DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
A petista Maria do Rosário defendeu, em posse, que o Estado reconheça suas responsabilidades pela morte de desaparecidos políticos na ditadura e que o Plano Nacional de Direitos Humanos da Era Lula, alvo de embate na campanha, avance
Tânia Monteiro
BRASÍLIA - Com um discurso forte, a deputada petista Maria do Rosário assumiu nesta segunda-feira, 3, a Secretaria de Direitos Humanos pedindo ao Congresso que aprove a formação da Comissão da Verdade e defendendo "o reconhecimento da responsabilidade do Estado pelas graves violações de direitos humanos com vista a não repetição do ocorrido". A nova ministra prometeu ainda implementar o Plano Nacional de Direitos Humanos 3, que foi fruto de polêmica, inclusive durante a campanha presidencial.
Na plateia, estava o ministro da Defesa, Nelson Jobim (PMDB), que ouviu Maria do Rosário homenagear os guerrilheiros que "empenharam suas vidas generosamente porque acreditavam na liberdade e na democracia". À ditadura, referiu-se como "período de exceção".
Maria do Rosário foi muito aplaudida ao apelar à Câmara para que aprove a Comissão da Verdade. "Devemos enfrentar as questões para caracterizar a consciente virada de página do momento da história". Mas recebeu tímidas palmas ao avisar que esta Comissão da Verdade não busca retaliar as Forças Armadas. "A constituição da Comissão da Verdade não se trata, jamais, de qualquer atitude de revanche, como disse, em seu discurso, a presidente Dilma."
"Estamos movidos pelo entendimento e até pelo reconhecimento que no Brasil de hoje, no Estado brasileiro, não há qualquer instituição contra a democracia", prosseguiu a nova ministra, tentando mostrar que não quer ter problemas no relacionamento com os militares, ela prosseguiu dizendo que "as Forças Armadas são parte da consolidação democrática deste Brasil e nas Forças Armadas há o desejo de trabalharmos de forma conjunta neste processo de consolidação da democracia".
Ao pedir a implementação do PNDH3, que desgastou o governo Lula e a campanha da petista Dilma Rousseff por defender temas como aborto e casamento homossexual, a ministra disse que "a hora é de avançar, de fazer ainda mais e melhor". Apesar de abordar temas polêmicos, adotou um tom conciliador, citando que o atual momento é de "diálogo" e sem retaliações.
Araguaia
Ela fez questão de citar ainda a recente definição da Corte Interamericana de Direitos Humanos, que entendeu que o Estado brasileiro tem uma dívida histórica no que diz respeito aos desaparecidos na Guerrilha do Araguaia. "Com total tranquilidade e unidade de pensamento e ação no Poder Executivo estaremos desenvolvendo ações que respondam às indicações desse organismo que integramos", disse a ministra, pedindo, ainda que os demais poderes da Republica, no exercício de suas funções constitucionais e preservada a independência e harmonia que nos caracteriza, analisem as questões apresentadas pela Corte Interamericana. Para a ministra, "passados quase 50 anos do início do período de exceção no Brasil, é chegada a hora de agirmos com objetividade".
Ao insistir na criação da Comissão da Verdade, afirmou que se trata de uma dívida brasileira.
Responsabilidades
Ao final da cerimônia, em entrevista, a ministra explicou o tom de seu discurso ao dizer que o Estado tem responsabilidade pelos mortos e desaparecidos políticos. "Esta é uma responsabilidade ampla. Não estamos personalizando, em procurando (culpar) um ou outro". E completou: "Estamos conciliando a nação brasileira". A ministra insistiu que o País "criou um jeito brasileiro de fazer um processo de reconhecimento dos fatos daquele período", acrescentando que Forças Armadas e sociedade civil, "fazem parte de um mesmo projeto nacional".
"Não há embates", disse ela, se contrapondo ao tempo que seu antecessor, Paulo Vanucchi, estava no cargo e criou inúmeros problemas para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Jobim
O ministro da Defesa, que ocupou a primeira fileira na cerimônia, aplaudiu Maria do Rosário e depois, em entrevista, ao ser questionado se a fase de embate entre Defesa e Direitos Humanos estava encerrada, disse que está trabalhando para "virar a página".
Indagado sobre algumas partes mais duras do discurso da ministra, que pediu o reconhecimento do Estado quanto aos mortos e desaparecidos políticos, minimizou: "É isso que está sendo feito. Tudo que ela diz está sendo feito. Estamos trabalhando por isso". Ele afirmou também que não se opõe à criação da Comissão da Verdade, justificando que participou da elaboração desse texto.
