As notícias da prisão do enigmático “inimigo número 1” da segurança pública do Rio de Janeiro, o traficante Nem, e a ocupação da Rocinha pelas forças do Governo Estadual em convênio com o Governo Federal criam sempre uma “agenda positiva” para o Governo Municipal do Rio de Janeiro. As forças de segurança pública avançam em 17 comunidades do cenário carioca através das Unidades de Política Pacificadora (UPP) – uma nova “roupa” para a formulação do programa de Segurança Pública apresentado pela candidatura derrotada de Denise Frossard (PPS) em 2006 – ,o que gera um clima de esperança e expectativa. Entretanto, não podemos deixar que tudo seja uma regulação do mercado informal como as notícias da mídia anunciam em relação a Rocinha e outras localidades. A reforma nessas regiões impõe um choque de serviços públicos, ou seja, mais presença do Estado com transparência republicana.
A onda de mudanças no Rio de Janeiro para atingir as metas do desafio Olímpico tanto na Segurança quanto em outros setores está sob a hegemonia de forças do campo liberal-conservador. Mais mercado e mais ordenação do espaço público sem ampliar os canais de participação da sociedade carioca. Por exemplo, a Consulta a Comunidade Escolar (“Eleições de Diretores”) instituída no Rio de Janeiro desde o último Governo de Centro-Esquerda, Saturnino Braga, em 1988 teve novas regras esse ano onde há casos de Candidatos Aprovados em concurso público com notas acima de 8 foram considerados inaptos para as eleições por Bancas Examinadoras numa verdadeira “degola” da democracia participativa. Se for elaborado um “mapa da degola”, observaremos que as Unidades Escolares que sofreram esse processo são estratégicas num pleito eleitoral que se avizinha.
As forças democráticas no Rio de Janeiro precisam estar comprometidas com a organização da sociedade em seus locais de moradia mesmo que as organizações partidárias se sintam comprometidas com o simples “jogo eleitoral”. Nosso compromisso deve ser qualificar democraticamente o debate do pleito municipal para demonstrar a possibilidade de repensar o reformismo conservador que hegemoniza o cenário político carioca. A “centro-esquerda” (PSDB – PPS – PSOL/PV/PSTU/PCB) carioca deve aproveitar a oportunidade das contradições na aliança PMDB-PT para atrair as bases descontentes da segunda força política da aliança governista.
A declaração do Deputado Federal Alessandro Molon (PT) na reunião do Diretório Municipal de seu partido demonstra que a eleição municipal carioca não será “mexicanizada”. Segundo ele, “Não concordo com a gestão de Paes, um projeto conservador. A base do PT vai questionar a aliança”. Há uma estrada aberta para consolidar uma opção política eleitoral no Rio de Janeiro que sempre teve uma base de 30% do eleitorado. Uma candidatura melhor preparada para chamar pela unidade teria condições de levar as eleições ao segundo turno.
Portanto, as forças democráticas no Rio de Janeiro não devem se curvar diante da possibilidade de lançarem candidaturas próprias. Os nomes de pré-candidatos nesse campo apresentam qualidades e simpatias para muitos segmentos diversificados de oposição. O próprio PPS, apesar anunciada pré-candidatura do Deputado Federal Stepan Nercessian, trouxe a novidade na filiação de Getúlio Vargas (filho de um ex-Prefeito em Porto Alegre e neto do Presidente homônimo) que anima tanto a Zona Sul assim como a memória do voto trabalhista na Zona Oeste carioca. Por isso, nem tudo é Paes no Rio de Janeiro.
[1] Professor na Rede Municipal de Ensino do Rio de Janeiro na Zona Oeste carioca e membro do Diretório Municipal do PPS no Rio de Janeiro.
será possível? http://ricardo-gama.blogspot.com/2011/11/desespero-beltrame-quer-processar-o.html
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