quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Sindicância aponta desvio de verbas na Defesa

Esquema teria provocado prejuízo de até R$4,5 milhões; cinco militares e dois comissionados estão envolvidos

Roberto Maltchik

BRASÍLIA. O Ministério da Defesa encaminhou ontem à Controladoria Geral da União (CGU) o resultado de uma investigação que constatou a participação de servidores públicos em esquema de desvio de recursos para a compra de material de escritório. A documentação aponta que o grupo, formado por cinco militares e dois funcionários que ocupavam cargos comissionados no almoxarifado do ministério, pode ter provocado prejuízo de até R$4,5 milhões. Os militares foram afastados, e os comissionados tiveram a exoneração publicada no Diário Oficial da União.

A investigação durou menos de dois meses e apontou irregularidades no fornecimento de cartuchos para impressoras, copos plásticos e guardanapos de papel. O caso foi revelado ontem pela coluna Panorama Político, do GLOBO. A CGU vai apurar o grau de envolvimento dos servidores em funções administrativas e pode determinar suas expulsões. A participação ou não de empresas fornecedoras também está sendo investigada.

Diferença entre a compra e o material estocado

A fraude foi descoberta depois de uma troca de rotina na coordenação do almoxarifado, quando o funcionário recém-chegado detectou discrepância entre o material comprado e o volume estocado. O processo administrativo confirmou a irregularidade. O descompasso entre o quantitativo adquirido pelo governo e o material estocado ocorreu nas compras efetuadas junto a quatro empresas, todas do Distrito Federal: Copatt Soluções Tecnológicas; Century Comércio de Serviços; JEL Comércio de Serviços; e C&D Comércio de Serviços. Juntas, essas empresas receberam da União R$5,06 milhões, desde 2008.

A C&D e a Copatt funcionam em Brasília, em salas diferentes do mesmo prédio. A reportagem visitou as duas empresas ontem, no final da tarde. A C&D estava fechada. Já a proprietária da Copatt, Riany Mary Copatt, assegurou que está entregando o material, conforme o contrato com a Defesa.

- Eu entreguei (o material). Eu tenho o comprovante dos canhotos que eu entreguei o material. Se o ministério deu sumiço, o que eu tenho a ver com isso? - afirmou a proprietária da empresa.

Copatt contou que, diante do aumento de preços de seu fornecedor, chegou a pedir o cancelamento de alguns itens do pregão por ela vencido. Porém, informou que ficou surpresa quando o ordenador de despesas da Defesa rejeitou o pedido de cancelamento, levando sua empresa a fornecer materiais "mesmo com prejuízo".

O Ministério da Defesa limitou-se a informar que o resultado da sindicância foi encaminhado à CGU, responsável pelas ações punitivas contra servidores públicos.

FONTE: O GLOBO

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