Para o Planalto, aprovação ao governo chegou ao teto
BRASÍLIA. Os aliados agora esperam que Dilma comece a prestar mais atenção às demandas da base no Congresso, principalmente depois dos primeiros sinais de queda nas pesquisas, como revelou o levantamento do Ibope, na semana passada. O próprio Planalto reconhece que Dilma está com aprovação elevada, mas que chegou no teto. E, por isso, é preciso cautela.
- Temos que reconhecer que melhorou o canal de diálogo com o Planalto - minimizou o líder do PT, senador Humberto Costa (PE).
Até então, a presidente vinha resistindo a mudar sua relação com o Congresso e chegou a considerar que poderia prescindir de sua própria base, o que levou alguns parlamentares a fazerem um paralelo entre Dilma e o ex-presidente Fernando Collor.
Numa conversa com um petista, o próprio Collor manifestou sua preocupação com os rumos do governo Dilma, observando que ela estaria cometendo o mesmo erro que ele, que acabou sofrendo um impeachment. Collor, porém, perdeu o apoio popular logo no início do governo, e por denúncias que o atingiam diretamente.
Prorrogação da DRU exige entendimento
A preocupação palaciana com o Congresso se agravou muito depois da paralisia nas votações da Câmara. O grande temor é com a dificuldade de votar a prorrogação da DRU (Desvinculação das Receitas da União), mecanismo que permite ao governo remanejar livremente até 20% do orçamento. O Planalto alega que a DRU é fundamental para enfrentar os reflexos da crise, e apela para a responsabilidade dos aliados.
- Vai ter que ser feito um entendimento para votar a prorrogação da DRU, por causa dos prazos para tramitação. Querer piorar a condição fiscal é algo inadmissível - avisou Ideli.
A relação começou a deteriorar de vez nos últimos dois meses. Além do desconforto com a demora na liberação de emendas e cargos de segundo e terceiros escalões que não foram preenchidos até hoje, a desconfiança aumentou com as denúncias de irregularidades envolvendo ministérios e órgãos ligados aos partidos.
Ao tirar o PR da área de Transportes, Dilma acreditou que poderia enfrentar todos os partidos da mesma forma diante de novas denúncias de corrupção, observou um ministro petista. Mas logo depois a presidente percebeu que dificilmente conseguirá fazer com outros partidos o mesmo que fez com o PR. O balanço dessas ações, apesar de positivo na opinião pública, causou instabilidade na base.
FONTE: O GLOBO
Nenhum comentário:
Postar um comentário