quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Relacionamento com lobista foi normal, diz Agnelo

Relação com lobista foi normal, diz Agnelo

Governador fala que pode provar versão de que os R$ 5.000 depositados em sua conta foram pagamento de empréstimo

Em entrevista à Folha e ao UOL, petista afirma que tem o costume de guardar dinheiro em casa, por segurança

Fernando Rodrigues

BRASÍLIA - O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), disse ontem ter como provar que emprestou R$ 5.000 com recursos próprios a um lobista do setor farmacêutico.

Segundo o petista, o dinheiro foi dado por ele em espécie e teria saído de sua própria conta ou da de sua mulher. "Isso posso mostrar, não tem problema", declarou.

Apesar da afirmação, Agnelo não se comprometeu a apresentar imediatamente um extrato bancário indicando de onde exatamente saíram os R$ 5.000.

A primeira versão do caso era a de que o valor seria uma propina paga a Agnelo. Depois, o lobista recuou e disse ser apenas a devolução de um empréstimo que havia tomado com o petista.

Na entrevista de ontem, Agnelo revelou ter o costume de manter dinheiro em espécie em sua casa há muito tempo por razão de "segurança".

"Sempre tenho um pouco de recurso em casa. Eu moro em casa, no Lago Sul [bairro nobre de Brasília] e é importante a gente sempre ter um pouco de dinheiro em casa."

A suspeita de pagamento de propina a Agnelo agravou a crise política por que passa o seu governo, mas até hoje o petista não deu provas para sustentar sua versão.

RELAÇÃO

Em entrevista à Folha e ao UOL, Agnelo declarou que conhece o lobista desse episódio, Daniel Almeida Tavares, " há uns 20 anos", de um período em que militaram juntos no PC do B.

Em 25 de janeiro de 2008, Daniel depositou R$ 5.000 em uma conta corrente de Agnelo, à época diretor da Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária). Nesse mesmo dia, como revelou a Folha, a Anvisa tomou decisão que favorecia a empresa União Química, empregadora do lobista.

Agnelo relata assim a transação: "O Daniel foi um militante, conheço [Daniel] há uns 20 anos. Ele foi um militante do PC do B. Trabalhou em várias campanhas. (...) Depois ele se transformou numa espécie de um secretário particular de uma indústria farmacêutica. Me pediu, uma vez, que ia para uma cidade, não sei se era Goiânia, alguma cidade, pediu emprestado", diz o governador.

Ele segue o relato: "Emprestei a ele um dinheiro, porque ele precisava em dinheiro. E me pagou depois. Não tem anormalidade. (...) Alguém pode se corromper por R$ 5 mil? Alguém pode se corromper mandando depositar na sua própria conta?".
Indagado sobre sua declaração de que a palavra de um governador valeria como prova de que a operação com o lobista foi legal, Agnelo recuou: "É evidente que eu tenho a minha palavra e ela não vale mais do que a de ninguém".

BRASÍLIA

Sobre sua administração, Agnelo afirmou que passou parte deste ano tentando recompor a administração local. Brasília teve vários escândalos nos últimos anos, inclusive com um de seus governadores preso.

O petista prometeu acabar em 2013 com os apagões de energia na cidade -a tempo de Brasília sediar a Copa das Confederações, que ser´´a promovida pela Fifa.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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