A divisão geográfica do eleitorado mostra que Dilma melhorou sua situação em todas as regiões, com exceção do Norte/Centro-Oeste, onde caiu de 51% para 46% e empatou com Serra (47%). No Nordeste, a petista ampliou sua liderança de 21 para 33 pontos (64% a 31%).

No Sudeste, onde havia um empate técnico, Dilma assumiu a ponta, com 45% a 41%. E no Sul, onde Serra vencia por 13 pontos (54% a 41%), ele agora tem 46%, contra 47% da adversária.

A segmentação dos eleitores por escolaridade mostra que Serra só lidera entre os que tem curso superior (47% a 43%).

Na pesquisa espontânea, na qual os entrevistados manifestam sua opção antes de ler a lista de candidatos, Dilma lidera por 47% a 38%. Nessa modalidade, há 8% de indecisos.

Para 80% dos eleitores, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é ótimo ou bom. Outros 3% veem a gestão como ruim ou péssima.

Para Sensus, diferença é de apenas 5 pontos

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Pesquisa do instituto dá à petista 47% de intenções de voto contra 42% dados a Serra; nos válidos, 53% a 47%

Daniel Bramatti

Pesquisa do instituto Sensus, divulgada ontem, mostra resultados distintos dos obtidos pelo Ibope. Segundo o levantamento, Dilma Rousseff (PT) tem 47% das intenções de voto, e José Serra (PSDB), 42%.

Em relação à pesquisa anterior do Sensus, feita entre os dias 11 e 13 de outubro, a candidata do PT teria mantido seu índice de intenção de voto, enquanto seu adversário teria oscilado um ponto para baixo. As duas sondagens foram feitas sob encomenda da Confederação Nacional dos Transportes (CNT).

Levando-se em conta apenas os votos válidos (excluídos nulos e brancos), Dilma venceria por 53% a 47% se a eleição fosse realizada hoje.

Segundo o instituto, a candidata petista lidera a corrida presidencial no Nordeste, por 58% a 35%, e empata tecnicamente com Serra no Sudeste (44% a 42%). O tucano lidera no Sul, por 45% a 38%, e no Norte/Centro-Oeste, por 53% a 42%.

A divisão do eleitorado por faixas de renda mostra Dilma na liderança entre os mais pobres. Os que ganham até um salário mínimo preferem a petista por um placar de 54% a 37%, praticamente os mesmos índices da pesquisa da semana passada.

No outro extremo, entre os que ganham mais de 20 salários mínimos, Serra lidera por 54% a 33% - aqui a vantagem do tucano caiu pela metade, mas sem reflexos significativos no resultado total da pesquisa, pois esse segmento de renda é muito reduzido no conjunto da sociedade.

A clivagem do eleitorado por escolaridade mostra a candidata governista melhor entre os que têm até quatro anos de estudo (53% a 37%), enquanto o representante da oposição colhe os melhores resultados entre os que fizeram curso superior (50% a 36%).

A pesquisa mostra Serra com 45% e Dilma com 42% entre as mulheres - no Ibope, a petista tanto no eleitorado feminino quanto no masculino.

O Sensus realizou 2.000 entrevistas em 136 municípios entre os dias 18 e 19 de outubro. O Estado arredondou os resultados do instituto, divulgados com uma casa após a vírgula.

Filho de Erenice atuava em outros órgãos

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

O balcão de negócios montado por Israel Guerra para ganhar dinheiro com tráfico de influência usava a estrutura de três órgãos da Presidência: a Casa Civil, a Secretaria de Assuntos Estratégicos e o Gabinete de Segurança Institucional. Filho da ex-ministra Erenice Guerra, Israel cobrava uma "taxa de sucesso" para mediar negócios entre empresas privadas e o governo.

Sindicância interna da Presidência mapeou o uso de senhas pessoais de Erenice, Vinícius Castro e Stevan Knezevic. Pelo menos 12 computadores foram usados com a senha dos três. Castro é sócio na Capital, empresa da família Guerra que intermediava os negócios ilícitos. Knezevic era lotado no Sistema de Proteção da Amazônia. Ambos pediram exoneração quando o caso veio à tona. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

Por sugestão do PT, Ceará decide controlar a mídia

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

Assembleia do Estado aprova criação de órgão que terá como atribuição fiscalizar e monitorar a imprensa local

Folha apurou que o governo federal irá estimular Estados a implementar propostas debatidas na Confecom

BRASÍLIA - Por sugestão do PT, a Assembleia Legislativa do Ceará aprovou, por unanimidade, a criação de um Conselho Estadual de Comunicação Social que terá como atribuição "orientar", "fiscalizar", "monitorar" e "produzir relatórios" sobre a atividade da imprensa local "nas suas diversas modalidades".

