quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Janeiro teve a maior inflação desde 2005

Aumentos em transporte urbano, alimentos e serviços puxaram a inf1ação para 0,83% em janeiro, a maior taxa em seis anos. No Rio, as chuvas na serra fizeram até triplicar preços, como o do chuchu.

Inflação sobe 0,83%, a maior alta desde 2005, puxada por transportes e serviços

Taxa é igual à de novembro. Alimentos perdem fôlego, mas ainda sobem 1,16%

Henrique Gomes Batista

O forte reajuste no transporte urbano em algumas capitais e a pressão nos preços dos serviços se juntaram à alta dos alimentos e aceleraram o índice oficial de inflação do país, o IPCA. De acordo com o IBGE, ele apresentou alta de 0,83% em janeiro, acima dos 0,63% de dezembro e do registrado em janeiro do ano passado, quando a variação foi de 0,75%. O IPCA do mês passado repetiu o patamar registrado em novembro, alta de 0,83%, a maior variação desde abril de 2005, quando a inflação mensal foi de 0,87%.

Com isso, o IPCA acumulado em 12 meses fechou janeiro em 5,99%. Especialistas indicam que a inflação no mês passado veio dentro do esperado e que este alto patamar deve se repetir em fevereiro, quando alguns esperam que o IPCA suba mais de 1%, puxado pelas mensalidades escolares.

Para IBGE, alta em serviços reflete demanda maior

A alta na tarifa de ônibus urbano em São Paulo, Recife, Salvador e Belo Horizonte fez com que o grupo transporte respondesse com 0,29 ponto percentual do IPCA, superando os alimentos, que contribuíram com 0,27 ponto percentual no mês passado. A inflação dos serviços também acelerou e a contribuição do grupo passou de 0,12 ponto percentual em dezembro de 2010 para 0,18 ponto percentual em janeiro.

- Com o aumento da renda dos brasileiros, há uma elevação na demanda que chega aos preços dos serviços. Os preços administrados também subiram, puxados pela alta do transporte público, o que teve impacto muito forte no bolso dos brasileiros - afirmou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de índices de inflação do IBGE.

No caso dos serviços, pressionou o reajuste dos empregados domésticos (alta de 0,91%), aluguel (alta de 1,23%) e condomínio (1,27%). Juntos, estes três itens contribuíram com 0,09 ponto percentual do total do IPCA, ou mais 10% da inflação de janeiro.

Mantega diz que inflação vai diminuir "em março ou abril"

A alta dos alimentos, mesmo com as chuvas de janeiro que prejudicaram produtores do Rio, São Paulo e Minas Gerais, foi menor agora. Segundo o IBGE, o aumento do grupo foi de 1,16% em janeiro, contra alta de 1,32% em dezembro. O aumento no preço dos produtos hortifrutigranjeiros, mais afetados pelas chuvas, foram compensados pela queda nos preços das carnes e no feijão, produtos de maior impacto na inflação. As hortaliças apresentaram alta de 15,57% em janeiro. As carnes apresentaram queda de 0,19% no mês passado, embora ainda acumulem alta de 27,27% nos últimos 12 meses. O preço do feijão carioca caiu 15,02%, embora a alta acumulada em 12 meses ainda seja de 37,43%.

Para o professor Alcides Leite, da Trevisan Negócios, a inflação veio dentro do esperado e continuará em um patamar elevado em fevereiro:

- Apenas em março vamos começar a sentir as políticas do governo para reduzir a inflação, como o aumento dos juros, as restrições ao crédito ou o novo pacote de ajuste fiscal com cortes no orçamento federal.

Eduardo Velho, economista-chefe da Prosper Corretora, afirma que o resultado do IPCA já era esperado e que em fevereiro a inflação poderá passar de 1%:

- Mantenho minha previsão de inflação no ano de 5,4% e de que o BC só aumentará a Selic até 12,75% ao ano. O governo não admite, mas não quer uma queda muito rápida da inflação, nos parece que mira a meta de 4,5% do IPCA apenas para 2012, para não afetar o crescimento.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que o resultado do IPCA já era esperado. Segundo ele, o índice ficou elevado porque combinou os preços de commodities, em alta no mercado internacional, com uma pressão sazonal provocada por transportes e educação.

- Não é um problema do Brasil - disse, acrescentando que as commodities devem cair ou se estabilizar nos próximos meses. - Acredito que a tendência é arrefecer essa inflação. Em março ou abril, vocês vão ver esse índice diminuindo.

FONTE: O GLOBO

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