domingo, 23 de outubro de 2011

Agnelo é o "chefe", diz testemunha

Principal testemunha da Operação Shaolin, deflagrada no ano passado pela Polícia Civil do Distrito Federal e que prendeu o soldado João Dias Ferreira, o auxiliar administrativo Michael Alexandre Vieira da Silva, 35 anos, afirma que o governador do DF, Agnelo Queiroz (PT), seria o "verdadeiro chefe" do suposto esquema de desvio de recursos do Ministério do Esporte. A acusação foi publicada pela revista IstoÉ desta semana.

Em entrevista, a testemunha afirma ter sacado R$ 150 mil para supostamente serem entregues a Agnelo – que passou a maior parte de sua trajetória política filiado ao PC do B – durante sua gestão como ministro do Esporte. Até então, o governador estaria sendo poupado pelas revelações feitas publicamente por João Dias, que apontam o atual ministro, Orlando Silva, como participante de um suposto esquema de desvio de verbas do Esporte.

As afirmações de Michael à IstoÉ estariam também registradas em 11 depoimentos que prestou em sigilo à polícia, ao Ministério Público e à Justiça nos últimos três anos. Michael disse à revista que João Dias teria tentado silenciá-lo com ameaças.

A testemunha trabalhou em ONGs comandadas por João Dias, e teria se envolvido em fraudes no Ministério do Esporte. Em 2008, já excluído do grupo de Dias, ele já havia denunciado irregularidades com ONGs conveniadas com a pasta e, desde então, passou a colaborar secretamente com investigadores.

Hoje, vive escondido em Brasília e pediu que seu rosto não fosse revelado. Os depoimentos de Michael são considerados cruciais para o andamento do inquérito 761, sobre o envolvimento de Agnelo, que corre no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e deverá ser remetido ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo procurador-geral da União, Roberto Gurgel.

O auxiliar administrativo afirma ter trabalhado no Instituto Novo Horizonte, que seria administrado por um laranja do policial João Dias, e declarou ter ficado sabendo de entregas de dinheiro para Agnelo e da liberação de convênios por meio de um amigo do governador.

Na entrevista à IstoÉ, Michael revela ainda que o esquema de fraudes com ONGs de fachada transcende as fronteiras do PCdoB e do Esporte. Atingiria também, segundo ele, o Ministério da Ciência e Tecnologia, então na cota do PSB. Ele conta que chegou a ser convocado pela CPI das ONGs para falar sobre o tema, mas seu nome foi retirado da lista de depoentes na última hora sem qualquer justificativa.

A revista afirma que o governador estava fora do país e até o fechamento da edição ele não havia se manifestado sobre o teor da entrevista.

FONTE: ZERO HORA (RS)

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