terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Aécio defende recondução de Guerra no PSDB

O ex-governador Aécio Neves (PSDB-MG) defendeu ontem a manifestação feita pela bancada do partido na Câmara dos Deputados em apoio à recondução do presidente da legenda, Sérgio Guerra (PE). Ele divergiu do colega de bancada no Senado Federal, Aloysio Nunes Ferreira, aliado do ex-governador José Serra. "O que vi foi algo natural, uma manifestação da bancada. Não existiam, ao menos que eu soubesse, outras postulações", afirmou Aécio.

Ferreira, por sua vez, condenou a articulação a favor de Guerra. "Colocaram o carro adiante dos bois. A eleição será só em maio. Temos que discutir primeiro que linha de oposição vamos adotar. Depois, haverá ainda a escolha dos diretórios municipais [março] e estaduais [abril]. Temos um processo a ser cumprido", disse.

O paulista não defendeu abertamente que Serra presida o PSDB, mas disse que ele precisa participar da discussão sobre o comando da legenda. "O PSDB tem o dever de ter em sua direção seus maiores quadros, com grande capacidade de trabalho e de ideias. Evidentemente, Serra é um deles. Ele tem que estar nesse processo", afirmou.

Nos bastidores do PSDB, a ala serrista defende que o ex-candidato a presidente (em 2002 e em 2010) seja eleito presidente do partido, para ocupar espaço de destaque na liderança da oposição ao governo Dilma Rousseff até 2014. Pela estratégia, Serra se fortaleceria para disputar novamente a Presidência da República ou o governo de São Paulo, num eventual acordo com o governador Geraldo Alckmin.

Aécio, no entanto, está decidido a não abrir mão novamente de disputar a Presidência. Para isso, seus aliados trabalham desde já para impedir que Serra comande o PSDB. "Não há uma inversão da ordem. Isso vai ser resolvido em maio. Temos que compreender que o grande ativo que temos é a nossa unidade. Ela é que nos permitirá construir um processo alternativo ao Brasil", afirmou.

Para Aécio, as questões internas do partido "vão ser decididas a seu tempo". Agora, segundo ele, é hora de definir "a qualificação da oposição" que o PSDB e seus aliados farão ao governo. Uma oposição qualificada. E essas questões internas vão ser decididas a seu tempo.

"O papel da oposição tem que ser propósito, além do papel fiscalizador que nós exerceremos com toda profundidade. Faremos uma oposição sem adjetivos. Oposição, que é o papel que as urnas destinaram ao PSDB, ao DEM e ao PPS", disse Aécio, defendendo que as oposições apresentem uma agenda para o país, de cinco ou seis grandes tema para serem discutidos no Congresso.

Ferreira também defendeu que a oposição apresente uma agenda para o país, embora cada um dê um tom diferente para o que considera ser o papel da oposição. O assunto foi discutido ontem na primeira reunião da nova bancada do PSDB.

"Oposição tem que ser dura, firme. Tem o dever de ser a voz que cobra, que denuncia quando é o caso, que fiscaliza, que exprime o ponto de vista daqueles que discordam do governo, do seu rumo. E oposição também tem obrigação propor uma agenda para o país, temas para a opinião pública. O importante é termos consciência de que o dever que nos foi conferido pelo eleitorado é ser oposição e atuarmos como tal", disse o tucano paulista.

Aécio não fala em cobrança ou denúncia. Fala em "uma ação eficiente a favor do Brasil" e qualificar a oposição, embora numericamente menor do que na legislatura passada. Da agenda da oposição, deve constar, segundo o mineiro, o fortalecimento e a reorganização da federação, com ações objetivas para ajudar a aumentar a arrecadação dos municípios e dos Estados.

"Não é mais possível que o governo federal continue fazendo bondades com chapéu alheio, dando isenção de impostos, que interfiram na já precária arrecadação dos municípios e dos estados", disse. Aécio também citou a reforma política e defendeu que "setores do governo" no Congresso participem da discussão dessa agenda.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

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