A petista Maria do Rosário defendeu, em posse, que o Estado reconheça suas responsabilidades pela morte de desaparecidos políticos na ditadura e que o Plano Nacional de Direitos Humanos da Era Lula, alvo de embate na campanha, avance
Tânia Monteiro
BRASÍLIA - Com um discurso forte, a deputada petista Maria do Rosário assumiu nesta segunda-feira, 3, a Secretaria de Direitos Humanos pedindo ao Congresso que aprove a formação da Comissão da Verdade e defendendo "o reconhecimento da responsabilidade do Estado pelas graves violações de direitos humanos com vista a não repetição do ocorrido". A nova ministra prometeu ainda implementar o Plano Nacional de Direitos Humanos 3, que foi fruto de polêmica, inclusive durante a campanha presidencial.
Na plateia, estava o ministro da Defesa, Nelson Jobim (PMDB), que ouviu Maria do Rosário homenagear os guerrilheiros que "empenharam suas vidas generosamente porque acreditavam na liberdade e na democracia". À ditadura, referiu-se como "período de exceção".
Maria do Rosário foi muito aplaudida ao apelar à Câmara para que aprove a Comissão da Verdade. "Devemos enfrentar as questões para caracterizar a consciente virada de página do momento da história". Mas recebeu tímidas palmas ao avisar que esta Comissão da Verdade não busca retaliar as Forças Armadas. "A constituição da Comissão da Verdade não se trata, jamais, de qualquer atitude de revanche, como disse, em seu discurso, a presidente Dilma."
"Estamos movidos pelo entendimento e até pelo reconhecimento que no Brasil de hoje, no Estado brasileiro, não há qualquer instituição contra a democracia", prosseguiu a nova ministra, tentando mostrar que não quer ter problemas no relacionamento com os militares, ela prosseguiu dizendo que "as Forças Armadas são parte da consolidação democrática deste Brasil e nas Forças Armadas há o desejo de trabalharmos de forma conjunta neste processo de consolidação da democracia".
Ao pedir a implementação do PNDH3, que desgastou o governo Lula e a campanha da petista Dilma Rousseff por defender temas como aborto e casamento homossexual, a ministra disse que "a hora é de avançar, de fazer ainda mais e melhor". Apesar de abordar temas polêmicos, adotou um tom conciliador, citando que o atual momento é de "diálogo" e sem retaliações.
Araguaia
Ela fez questão de citar ainda a recente definição da Corte Interamericana de Direitos Humanos, que entendeu que o Estado brasileiro tem uma dívida histórica no que diz respeito aos desaparecidos na Guerrilha do Araguaia. "Com total tranquilidade e unidade de pensamento e ação no Poder Executivo estaremos desenvolvendo ações que respondam às indicações desse organismo que integramos", disse a ministra, pedindo, ainda que os demais poderes da Republica, no exercício de suas funções constitucionais e preservada a independência e harmonia que nos caracteriza, analisem as questões apresentadas pela Corte Interamericana. Para a ministra, "passados quase 50 anos do início do período de exceção no Brasil, é chegada a hora de agirmos com objetividade".
Ao insistir na criação da Comissão da Verdade, afirmou que se trata de uma dívida brasileira.
Responsabilidades
Ao final da cerimônia, em entrevista, a ministra explicou o tom de seu discurso ao dizer que o Estado tem responsabilidade pelos mortos e desaparecidos políticos. "Esta é uma responsabilidade ampla. Não estamos personalizando, em procurando (culpar) um ou outro". E completou: "Estamos conciliando a nação brasileira". A ministra insistiu que o País "criou um jeito brasileiro de fazer um processo de reconhecimento dos fatos daquele período", acrescentando que Forças Armadas e sociedade civil, "fazem parte de um mesmo projeto nacional".
"Não há embates", disse ela, se contrapondo ao tempo que seu antecessor, Paulo Vanucchi, estava no cargo e criou inúmeros problemas para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Jobim
O ministro da Defesa, que ocupou a primeira fileira na cerimônia, aplaudiu Maria do Rosário e depois, em entrevista, ao ser questionado se a fase de embate entre Defesa e Direitos Humanos estava encerrada, disse que está trabalhando para "virar a página".
Indagado sobre algumas partes mais duras do discurso da ministra, que pediu o reconhecimento do Estado quanto aos mortos e desaparecidos políticos, minimizou: "É isso que está sendo feito. Tudo que ela diz está sendo feito. Estamos trabalhando por isso". Ele afirmou também que não se opõe à criação da Comissão da Verdade, justificando que participou da elaboração desse texto.
