quinta-feira, 9 de junho de 2011

Dilma demitiu Palocci na hora certa, diz Lula

O ex-presidente Lula disse ontem que Dilma Rousseff "tem autoridade" e agiu "no momento certo" ao demitir Antonio Palocci da Casa Civil.

Ele, que evitou falar do caso em público, atuou nos bastidores e negociou a demissão com a presidente.

A declaração de Lula contradiz a versão oficial de que Palocci decidiu abrir mão do cargo para proteger Dilma.

Dilma demitiu Palocci no "momento certo", diz Lula

Ex-presidente defende afastamento e escolha de senadora para Casa Civil

Petista tentou primeiro convencer sucessora a manter ministro no cargo, mas depois aprovou sua decisão

Bernardo Mello Franco e Valdo Cruz

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem a demissão do ex-ministro Antonio Palocci, que chefiou a Casa Civil nos primeiros cinco meses do governo Dilma Rousseff. Ele afirmou que Dilma agiu "no momento certo", deixando claro que a decisão de sair do governo não foi de Palocci.

"É sempre triste tirar um companheiro. Eu tive que tirar companheiros, e é um sofrimento muito grande. Mas acho que a presidente tem autoridade e fez no momento certo", disse o petista.

A declaração contraria a versão oficial de que Palocci teria decidido abrir mão do cargo para proteger Dilma.

O ex-ministro entregou carta de renúncia à presidente e disse ontem, no discurso de despedida, que saía para preservar o diálogo do governo com a sociedade.

Sobre a escolha da nova ministra Gleisi Hoffmann, senadora novata do PT paranaense, Lula foi conciso: "Se a companheira Dilma escolheu, está certa."

Dilma levou 23 dias para demitir o aliado desde que a Folha revelou o aumento do seu patrimônio, multiplicado por 20 em quatro anos. Durante as mais de três semanas de agonia, Palocci se recusou a divulgar a lista de clientes que teria atendido como consultor.

Lula quebrou o silêncio sobre o caso ontem à noite, antes de dar palestra remunerada a convidados da fabricante de embalagens Tetrapak, em São Paulo.

Ele evitava declarações à imprensa, mas agiu intensamente nos bastidores e negociou com Dilma os termos da demissão de Palocci.

As conversas de Dilma e Lula ocorreram em duas etapas, no fim de semana e na segunda-feira. A princípio, o ex-presidente avaliava que Dilma deveria tentar manter Palocci caso a Procuradoria-Geral da República arquivasse as denúncias contra ele.

Ele já havia trabalhado por Palocci na semana retrasada, quando foi a Brasília para se reunir com aliados.

No telefonema de segunda-feira, porém, Dilma disse a Lula que não podia mais manter Palocci na sua equipe diante do desgaste que ele estava provocando no seu governo. Lula, então, elogiou a escolha de Gleisi.

A atuação ostensiva do ex-presidente na crise gerou críticas a Dilma pela suposta existência de duplo comando no Palácio do Planalto.

Após as reações, ela pediu ao aliado que se afastasse da capital nesta semana, na qual daria desfecho à crise.

Atendendo a essa estratégia, Lula programou compromissos em outras cidades nos dias finais de Palocci.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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