Raul Jungmann, ex-deputado-federal – Entrevista
O ex-deputado Raul Jungmann (PPS-PE), que se despede da Câmara após dois mandatos, vê no clientelismo a chave para entender as resistências de parlamentares às pressões da sociedade por menos privilégios e por mais transparência no Congresso.
É viável esperar que o Congresso elimine seus próprios privilégios?
Fiz parte de uma frente que lutou muito contra esses privilégios, e tivemos algumas vitórias. Por exemplo, contestamos no Supremo Tribunal Federal a concessão de aumento salarial para os deputados sem votação no plenário, e vencemos. Mas a corporação é fortíssima. Nosso grupo era, de forma jocosa e pejorativa, chamado pelos demais deputados de bancada dos éticos, dos honestos.
Os parlamentares são sensíveis às novas formas de manifestação do eleitorado, como as redes sociais?
Existem dois tipos de mandato, o do deputado de opinião e o do que sobrevive graças ao governo. O deputado de opinião é sensibilíssimo à opinião pública. Os outros estão se lixando para isso, pois se reproduzem através das emendas, dos cargos. Esses têm eleitores altamente vulneráveis, que dependem de uma atuação clientelista. O parlamentar governista se reproduz através do dinheiro que pega do governo e que repassa para sua clientela. Em geral é um bem individualizado: eu lhe dou uma laqueadura, um emprego, e você me dá o voto.
É um eleitorado que não cobra posturas éticas?
Quem sofre pressão e controle nesse sentido é o deputado urbano, de opinião, ligado a causas. Para quem se elege lá em Guaxupé de Dentro, isso não existe. É por isso que há parlamentares que foram líderes com Collor, com Fernando Henrique, com Lula, com Dilma. Para eles não tem ideologia, só não podem é deixar de ser governo, porque aí estão mortos.
E a questão da corrupção?
Quem vive pendurado nas tetas do governo precisa de opacidade, não de transparência. Em alguns casos, do dinheiro que o parlamentar repassa para a ponte, para a quadra poliesportiva, um pedaço fica para ele, para fazer caixa de campanha. Transparência para ele não é negócio. Não digo que os parlamentares de opinião sejam todos santos, mas eles precisam ter compromisso com transparência porque a base exige.
FONTE: O ESTDO DE S. PAULO
O ex-deputado Raul Jungmann (PPS-PE), que se despede da Câmara após dois mandatos, vê no clientelismo a chave para entender as resistências de parlamentares às pressões da sociedade por menos privilégios e por mais transparência no Congresso.
É viável esperar que o Congresso elimine seus próprios privilégios?
Fiz parte de uma frente que lutou muito contra esses privilégios, e tivemos algumas vitórias. Por exemplo, contestamos no Supremo Tribunal Federal a concessão de aumento salarial para os deputados sem votação no plenário, e vencemos. Mas a corporação é fortíssima. Nosso grupo era, de forma jocosa e pejorativa, chamado pelos demais deputados de bancada dos éticos, dos honestos.
Os parlamentares são sensíveis às novas formas de manifestação do eleitorado, como as redes sociais?
Existem dois tipos de mandato, o do deputado de opinião e o do que sobrevive graças ao governo. O deputado de opinião é sensibilíssimo à opinião pública. Os outros estão se lixando para isso, pois se reproduzem através das emendas, dos cargos. Esses têm eleitores altamente vulneráveis, que dependem de uma atuação clientelista. O parlamentar governista se reproduz através do dinheiro que pega do governo e que repassa para sua clientela. Em geral é um bem individualizado: eu lhe dou uma laqueadura, um emprego, e você me dá o voto.
É um eleitorado que não cobra posturas éticas?
Quem sofre pressão e controle nesse sentido é o deputado urbano, de opinião, ligado a causas. Para quem se elege lá em Guaxupé de Dentro, isso não existe. É por isso que há parlamentares que foram líderes com Collor, com Fernando Henrique, com Lula, com Dilma. Para eles não tem ideologia, só não podem é deixar de ser governo, porque aí estão mortos.
E a questão da corrupção?
Quem vive pendurado nas tetas do governo precisa de opacidade, não de transparência. Em alguns casos, do dinheiro que o parlamentar repassa para a ponte, para a quadra poliesportiva, um pedaço fica para ele, para fazer caixa de campanha. Transparência para ele não é negócio. Não digo que os parlamentares de opinião sejam todos santos, mas eles precisam ter compromisso com transparência porque a base exige.
FONTE: O ESTDO DE S. PAULO
O deputado Raul Jungmann fará muita falta ao Congresso Nacional, por sua inteligência e independência, e de quem não poderíamos esperar outra expressão senão a lapidar:"quem vive nas tetas do governo gosta de opacidade, não de transparência", pois tem autoridade moral atestada em sua performace parlamentar e, também, no executivo. Rodolpho Varella
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