terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Partidos aliados a Dilma vão ser adversários nas eleições

Em 25 capitais, tendência é de confronto entre ao menos duas siglas governistas

Assim como em disputas passadas, interesses locais dos candidatos a prefeito falam mais alto do que arranjo nacional

Maria Clara Cabral, Simone Iglesias

BRASÍLIA - Aliados nacionalmente, os partidos que dão sustentação à presidente Dilma Rousseff devem patrocinar disputas entre si em praticamente todas as capitais nas eleições municipais de outubro.

Levantamento feito pela Folha tendo como base os sete principais partidos da aliança dilmista (PT, PMDB, PDT, PSB, PC do B, PP e PTB) mostra que em 17 capitais o confronto entre mais de três dessas siglas é bem provável.

Apenas no Rio o apoio à reeleição do prefeito Eduardo Paes (PMDB) é esperado.

Mesmo em Belo Horizonte, com um arco de aliança amplo para a reeleição de Márcio Lacerda (PSB), deve haver enfrentamento com o PMDB.

Nas sete demais capitais, há pelo menos dois pré-candidatos da base.

É o que ocorre em Vitória. Lá, a maioria dos governistas está com Iriny Lopes (PT), mas a exceção é o ex-governador Paulo Hartung (PMDB).

A definição oficial das candidaturas será em junho, com as convenções partidárias.

Em capitais como São Paulo, Porto Alegre, Salvador e Recife, o número de candidatos é ainda maior.

Na capital paulista, cinco partidos da base têm pré-candidatos: Fernando Haddad (PT), Gabriel Chalita (PMDB), Netinho de Paula (PC do B), Paulo Pereira da Silva (PDT) e Luiz Flávio D"Urso (PTB).

Principal aliado do PT em âmbito nacional, o PMDB deve disputar em 21 capitais. É a legenda com o maior número de pré-candidatos, ficando na frente, inclusive, do PT, que trabalha com a possibilidade de lançar 18 nomes.

Histórico

A discrepância entre as disputas para as prefeituras e a aliança partidária que dá sustentação ao governo federal já ocorreu em outras eleições.

Em 2008, por exemplo, PT e PMDB, os dois maiores partidos da coalizão nacional, se enfrentaram em 17 das 26 capitais em jogo.

O professor de Ciência Política da Universidade de Brasília David Fleischer lembra que nas disputas municipais a tendência é que prevaleçam os arranjos paroquiais.

"As questões locais e a sobrevivência dos partidos fazem com que todos queiram disputar. A eleição municipal serve de base para o aumento do número de deputados, senadores e governadores."

Apesar disso, o alto número de postulantes causa preocupação ao Planalto. Na última reunião com os dirigentes dos partidos, Dilma tentou acalmar os ânimos dizendo que nem ela nem o vice Michel Temer (PMDB) iriam se envolver nas campanhas. A orientação é que ministros, o vice e a própria presidente não apoiem um candidato em capitais com conflito na base.

Para o presidente nacional do PT, Rui Falcão, a falta de acordo não é prejudicial.

"É legítimo que na eleição municipal cada partido lance seu candidato, ainda mais em cidades com possibilidade de segundo turno. Isso em nada afetará a base da presidente Dilma, até porque o PT fará uma campanha sem ataques pessoais", afirmou.

Além de problemas com aliados, o PT enfrenta também conflitos internos.

Em Recife, o prefeito João da Costa seria candidato à reeleição, mas outros três petistas querem a vaga. Em Porto Velho, há prévia marcada para 25 de março.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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