terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Aécio prega reação contra massacre da oposição

Senador defende que PSDB, DEM e PPS se unam em torno de propostas e levantem debates sobre educação e segurança

Adriana Vasconcelos

BRASÍLIA. O senador Aécio Neves (PSDB-MG) aproveitou ontem a primeira reunião da nova bancada tucana, que reconduziu o paranaense Álvaro Dias à liderança, para pregar a unidade e ditar novos rumos para a oposição. Para evitar que os oposicionistas sofram "um massacre do governo", Aécio propõe que PSDB, DEM e PPS apresentem dentro de 30 a 60 dias, no máximo, uma agenda legislativa com quatro ou cinco temas de grande apelo popular, que possam também sensibilizar setores da base governista.

Uma das sugestões é que os tucanos encampem uma das principais bandeiras dos municípios, impedindo que o governo federal faça cortesia com chapéu alheio, ao anunciar isenções tributárias que penalizem as receitas municipais:

- Temos de qualificar a oposição, se não vamos ser massacrados. Essa é a única forma de nos contrapormos ao rolo compressor. Há, por exemplo, um vácuo na relação dos partidos com os municípios. E temos uma grande chance de estreitarmos nosso relacionamento com os municípios, se adotarmos uma agenda federativa - disse Aécio.

Outro tema sugerido por Aécio para integrar a agenda da oposição é a educação. O senador mineiro lembra que o Chile foi bem sucedido na negociação de um pacto educacional. Na sua opinião, a segurança pública também é um assunto de grande interesse da sociedade, que pode mobilizar até os governistas, desde que a oposição apresente propostas de efeito imediato, como a proibição do contingenciamento de recursos do Fundo Penitenciário.

Aécio conclama ainda seus colegas oposicionistas a incluir na sua lista de prioridades uma proposta que assegure a melhora do estado de conservação das estradas federais, além das reformas estruturantes.

Aécio advertiu, porém, que nenhuma ação da oposição terá sucesso sem que haja uma unidade interna. Minimizando o clima de mal estar registrado dentro do PSDB na semana passada, ele fez um alerta:

- Chego com serenidade ao Senado para amalgamar a oposição. Somos um grupo político, e só com unidade vamos conseguir nos contrapor ao governo. Estou confiante de que o PSDB saberá discutir seu destino. É hora de baixar a bola.

ACM Neto é escolhido líder do DEM

O senador Aluizio Nunes (PSDB-SP), porém, reforçou as críticas à iniciativa da bancada do PSDB na Câmara de apoiar a recondução do senador Sérgio Guerra (PE) à presidência do partido. Na opinião de Nunes, esse gesto atrapalhou as articulações que o ex-governador José Serra vinha fazendo nos bastidores para se lançar candidato ao comando da legenda:

- Acho que colocaram o carro na frente dos bois. Foi uma precipitação. O PSDB deve discutir essa questão melhor e escolher seus melhores quadros para representá-lo, aqueles com mais capital político - disse o senador paulista.

Para Aécio, a iniciativa da bancada da Câmara foi natural, assim como a do Senado, que indicou o ex-senador Tasso Jereissati (CE) para a presidência do Instituto Teotônio Vilela:

- O grande ativo que não podemos perder é a nossa unidade, pois só ela nos possibilitará que possamos apresentar um projeto alternativo para o país - afirmou o mineiro.

Aécio descartou a possibilidade de disputar o comando do PSDB. E destacou que uma de suas prioridades este ano será ajudar na aprovação de uma reforma política. Ele criticou, contudo, a proposta que vem ganhando força entre os governistas, para que seja incluído no texto dessa reforma uma janela que permita o troca-troca partidário. Essa manobra viabilizaria o ingresso de alguns oposicionistas na base do governo, como o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, do DEM.

- Não é por aí que se começa uma reforma política. O casuísmo não é um bom caminho para se iniciar essa reforma - disparou.

Também com problemas internos, a bancada do DEM na Câmara elegeu ontem, por 27 votos a 16, o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (BA) como líder da bancada, impondo uma derrota a Kassab. O prefeito paulistano apoiava Eduardo Sciarra (PR). A vitória de ACM Neto reforça a estratégia do atual presidente do partido, deputado Rodrigo Maia (RJ), de manter seu grupo no comando da legenda, na convenção nacional marcada para março.

FONTE: O GLOBO

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