quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Na distribuição de cargos, Dilma vai tratar 'dissidentes como dissidentes'

O SALÁRIO DA DISCÓRDIA

Aliados recebem recado sobre castigo para quem votar contra o governo

Gerson Camarotti e Isabel Braga

BRASÍLIA. Na véspera da votação do salário mínimo, o Palácio do Planalto decidiu jogar pesado com os aliados para demarcar a base governista na Câmara dos Deputados. O objetivo é mapear o tamanho real dos votos dos deputados que será usado como critério no loteamento político dos cargos de 2º e 3º escalões.

Ontem, deputados da base receberam o recado de que a presidente Dilma Rousseff passaria a tratar "os dissidentes como dissidentes". Ou seja, haveria nomes de afilhados políticos vetados para cargos no governo. No Palácio do Planalto, a postura "vacilante" do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que se negou a defender a posição do governo, pegou muito mal. O governo queria um enquadramento do PDT, o que não aconteceu.

Ontem, ministros com filiação partidária iniciaram uma grande mobilização com as respectivas bancadas por determinação de Dilma. O governo avalia que, se na primeira votação importante flexibilizar nas negociações e sair enfraquecido, perderá autoridade e ficará refém do Congresso Nacional pelos próximos quatro anos.

Por isso, a ordem é demarcar autoridade. Ontem, o líder do governo, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), repassou para as lideranças aliadas a postura palaciana de cobrar fidelidade. Alguns partidos estão se sentindo até constrangidos diante da pressão pesada de Vaccarezza. Mas, no fim do dia, o líder do governo demonstrava confiança.

- Se o governo não tivesse endurecido, a situação seria outra. Vamos ganhar essa votação com uma margem segura - disse Vaccarezza.

Num acordo com os líderes na Câmara, com aval do Planalto, foi decidido que a votação será nominal. Isso porque os líderes governistas desejam o registro de cada um dos deputados para saber quem apoia o governo e quem preferiu dar o troco ou jogar para a plateia numa matéria considerada fundamental.

O deputado e presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), foi procurado pelo ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho.

Segundo Paulinho, Carvalho enfatizou que a votação não é a guerra, mas uma batalha, e que o governo quer discutir com as centrais a política de aumento dos aposentados que ganham acima do mínimo, fator previdenciário, correção da tabela do Imposto de Renda.

- Eu, então, perguntei: querem discutir ou impor? Porque, se for para propor a correção de 4,5% para o IR, não nos chamem. Vão chamar para quê? Anunciem. Nossa queda de braço é com o modelo econômico do governo Dilma. Se for assim apenas no começo, tudo bem. Mas nós sabemos que o mercado é insaciável - disse Paulinho.

FONTE : O GLOBO

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