quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Correios reabrem, mas só em 10 dias voltam ao normal

As agências dos Correios reabrem hoje, após decisão judicial que determinou o retorno ao trabalho dos funcionários em greve. A empresa estima que levará de uma semana a dez dias para normalizar os serviços de entrega de cartas e de encomendas.

Volta ao normal leva 10 dias nos Correios

Assembleias de funcionários em São Paulo, no Distrito Federal e em outros Estados decidem pelo fim da greve

Desfecho com a intervenção da Justiça repercute na negociação entre bancários e bancos

Filipe Coutinho, Toni Sciarretta


BRASÍLIA e SÃO PAULO - Os funcionários dos Correios vão cumprir a ordem do TST (Tribunal Superior do Trabalho) e voltam a trabalhar hoje. A empresa estima que vai levar de uma semana a dez dias para normalizar os serviços. Houve atraso na entrega de 184 milhões de cartas e encomendas. Segundo o secretário-geral da Fentect (Federação dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares), José Rivaldo da Silva, a maioria dos Estados suspendeu a greve iniciada em 14 de setembro.

"A orientação da federação é para cumprir a decisão, mas a palavra final é sempre das assembleias. Mesmo que um ou dois sindicatos decidam manter a greve, a maioria vai trabalhar", disse.

A federação afirma ainda que, mesmo nos Estados em que as assembleias sejam realizadas hoje, o retorno ao trabalho poderá começar logo em seguida. São Paulo, Distrito Federal, Rio de Janeiro, Maranhão e Ceará decidiram retomar as atividades.

BANCÁRIOS

A decisão do TST prevê reposição na inflação de 6,87%, reajuste linear de R$ 80 a partir de outubro e um vale extra (alimentação) único de R$ 575. O resultado é inferior à reivindicação inicial dos trabalhadores dos Correios, que pediram reajuste de 7,16%, reposição das perdas dos últimos 16 anos de 24% e reajuste linear de R$ 400.

A volta ao trabalho nos Correios interfere em outra greve. Bancários e banqueiros aguardavam o desfecho da paralisação na empresa postal para reavaliar o rumo das negociações.

Os bancários terão hoje a primeira reunião com a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) desde o início da greve, que entra no 17º dia, e também podem encerrar a paralisação.

Com o mercado de trabalho aquecido, as duas categorias viram a oportunidade de obter reajuste acima da inflação com o argumento de recuperar perdas e de participar do recente aumento nos lucros de seus empregadores.

Segundo os bancários, as sete maiores instituições financeiras ampliaram em 20% o lucro no primeiro semestre de 2011 em relação ao mesmo período de 2010.

A categoria pede um aumento real de 5% nos salários, enquanto os bancos oferecem somente 0,56% acima da inflação. Juvandia Moreira, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo (ligado à CUT), disse lamentar que a negociação dos Correios tenha chegado à Justiça.

Ela afirma que a proximidade dos bancários (e dos trabalhadores dos Correios) do governo petista não facilita nem prejudica as negociações sindicais. "Não importa em qual partido você milita; importa onde você está. Nosso papel é lutar pelos trabalhadores."

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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