quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Itamar constrange Sarney

Ex-presidente denuncia desrespeito ao regimento interno do Senado

Adriana Vasconcelos e Cristiane Jungblut

BRASÍLIA. No seu melhor estilo de fazer politica com o fígado, o ex-presidente e hoje senador Itamar Franco (PPS-MG) mostrou ontem que será uma pedra incômoda no caminho do governo, mesmo como único representante de seu partido no Senado. Ao apresentar três questões de ordem para tentar anular votação de urgência do projeto do salário mínimo, na véspera, Itamar provocou constrangimentos ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), ao denunciar que o regimento interno da Casa havia sido atropelado pela maioria governista.

Sarney primeiro tentou apelar para a "amizade" antiga com Itamar. Piorou, porque Itamar alertou que era uma discussão institucional. Sarney ficou ainda mais sem graça e não escondia o nervosismo:

- Vossa excelência (Sarney) descumpriu o regimento. Então, se vai sempre descumprir quando lhe interessar ou quando interessar à maioria desta Casa, vai ser difícil nós nos calarmos aqui - reclamou Itamar, citando que o regimento determinava que o requerimento de urgência não poderia ter sido lido durante a ordem do dia do Senado e sem o aval de todos os líderes partidários.

Sem argumento e constrangido por ter sido flagrado no erro, Sarney tentou argumentar:

- Senador Itamar Franco, o regimento não é impositivo. Eu acho que não há, como eu disse a vossa excelência, nenhum prejuízo no fato do requerimento ter sido lido antes ou durante a ordem do dia.

Mas Itamar retrucou:

- Mas, então, para que o regimento? Vai ficar ao arbítrio? Senhor presidente, vou respeitar, mas continuo dizendo que houve uma infringência e gostaria que os anais registrassem isso bem. Houve, houve e houve uma infringência ao regimento da Casa!

Logo em seguida, Itamar levou o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), a admitir da tribuna que o valor de R$545 definido pela equipe econômica para o mínimo está longe de atender a todas as necessidades do trabalhador, como preconiza a Constituição.

FONTE O GLOBO

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