sexta-feira, 1 de abril de 2011

Acordos facilitam volta ao trabalho no PAC

Depois de rebeliões e quebra-quebra, diversos acordos firmados ontem abrem caminho para a volta ao trabalho em grandes obras no país. Em Porto do Açu, projeto de Eike Batista, a greve acabou quando a empresa aceitou dar plano de saúde, pagar 30% de adicional de periculosidade e equiparar os salários dos trabalhadores aos do Superporto Sudeste. Na usina de Santo Antônio, CUT e Odebrecht mais tempo concordaram em 5% de reajuste, 5 dias de folga a cada 90 dias para que os trabalhadores visitem as famílias, além de aumento do valor da cesta básica. A proposta vai a assembleia. Em Jirau, para liberar a obra, a Justiça do Trabalho exige indenização de R$ 500 para cada operário que teve seus pertences destruídos na rebelião.

Com acordos, obras de usina e porto podem voltar

Mônica Tavares, Cássia Almeida, Danielle Nogueira e Aloysio Balbi

BRASÍLIA, RIO, CAMPOS e FORTALEZA. Após dias de greves, quebra-quebra e bloqueio de estradas, grandes obras de infraestrutura no país começam a ser retomadas. Ontem, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Odebrecht fecharam um acordo, em reunião no Palácio do Planalto, que poderá decidir a volta ao trabalho na hidrelétrica de Santo Antonio, no Rio Madeira, em Rondônia. As propostas serão votadas pelos operários em assembleia na próxima segunda-feira. A Justiça do Trabalho de Rondônia, por sua vez, decidiu, depois de inspeção no canteiro de obras da hidrelétrica de Jirau - também no Rio Madeira - não embargar a obra, mas a construção só poderá ser retomada no dia 11 de abril, se uma série de condições acordadas forem cumpridas.

No Estado do Rio, as obras do Porto do Açu, do grupo de Eike Batista, também foram retomadas no fim do dia de ontem, depois de firmado acordo entre funcionários e a empresa responsável pelo terminal. E, no Ceará, a construção da usina termelétrica de Pecém, que pertence às empresas EDP e MPX, também do grupo de Eike, está a pleno vapor desde segunda-feira, após paralisação de 12 dias.

As obras da usina de Santo Antonio, um dos principais projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), estavam paradas desde 18 de março. Na reunião no Planalto ontem, foi acertada a antecipação de 5% de reajuste salarial a partir de hoje (a data-base da categoria é 1º de maio) e cinco dias de folga a cada 90 dias para os trabalhadores que moram fora (antes era a cada quatro ou cinco meses), com bilhete de ida e volta. E em abril haverá a antecipação de 20% do valor da cesta básica, de R$110 para R$132, segundo o presidente da CUT, Artur Henrique.

Operários de obra do Eike conseguem 30% de adicional

Pesou também nas negociações a determinação da Justiça, de quarta-feira passada, pela qual, se os trabalhadores não voltassem ao trabalho, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de Rondônia (Sticcero) teria que pagar multa diária de R$200 mil.

No caso de Jirau, para liberar a obra, a Justiça do Trabalho exige indenização de R$500 para cada operário que teve seus pertences destruídos na rebelião até a próxima quarta-feira. Além disso, a Camargo Corrêa terá que recompor a lan-house e as farmácias destruídas na rebelião até a próxima sexta-feira. Por enquanto, só estão permitidas obras de reconstrução do canteiro. "Caso a empresa Camargo Corrêa atenda todos os prazos, estará liberada para retomar de forma gradual as suas atividades normais de produção a partir de 11 de abril de 2011, após inspeção por parte da Superintendência Regional do Trabalho (SRT) a ocorrer no dia 8 de abril de 2011", diz o acordo assinado pelas representantes da Camargo Corrêa, a Justiça, o Ministério Público do Trabalho e a SRT.

No Porto do Açu, foi feito um acordo entre a LLX - braço logístico do grupo de Eike, a ARG, construtora responsável por parte da obra, e o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil do Norte Fluminense. Segundo o presidente do sindicato, José Carlos Eulálio, todas as reivindicações foram atendidas, entre elas o pagamento integral do reajuste salarial de 2010 (só haviam sido repassados 7,5% dos 10% acertados) e do adicional de 30% de periculosidade. Os salários também serão equiparados aos dos trabalhadores do Porto Sudeste, outro empreendimento do grupo de Eike, em Itaguaí, e os funcionários terão direito a plano de saúde.

Em Pecém, no Ceará, os operários conseguiram reajuste salarial de 9,36% e alta de 20,2% na ajuda de custo (de R$208 para R$250).

Colaborou Isabela Martin

FONTE: O GLOBO

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