Vejamos o que disse o novo Ministro do GSI:
ResponderExcluirO Brasil não deve ficar olhando para trás e sim para frente, afirmou nesta segunda-feira o novo ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general José Elito Carvalho Siqueira, sobre a possibilidade de criação da Comissão da Verdade para investigar a violação de direitos humanos ocorrida durante o período da ditadura militar (1964-1985). O militar assumiu o cargo hoje.
"Não vamos ficar nós vendo situações do passado, pontuais, que não levam a nada. Temos que pensar para frente, na melhoria do nosso País para as nossas gerações e podemos estar perdendo tempo, espaço e velocidade se ficarmos sendo pontuais em situações isoladas do passado", disse.
Pela manhã, a nova ministra da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Maria do Rosário, defendeu a criação da comissão com o argumento de que "é mais do que chegada a hora" do País prestar esclarecimentos. "Como participante do Ministério da Defesa, como militar, o que eu posso dizer é que somos funcionários de Estado. O que o Estado determinar, cabe a nós cumprir e é isso que vamos fazer", afirmou o general.
O ministro-chefe do GSI disse ainda que o dia 31 de março de 1964 deve ser tratado como fato histórico. "O que é o 31 de março de 1964? Golpe, movimento 'a' ou 'b', não. O movimento de 1964, hoje, já faz parte da História. Da mesma forma que um dia falamos do 11 de junho, da Batalha de Riachuelo, do 7 de setembro, proclamação da Independência do Brasil. Hoje, se nossos filhos e netos forem estudar em uma escola vai estar lá o 31 de março como um fato histórico. Temos que ver o 31 de março como um dado histórico para a nação, seja com prós e contras, mas com um dado histórico. Da mesma forma os desaparecidos", afirmou.
O general José Elito Siqueira também falou que não há, inicialmente, intenção de fazer mudanças no comando da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). "Somo funcionários do Estado. Então, a tendência na Abin e em toda a GSI não é de mexer. Vamos, em princípio, manter as estruturas para termos continuidade no trabalho, mas, claro, sempre haverá em uma área ou outra alguma substituição, que é natural", disse.
http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI4871664-EI7896,00-Ministro+e+contra+investigacoes+de+abusos+cometidos+na+ditadura.html
GSI: para novo ministro, investigar ditadura é se deter ao passado. Vejam seu discurso:
ResponderExcluirO Brasil não deve ficar olhando para trás e sim para frente, afirmou nesta segunda-feira o novo ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general José Elito Carvalho Siqueira, sobre a possibilidade de criação da Comissão da Verdade para investigar a violação de direitos humanos ocorrida durante o período da ditadura militar (1964-1985). O militar assumiu o cargo hoje.
"Não vamos ficar nós vendo situações do passado, pontuais, que não levam a nada. Temos que pensar para frente, na melhoria do nosso País para as nossas gerações e podemos estar perdendo tempo, espaço e velocidade se ficarmos sendo pontuais em situações isoladas do passado", disse.
Pela manhã, a nova ministra da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Maria do Rosário, defendeu a criação da comissão com o argumento de que "é mais do que chegada a hora" do País prestar esclarecimentos. "Como participante do Ministério da Defesa, como militar, o que eu posso dizer é que somos funcionários de Estado. O que o Estado determinar, cabe a nós cumprir e é isso que vamos fazer", afirmou o general.
O ministro-chefe do GSI disse ainda que o dia 31 de março de 1964 deve ser tratado como fato histórico. "O que é o 31 de março de 1964? Golpe, movimento 'a' ou 'b', não. O movimento de 1964, hoje, já faz parte da História. Da mesma forma que um dia falamos do 11 de junho, da Batalha de Riachuelo, do 7 de setembro, proclamação da Independência do Brasil. Hoje, se nossos filhos e netos forem estudar em uma escola vai estar lá o 31 de março como um fato histórico. Temos que ver o 31 de março como um dado histórico para a nação, seja com prós e contras, mas com um dado histórico. Da mesma forma os desaparecidos", afirmou.
O general José Elito Siqueira também falou que não há, inicialmente, intenção de fazer mudanças no comando da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). "Somo funcionários do Estado. Então, a tendência na Abin e em toda a GSI não é de mexer. Vamos, em princípio, manter as estruturas para termos continuidade no trabalho, mas, claro, sempre haverá em uma área ou outra alguma substituição, que é natural", disse.
http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI4871664-EI7896,00-Ministro+e+contra+investigacoes+de+abusos+cometidos+na+ditadura.html