terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Inflação alta faz governo gastar mais com juros da dívida pública

Despesa somou R$ 19,54 bilhões no mês passado, o mais alto volume mensal da série histórica do BC

Adriana Fernandes e Fabio Graner

A alta da inflação fez um grande estrago nas contas públicas, elevando fortemente a despesa com juros do setor público. De acordo com os dados divulgados ontem pelo Banco Central (BC), a despesa com encargos financeiros da dívida pública somou no mês passado R$ 19,54 bilhões, o volume mais alto para qualquer mês na série histórica do BC, que teve início em 2001.

Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, os índices de preços mais salgados fizeram o custo da dívida subir, principalmente quando se compara com igual período do ano anterior (2009).

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo, por exemplo, passou de 0,37% em dezembro de 2009 para 0,63% no último mês de 2010. Já o Índice Geral de Preços de Mercado passou de uma deflação de 0,26% para uma inflação de 0,69%, na mesma base de comparação. Esses dois índices são a referência de quase 30% da dívida líquida do setor público.

No resultado acumulado em 2010, o gasto com juros da dívida foi de R$ 195,37 bilhões, maior valor nominal da série. Mas, em relação ao tamanho da economia, a conta ficou em 5,34% do Produto Interno Bruto (PIB), que foi o menor nível da mesma série, embora seja apenas ligeiramente inferior aos 5,37% do PIB registrados em 2009.

A aparente contradição da conta de juros em 2010 é explicada porque em valores nominais a tendência do gasto com juros é de crescimento, porque, como o Brasil não consegue economizar o suficiente para pagar os encargos sobre a dívida, ela sempre cresce ao longo do tempo, puxando a despesa com juros. Por isso, o técnico do BC pondera que a melhor avaliação é a que considera o gasto e o tamanho da dívida em relação ao PIB. E nesses indicadores, a situação se mostra mais favorável.

Dívida Líquida. De acordo com os números do BC, a relação entre a dívida líquida do setor público (que considera débitos e créditos dos governos e suas empresas) e o PIB fechou o ano passado em 40,4%. Apesar de ter subido em relação a novembro, esse indicador encerrou 2010 bem abaixo dos 42,8% de dezembro de 2009. Considerando um esforço fiscal maior para este ano, Lopes avalia que a relação dívida líquida/PIB cairá ainda mais, para 37,8%.

Enquanto espera redução da dívida líquida, o BC trabalha com um cenário de estabilidade no indicador do endividamento bruto do País (que considera apenas os débitos que o governo federal, Estados e municípios têm a pagar). A chamada dívida bruta do governo geral fechou 2010 em 55% do PIB, o nível mais baixo da série.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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