sábado, 10 de setembro de 2011

Briga por sucessão municipal no Rio em 2012 se acirra nos bastidores

Paes tenta cooptar possíveis adversários para vencer no primeiro turno

Cássio Bruno

A pouco mais de um ano para as eleições municipais de 2012, a sucessão à prefeitura do Rio se transformou em uma batalha nos bastidores. O prefeito Eduardo Paes (PMDB), que tentará a reeleição, segue a mesma estratégia de 2010 do aliado, o governador Sérgio Cabral (PMDB). Paes costura acordos com possíveis adversários para tirá-los do páreo e, assim, vencer no primeiro.

Na oposição, o principal nome até agora é o do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL). Há ainda o deputado federal Rodrigo Maia (DEM), filho do ex-prefeito Cesar Maia. O clã Maia sonha ter como vice na chapa a deputada estadual Clarissa Garotinho (PR), filha do deputado federal e ex-governador, Anhony Garotinho. No PSDB, é grave a crise. A vereadora Andrea Gouvêa Vieira quer concorrer e ameaça deixar o partido porque a cúpula tucana apóia a pré-candidatura do deputado federal Otávio Leite.

Todos, no entanto, almejam um objetivo comum: ter ao lado no palanque pedindo votos o ex-deputado federal Fernando Gabeira (PV). Derrotado, em 2008, à prefeitura por Paes e, em 2010, ao governo do estado, por Cabral, Gabeira não vai concorrer no ano que vem e aguarda apenas uma decisão dos verdes para saber com quem caminhará nas ruas.

Paes já conseguiu cooptar o senador Marcelo Crivella (PRB), que abriu mão de disputar. Em troca, o prefeito implantou em seu governo um projeto de Crivella, o Cimento Social. Em 2008, a Justiça Eleitoral considerou o projeto de conteúdo eleitoreiro. Paes tem a adesão também de Indio da Costa, ex-vice da chapa de José Serra (PSDB) nas eleições presidenciais do ano passado. Ex-DEM, Indio está organizando, no Rio, o PSD do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.

- O próximo eleito será o prefeito da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos. A agenda positiva está com ele (Paes). O momento é de união - disse Indio da Costa.

Paes conta com o apoio de pelo menos 16 partidos. O vice na chapa será indicado pelo PT, possivelmente o vereador Adilson Pires. Segundo o vice-governador Luiz Fernando Pezão, Paes tem se dedicado intensamente a inaugurações de obras na Zona Oeste já pensando em 2012. A coordenação da pré-campanha é do secretário municipal da Casa Civil, Pedro Paulo. No interior do estado, cabe a missão ao ex-deputado estadual Jorge Picciani (PMDB).

- Corremos para entregar o que o governo se comprometeu. Não existe pré-campanha - despistou Pedro Paulo.

Nos bastidores, Paes tenta evitar aparições em público ao lado de Cabral. Para interlocutores do prefeito, Cabral teve a imagem desgastada nos últimos meses em episódios como a crise do Corpo de Bombeiros, o acidente do bonde em Santa Teresa, o caso do menino Juan e as relações suspeitas com a Delta Construções. Pedro Paulo nega:

- Isto não está nem perto de acontecer.

Além de Gabeira, Marcelo Freixo, que mudou o domicílio eleitoral há um mês de Niterói para a capital, aproxima-se de setores do PT insatisfeitos com o PMDB. O deputado prepara o programa de governo com a ajuda de nomes como Frei Betto, o economista Carlos Lessa e o sociólogo Luiz Eduardo Soares. O desafio será conquistar os votos dos eleitores da Zona Oeste, região dominada por milicianos denunciados na CPI das Milícias, presidida por Freixo.

- Será uma campanha atípica. Mas vou à Zona Oeste fazer o debate com os moradores - afirmou Freixo, que está sob ameaças de morte, tem carro blindado e seguranças.

O diretor de "Tropa de Elite 1 e 2", José Padilha, será responsável pelo programa eleitoral na TV de Freixo. Padilha ajudará também na captação de recursos da campanha do deputado, que inspirou o personagem Diogo Fraga no longa de 2010.

Já Rodrigo Maia abraçou o PR e quer Clarissa como vice na chapa. Em troca, o DEM fortaleceria o PR no interior do estado. Clarissa resiste:

- Esse convite foi feito pelo DEM. Eu defendo candidatura própria do PR à prefeitura.

No PSDB, Andrea Gouvêa Vieira está de malas prontas. Antes de deixar o partido, ela apelará ao presidente nacional da sigla, Sérgio Guerra. A vereadora busca alternativas com o PV e com PPS para ser candidata:

- Eu não desisti. O PSDB está em crise permanente.

Otávio Leite rebate:

- As pessoas são livres para tomar decisões. Mas vou me empenhar para tê-la conosco.

FONTE: O GLOBO

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