terça-feira, 21 de junho de 2011

Oposição quer explicação de Cabral por ligação com empreiteiros

Piloto de helicóptero atuou como doleiro na década de 90

Cabral viajou para Bahia em jato de Eike Batista

Marcelo Mattoso de Almeida, que pilotava o helicóptero que caiu em Trancoso, na Bahia, atuou como doleiro no Rio de Janeiro nos anos 90. Nessa época, após fazer fortuna, Mattoso foi obrigado a se mudar para Miami, nos Estados Unidos. Ele alugou uma supermansão do tenista tcheco Ivan Lendl.

Ontem, a Agência Nacional de Aviação Civil abriu processo administrativo para apurar as possíveis irregularidades referentes ao acidente com o helicóptero, matrícula PR-OMO, que pertence à empresa First Class Group e era administrada por Mattoso. O piloto — cujo corpo foi encontrado ontem na Bahia — estava com sua habilitação vencida desde 2005, além de não possuir certificado de capacidade física válido.

Ligações com empreiteiros

Enquanto as autoridades aeronáuticas apuram as responsabilidades sobre o acidente, o Governo do Estado do Rio quebrou o silêncio e informou que o governador Sérgio Cabral viajou para o Sul da Bahia num jatinho do empresário Eike Batista, em companhia de Fernando Cavendish, dono da Delta Construções.

A empresa é uma das maiores prestadoras de serviço do estado e recebeu, desde 2007, contratos que chegam a R$ 1 bilhão. Além disso, também foi informado que Cabral se dirigia com o grupo para o aniversário de Cavendish num resort, onde ficaria hospedado, mas o acidente com a aeronave interrompeu os planos. Ontem, o governador se licenciou do cargo até domingo, alegando razões particulares.

Os deputados estaduais de oposição, no entanto, pretendem cobrar explicações do governador.

— Após este momento de dor, vou querer explicações. Nunca é bom para a imagem de um governador aparecer numa festa de empreiteiros — disse Marcelo Freixo (PSOL).

’Números falam por si’

Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB) também ressalta as cifras obtidas pela Delta:

— Os números falam por si. O faturamento da Delta no estado é crescente e nítido.

Clarissa Matheus (PR) é outra que cobra justificativas:

— Fiz um requerimento há dois meses sobre as viagens dele e os prefixos das aeronaves usadas. A Alerj não o publicou e fui à Justiça para que me respondam.

Primeiro-secretário da Alerj, Wagner Montes (PDT) também se junta ao grupo que cobra os motivos da viagem.

— Vamos respeitar a dor dele. Mas acho, sim, que ele precisa se explicar.

 FONTE: JORNAL EXTRA

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