sábado, 28 de janeiro de 2012

BB troca chefes de 13 diretorias

A reestruturação no Banco do Brasil atinge os cargos do segundo escalão e fortalece a corrente ligada ao Partido dos Trabalhadores. A direção da empresa afirma que as mudanças são normais entre os servidores de carreira da instituição.

Terremoto no BB

Em meio a rumores de um resultado aquém do esperado em 2011, Banco do Brasil muda 13 diretorias e fortalece a presença do PT

Denise Rothenburg, Victor Martins, Vânia Cristino e Rosana Hessel

A sexta-feira terminou em clima de terrorismo no Banco do Brasil após uma dança das cadeiras sem precedentes no segundo escalão. Treze diretorias mudaram de mãos, sendo quatro por motivo de aposentadoria. Uma delas estava vaga desde dezembro, a de Distribuição de São Paulo, cujo titular, Dan Conrado, foi elevado à condição de vice-presidente de Varejo e Distribuição no mês passado. Nas alterações, o até então presidente da Cassi (plano de saúde do banco), Hayton Jurema da Rocha, se tornou o novo diretor de Marketing e Comunicação. Com as alterações, o presidente do BB, Aldemir Bendine, fortalece o Partido dos Trabalhadores (PT) na casa.

As trocas ocorreram ainda sob fortes suspeitas no mercado financeiro de que o BB teve um resultado aquém do esperado no quarto trimestre de 2011. No acumulado até setembro, o maior banco da América Latina lucrou R$ 9,2 bilhões, num crescimento de 18,9%. O balanço do ano será divulgado em 14 de fevereiro. Até lá, os executivos não podem se pronunciar sobre os dados.

Em nota, a instituição classificou as mudanças como naturais e defendeu que é saudável o rodízio de diretores, todos funcionários de carreira, como estabelecem os estatutos. O banco disse que busca a formação multidisciplinar de seus executivos, por isso mudou alguns de cadeira. O BB alegou ainda que alterações dessa natureza são constantes no mercado financeiro. Um dos seus concorrentes no setor privado, o Bradesco, por exemplo, realizou mexidas de peso em sua diretoria pelo menos três vezes em 18 meses. Da última vez, o Bradesco trocou, de uma tacada só, 17 nomes. Num banco público, como é o caso do BB, é a primeira vez em que há uma reviravolta em tantos cargos expressivos.

"O quadro de funcionários envelheceu", disse um técnico da instituição para justificar parte da mudança, justamente a provocada pela aposentadoria dos servidores. Pelos menos quatro teriam sido forçados a sair por discordar da política de Bendine e para evitar rebaixamentos. Oito diretores foram substituídos por colegas de carreira. "Tudo o que está acontecendo mostra que o Dida (como Bendine é chamado) está forte", avaliou um outro funcionário. O Ministério da Fazenda, ao qual o BB está vinculado, não se pronunciou sobre as alterações.

Em dezembro, com a saída do vice-presidente de Atacado e Negócios Internacionais, Allan Simões, demitido por solicitação da diretoria executiva do banco, começaram as mudanças. A diretoria do BB tem mandato de três anos, sendo permitida a reeleição. Na avaliação do sócio da Metrika Consultoria e Pesquisa Euchério Lerner Rodrigues, essa oxigenação inédita na diretoria do BB deverá ser bem recebida pelo mercado. "Ela seria mais bem-vista se, em vez de uma troca de cargos, eles fossem congelados. O BB tem diretor sobrando, se compararmos com qualquer banco do mundo", comentou.

Golpe envolve Banco Central

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, virou alvo de golpistas. Fraudadores estavam usando o nome do presidente da instituição para pedir contatos e informações de empresários. Segundo a autoridade monetária, foi identificada uma linha telefônica envolvida na tentativa da fraude. A expectativa é de que existam outros números de telefones envolvidos no golpe. "Trata-se de tentativa de fraude. Esta autarquia informa que as ligações feitas por sua presidência são originadas, única e exclusivamente, dos telefones oficiais da instituição e recomenda que eventuais solicitações da espécie tenham seus números confirmados no Banco Central", divulgou a instituição. O BC informou ainda que comunicará o fato à Polícia Federal, para apuração.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

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