sábado, 26 de novembro de 2011

Ministra pede desculpas a filha de Rubens Paiva

Maria do Rosário esteve com familiares de vítimas da ditadura

Evandro Éboli

BRASÍLIA. No primeiro encontro com familiares de desaparecidos e ex-perseguidos na ditadura após a sanção da Comissão da Verdade, a ministra de Direitos Humanos, Maria do Rosário, aproveitou para fazer ontem pedido formal de desculpas à psicóloga e professora da USP Vera Paiva. Filha de Rubens Paiva, Vera iria discursar na cerimônia do Planalto representando os familiares, semana passada, mas seu nome foi vetado. A ministra afirmou que gostou muito de a professora ter divulgado na internet o texto que não lera no evento.

- De fato a Secretaria de Direitos Humanos sondou e trabalhou para que fosse feito (o discurso de Vera). Peço desculpas públicas a Vera Paiva. Não se viabilizou por uma questão de tempo curto. Há muitas ilações (de que militares vetaram). O governo tem uma posição. Se diferenças existiram ao longo desse processo, nós vencemos - disse Rosário. - Eu me penitencio por ter criado essa expectativa (de Vera falar). Mas gostei muito de ela ter publicado seu pronunciamento (na internet).

No encontro com 26 ex-perseguidos políticos, Maria do Rosário mostrou-se à vontade e dialogou sobre demandas. Apresentada a uma jovem estudante gaúcha, de nome Olga, ela brincou:

- Nome de revolucionária (Olga Benário).

Porta-voz da ministra junto às entidades, o ex-deputado federal Gilney Viana, coordenador de Direito à Memória e à Verdade da pasta, abriu a reunião:

- Ministra, o pessoal não gostou de a Vera Paiva não ter falado. E também estranhou o fato de a senhora não ter falado. Afinal, essa não é uma agenda da Defesa, mas dos Direitos Humanos. Não é de militar.

Maria do Rosário disse ser comum em solenidades só um ministro falar. No caso, o da Justiça, José Eduardo Cardozo. Ivan Seixas, ex-preso político e hoje presidente do Núcleo de Preservação da Memória Política, disse que o veto a Vera não foi à toa:

- A direita não está dormindo, ministra - disse Ivan.

- Anotei em letra grande que a direita não está dormindo. A ditadura militar é o nó político. Estive ao lado de vocês na ditadura. Fui cedo militante de esquerda. Há uma dívida histórica - respondeu a ministra.

FONTE: O GLOBO

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