quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Transporte só realizou 1% do previsto no PAC este ano

De janeiro a setembro, só 1% das obras de transportes do PAC2 foi concluído

Percentual ficou abaixo da média geral dos grandes empreendimentos, de 11,3%

Eliane Oliveira

BRASÍLIA. A crise no Ministério dos Transportes em junho, que culminou com a queda do então titular da pasta, Alfredo Nascimento, teve impacto direto nas ações para o setor previstas na segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC2). Apenas 1% das obras foi concluído de janeiro a setembro, de um total de R$121,6 bilhões programados para serem entregues no mandato da presidente Dilma Rousseff. O percentual ficou abaixo da média geral dos grandes empreendimentos, de 11,3% do total esperados para até 2014 (R$708 bilhões).

Os dados foram divulgados ontem, no balanço dos nove primeiros meses do PAC2. No evento, o ministro dos Transportes, Paulo Passos, disse que foram revogadas 18 licitações, das quais 14 do Dnit e quatro da Valec, onde as diretorias foram trocadas integralmente.

- É conveniente suspender e cancelar algumas licitações, com o intuito de fazer uma avaliação adequada dos projetos e isso foi feito. Nas licitações onde havia deficiências, elas serão corrigidas - disse Passos.

No geral, de janeiro a setembro, foram executados R$80,2 bilhões para o término das obras do PAC2. Levando em conta os orçamentos previstos para cada área do programa, o setor de transportes teve R$1,6 bilhão aplicados em rodovias, portos e aeroportos. O montante é inferior ao R$1,8 bilhão dos programas Água e Luz para Todos.

Segundo a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, apesar disso houve um aumento de 66% na execução orçamentária do PAC2, entre julho e setembro - uma expansão de R$86,4 bilhões para R$143,6 bilhões. Nos nove primeiros meses deste ano, a execução representou 15% do estabelecido para até 2014.

Do total executado, R$55,2 bilhões são referentes a financiamento habitacional para pessoa física; R$41,4 bilhões foram aportados pelas estatais; e R$25,6 bilhões, pelo setor privado. Do Orçamento da União vieram R$13,2 bilhões e do Minha Casa Minha Vida, R$5,4 bilhões.

Em número de obras, só 3% foram concluídas

O Ministério do Planejamento informou que, em número de obras, 3% das ações do PAC 2 foram concluídas até 30 de setembro e que 86% estavam em "ritmo adequado". Ainda de acordo com o levantamento, 9% se encontravam em fase de atenção e 2% em "ritmo preocupante", se forem considerados apenas os eixos Transportes, Energia, Mobilidade Urbana, Luz para Todos e Recursos Hídricos.

Segundo a ministra, o PAC2 prevê a execução de R$955 bilhões. De 2011 a 2014, os recursos para a execução das obras são de R$708 bilhões (74% do total). Os demais projetos (26%) serão concluídos após 2014, como a Hidrelétrica de Belo Monte. Miriam e o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, aproveitaram para defender a construção de Belo Monte, que enfrenta oposição cada vez maior da sociedade civil.

- Belo Monte é eficiente, não é cara e é fundamental para continuarmos com nossa matriz limpa - afirmou ela.

- O projeto foi feito de forma bastante clara, até porque vivemos num regime democrático - disse Zimmermann, defendendo o debate, mas atribuindo as críticas à desinformação.

FONTE: O GLOBO

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