O conselho segue várias das propostas restritivas à liberdade de imprensa aprovadas pela Confecom (Conferência Nacional de Comunicação), realizada pelo governo federal no ano passado.

A Folha apurou que, com dificuldades para implementar nacionalmente medidas que visam o controle da mídia, o governo federal irá estimular que os Estados o façam. Assim, com a discussão instalada, haveria ambiente mais favorável à proposição de lei federal.

O diretor da Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), Luiz Roberto Antonik, considerou que o conselho visa censurar o trabalho da imprensa e informou que a entidade estuda as medidas judiciais cabíveis.

Abert e ANJ (Associação Nacional de Jornais), além de outras entidades, não participaram da Confecom por considerar que o evento tinha como propósito justamente discutir medidas de controle da imprensa.

O Conselho de Comunicação no Ceará será vinculado à Casa Civil e terá entre suas funções observar e produzir, semestralmente, relatórios sobre a produção e programação das emissoras de rádio e televisão locais; orientar e fiscalizar as atividades dos órgãos de radiodifusão sonora ou de imagem; implementar políticas de capacitação dos cidadãos para leitura crítica dos meios de comunicação, entre outras.

Como a criação do conselho é uma iniciativa que cabe ao Executivo estadual, o projeto dá aval para que o governador reeleito do Estado, Cid Gomes (PSB), o implemente.

O líder do governo na Assembleia, deputado Nelson Martins (PT), foi um dos defensores da ideia. "Temos uma cultura de denuncismo. Isso não é culpa do profissional, mas dos donos das empresas de comunicação."

PT tenta adotar no Ceará teses da Confecom sobre controle da mídia

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Projeto que cria Conselho de Comunicação Social foi aprovado na Assembleia por unanimidade e vai sanção do governador

Carmen Pompeu

Fortaleza - A Assembleia Legislativa do Ceará aprovou, por unanimidade, projeto que cria o Conselho de Comunicação Social do Estado (Cecs). Conforme o texto, o conselho vai integrar a Secretaria da Casa Civil do Estado, tendo por finalidade formular e acompanhar a execução da política estadual de comunicação, exercendo funções consultivas, normativas, fiscalizadoras e deliberativas.

De acordo com autora do projeto, deputada Rachel Marques (PT), a proposta foi formulada a partir das deliberações das conferências estaduais e da 1.ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom). "Na Confecom foi proposto que o conselho seja órgão integrante da Secretaria da Casa Civil do Estado e que seja formado pelo poder público, sociedade civil/usuários e empresários", justificou Rachel.

Programa de Dilma. Entre as resoluções aprovadas pela 1.ª Confecom, promovida por iniciativa do governo federal, estavam iniciativas patrocinadas por setores do PT, cujo objetivo é estabelecer o controle dos meios de comunicação. Suas teses chegaram a integrar o programa de governo da presidenciável petista, Dilma Rousseff, apresentado ao TSE por ocasião do registro de sua candidatura, mas foram retiradas.

Segundo Raquel, o objetivo da criação do conselho é formular e acompanhar a execução da política estadual de comunicação, dentro do que estabelece a Constituição sobre liberdade de expressão. Para entrar em vigor, ainda precisa ser sancionada pelo governador Cid Gomes (PSB).

O presidente do Sindicato dos Jornalistas do Ceará, Claylson Martins, disse que vai trabalhar para viabilizar a atuação do conselho, por meio de audiência a ser marcada com o governador Cid Gomes (PSB). A Câmara Municipal de Fortaleza também poderá propor a criação de um conselho municipal com as mesmas finalidades, segundo antecipou o vereador Acrísio Sena (PT).

Dialética :: Vinícius de Moraes

É claro que a vida é boa
E a alegria, a única indizível emoção
É claro que te acho linda
Em ti bendigo o amor das coisas simples
É claro que te amo
E tenho tudo para ser feliz
Mas acontece que eu sou triste...