quinta-feira, 28 de julho de 2011

Aliados históricos cada vez mais distantes

Corrida às prefeituras deve colocar PCdoB e PSB em palanques opostos aos dos petistas na maioria das capitais

Tiago Pariz

Aliados históricos do PT, PSB e PCdoB planejam ser adversários dos petistas nas eleições municipais do ano que vem, nas maiores cidades do país. Seja com candidato próprio ou em alianças com partidos de oposição à presidente Dilma Rousseff, os quadros desenhados até aqui mostram que as conversas estão azedas em várias capitais. Fazem parte da lista São Paulo, o maior colégio eleitoral do país, Belo Horizonte, Salvador, São Luís e Florianópolis, além de cidades paulistas importantes como Campinas, São Vicente e Jundiaí.

Na corrida pela prefeitura paulistana, o PT terá candidato próprio — os favoritos são a senadora Marta Suplicy e o ministro da Educação, Fernando Haddad. O PCdoB pretende lançar o vereador Netinho de Paula. Outro aliado histórico petista, o PSB, avisou ao governador Geraldo Alckmin que apoia o nome tucano desde que o concorrente não seja da alçada de José Serra.

O favorito de Alckmin é o secretário de Meio Ambiente, Bruno Covas. O dirigente socialista Márcio França, secretário de Turismo do governo Alckmin, disse que só haveria chance de apoiar um nome do PT na capital caso o candidato fosse um dos deputados federais: Jilmar Tatto, Carlos Zarattini ou Arlindo Chinaglia. "Em São Paulo, nós somos governo. Então é mais fácil caminhar com eles. E é pouco provável que os deputados do PT sejam candidatos", afirmou França.

O presidente do PCdoB, Renato Rabelo, disse ser emblemático para o partido ter candidato próprio em São Paulo e lembrou que Netinho teve votação expressiva para o Senado, ficando em terceiro lugar, com diferença diminuta para Marta Suplicy. Rabelo afirmou que a candidatura tem apoio do PDT e pretende avançar nas conversas com o PSB. "O PSB está sem alternativa, precisa apoiar alguém e se reunirmos apoio dos dois partidos teremos uma candidatura forte", desenhou Rabelo. Márcio França disse que houve conversas, mas descartou avanços por considerar Netinho competitivo, mas sem densidade suficiente para chegar à Prefeitura. Por conta dessas barreiras, há comunistas que pensam diferente de Renato Rabelo e acreditam haver espaço para conversas com o PT caso o candidato seja Haddad e não Marta.

O mesmo quadro de separação entre PT e aliados é observado em São Luís. O PCdoB voltará a apostar no presidente da Embratur, Flavio Dino, para disputar a prefeitura e terá o apoio do PSB. O PT, pela visão da direção nacional, deve primeiro conversar com o PMDB, da governadora Roseana Sarney.

As conversas sobre a sucessão em Belo Horizonte dividem petistas, socialistas e comunistas. Márcio Lacerda (PSB) é candidato à reeleição, mas o PT só aceita fechar aliança caso os tucanos não façam parte da chapa. "Se no centro da aliança tem um partido aliado, como PT ou PSB, é do nosso interesse fechar o apoio e não importa que outros partidos da oposição venham a aderir. Para nós não implica nenhuma dificuldade ter apoio de partidos da oposição", afirmou Rabelo. Os comunistas, por sua vez, se equilibram entre apoiar Lacerda e lançar a deputada federal Jô Moraes (PCdoB-MG). Segundo França, é mais fácil os socialistas cooptarem o apoio do PSDB em Belo Horizonte do que do PT.

Governadores

Em Salvador, o PCdoB entende que passou da hora de ter candidato próprio e pretende lançar a deputada federal Alice Portugal. "Passou da hora de ter candidato em Salvador", afirmou Rabelo. O dirigente do PSB sustentou que a senadora Lídice da Matta seria um nome forte, mas sublinhou que ela não se lançará contra a vontade do governador baiano Jaques Wagner.

Os socialistas estão privilegiando mais as conversas com os governadores do que com a presidente Dilma Rousseff. Em Florianópolis, o partido deve apoiar o nome a ser lançado pelo governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo. O PT, por exemplo, terá candidato próprio, mas não se decidiu sobre o nome. Não está descartada ainda a possibilidade de a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, concorrer, mas as chances são pequenas, segundo petistas.

Marina nega contato com tucanos

A ex-senadora Marina Silva (sem partido) negou ontem pelo Twitter qualquer negociação com o PSDB mineiro tendo em vista as eleições presidenciais de 2014. Ela receberá em breve o título de cidadã honorária de Minas Gerais, a requerimento do deputado estadual Délio Malheiros (PV-MG). O governo do estado chancelou a ideia e homenageará a ex-parlamentar, que amealhou quase 20 milhões de votos nas eleições presidenciais do ano passado. O decreto foi publicado neste fim de semana, mas a solenidade só será marcada quando o governador mineiro, Antonio Anastasia, voltar de agendas oficiais no Japão e na Alemanha.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

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