sábado, 5 de março de 2011

Lá Vem o Patto! ::Urbano Patto

Voltou à tona, como todo início de nova legislatura na Câmara Federal após a promulgação da Constituição da República de 1988, a tal da reforma política.

Não bastasse tratar-se de uma situação totalmente representativa do que se pode configurar como “legislar em causa própria”, a comissão que cuidará do assunto terá como membros proeminentes, Paulo Maluf, Newton Cardoso, Valdemar Costa Neto, Eduardo Azeredo, Collor, políticos sobejamente conhecidos, ou suscetíveis à Lei da Ficha Limpa, ou “mensaleiros” ou réus em processos de corrupção eleitoral ou coisas parecidas, ou seja, aquilo que se costuma chamar de fichas-sujas, no mínimo, fichas meio-encardidas.

É constrangedora e contraditória essa situação, beirando até a imoralidade, mas não é ilegal.

O pior é saber é que estão lá por inação, irresponsabilidade e subterfúgios na Justiça, que no alto da sua torre de marfim e inebriada pelo juridiquês fluente, dá mais valor aos detalhes formais e chicanas processuais, do que ao mérito das ações e aos fatos. E assim, sem punição, os citados fichas-manchadas chegam onde estão por delegação expressa dos eleitores através das votações obtidas em campanhas também caríssimas - como seus advogados.

Não é uma questão de moralismo, ou udenismo, como costumam dizer no meio político, mas as fronteiras da coerência e da razoabilidade estão sendo explodidas. Está difícil separar o que é real do que é fantasia, o que é notícia do que é piada.

É notícia? O deputado Tiririca foi indicado membro da Comissão de Educação.

É piada? O deputado Tiririca foi indicado membro da Comissão de Educação.

Não que eu não deseje ou espere que o deputado não faça um bom trabalho na comissão. Torço para que tenha uma boa assessoria, se esforce e consiga surpreender a todos, afinal é seu primeiro mandato. Votos ele teve, e muitos.

Diferentemente desse caso do deputado Tiririca, que ainda recebe o benefício da dúvida, é maior a certeza de que os políticos citados no início do artigo, que participam da comissão da reforma política, com todo estudo, experiência e folha corrida acumulados, dificilmente conseguirão surpreender positivamente alguém, pois sua meta única e sempre bem fundamentada por assessores competentísssimos, é a sua própria sobrevivência política e a contínua reprodução de outros da sua espécie.

Urbano Patto, Arquiteto Urbanista e Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional, membro do Conselho de Ética do Partido Popular Socialista -PPS- do Estado de São Paulo. Comentários, sugestões e críticas para urbanopatto@hotmail.com.

FONTE: JORNAL DA CIDADE/ PINDAMONHANGABA/SP

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