domingo, 14 de agosto de 2011

Relação com Congresso foi deteriorada


Para o Planalto, aprovação ao governo chegou ao teto

BRASÍLIA. Os aliados agora esperam que Dilma comece a prestar mais atenção às demandas da base no Congresso, principalmente depois dos primeiros sinais de queda nas pesquisas, como revelou o levantamento do Ibope, na semana passada. O próprio Planalto reconhece que Dilma está com aprovação elevada, mas que chegou no teto. E, por isso, é preciso cautela.

- Temos que reconhecer que melhorou o canal de diálogo com o Planalto - minimizou o líder do PT, senador Humberto Costa (PE).

Até então, a presidente vinha resistindo a mudar sua relação com o Congresso e chegou a considerar que poderia prescindir de sua própria base, o que levou alguns parlamentares a fazerem um paralelo entre Dilma e o ex-presidente Fernando Collor.

Numa conversa com um petista, o próprio Collor manifestou sua preocupação com os rumos do governo Dilma, observando que ela estaria cometendo o mesmo erro que ele, que acabou sofrendo um impeachment. Collor, porém, perdeu o apoio popular logo no início do governo, e por denúncias que o atingiam diretamente.

Prorrogação da DRU exige entendimento

A preocupação palaciana com o Congresso se agravou muito depois da paralisia nas votações da Câmara. O grande temor é com a dificuldade de votar a prorrogação da DRU (Desvinculação das Receitas da União), mecanismo que permite ao governo remanejar livremente até 20% do orçamento. O Planalto alega que a DRU é fundamental para enfrentar os reflexos da crise, e apela para a responsabilidade dos aliados.

- Vai ter que ser feito um entendimento para votar a prorrogação da DRU, por causa dos prazos para tramitação. Querer piorar a condição fiscal é algo inadmissível - avisou Ideli.

A relação começou a deteriorar de vez nos últimos dois meses. Além do desconforto com a demora na liberação de emendas e cargos de segundo e terceiros escalões que não foram preenchidos até hoje, a desconfiança aumentou com as denúncias de irregularidades envolvendo ministérios e órgãos ligados aos partidos.

Ao tirar o PR da área de Transportes, Dilma acreditou que poderia enfrentar todos os partidos da mesma forma diante de novas denúncias de corrupção, observou um ministro petista. Mas logo depois a presidente percebeu que dificilmente conseguirá fazer com outros partidos o mesmo que fez com o PR. O balanço dessas ações, apesar de positivo na opinião pública, causou instabilidade na base.

FONTE: O GLOBO

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