terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

PT joga as fichas para eleger Haddad

Petistas traçam a conquista da prefeitura de São Paulo como prioridade do partido com vista a interromper a hegemonia tucana no governo do estado, daqui quatro anos

Paulo de Tarso Lyra

A vitória do PT na disputa pela prefeitura de São Paulo é, na cabeça do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o primeiro passo para consolidar o projeto hegemônico petista. Depois de o partido conquistar a Presidência da República em 2002, 2006 e 2010, Lula quer retomar a prefeitura paulistana e, em 2014, vencer também o governo estadual, um bastião político controlado pelo PSDB desde 1994. "São Paulo é a última trincheira organizada da oposição ao governo federal", admite o presidente estadual do PT em São Paulo, deputado Edinho Silva.

Para que isso dê certo, é fundamental a eleição do ex-ministro da Educação, Fernando Haddad, na maior cidade do país. Mas não só. Pelos planos dos estrategistas, o partido de Lula precisa se sair bem na capital, no grande ABC, na Grande São Paulo (Osasco e Guarulhos, por exemplo) e em cidades polo, como Campinas, Ribeirão Preto, Santos e São José do Rio Preto.

Lula tem dito muito claramente aos interlocutores petistas que a sua nova missão será desalojar o tucanato de São Paulo. "Nós provamos que o PSDB fez mal aos brasileiros. Agora, temos mostrar que eles também fizeram mal aos paulistas", repete ele, como mantra, segundo comentários de mais de um correligionário. O plano é ambicioso, mas a tarefa não é tão simples.

O ex-presidente atropelou a democracia interna petista e impôs a candidatura de Haddad. Em seguida, começou as articulações para ampliar o leque de alianças. Não se furtou, inclusive, de conversar com o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), outro que tem dado sinais ambíguos e contraditórios nessa disputa. Ora pode estar no palanque com o PT, ora com o PSDB, caso o candidato tucano seja José Serra.

Uma liderança petista confessou que o "namoro" com os pessedistas traz outro conforto para o PT. O partido pode poupar-se, nesse momento, de assediar o PMDB do pré-candidato Gabriel Chalita. "Se o PSD vier, virão PSB, PR e PDT. Imagine se Haddad perder a eleição mais importante para o PT por causa do PMDB? Com que cara o vice-presidente Michel Temer vai olhar para o Lula e a Dilma depois?" questiona o cacique petista.

Mas o PT precisa desesperadamente ampliar seu leque de coligações. O partido só tem 30% do eleitorado. 

Já ganhou duas vezes a prefeitura paulistana, mas em momentos muito específicos. Em 1988, Luíza Erundina — hoje no PSB — foi eleita com menos de 30% dos votos (naquela época não tinha segundo turno). Em 2000, novo êxito, com a vitória de Marta Suplicy. Mais uma vez, em situação especialíssima: além de contar com o apoio do então governador tucano, Mário Covas, ela se beneficiou da rejeição ao ex-prefeito Paulo Maluf, desgastado após a desastrosa gestão de Celso Pitta.

Palácio dos Bandeirantes

Outra dificuldade para o PT é atrair o eleitorado de centro, que em São Paulo ainda é forte e representativo. O PIB paulistano tem aversão ao partido e a Lula e mesmo a tese da sacralização do ex-presidente diante da possibilidade de cura do câncer de laringe não permite sonhos de mares menos revoltos para os petistas. "O PSD começa a ocupar esse espaço que antes pertencia ao PMDB. Mas tenho dúvidas se é boa para nós essa aliança", afirma o deputado Carlos Zarattini (PT-SP), crítico da dobradinha com Kassab.

Passado dezembro, o PT começará a pensar quem serão os nomes do partido para a disputa ao governo de São Paulo, em 2014. Um nome forte é o do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho. Mas alguns dirigentes defendem que os prefeitos eleitos em outubro devem concluir seus mandatos. Com isso, uma nome que ganha força é o do ministro da Saúde, Alexandre Padilha. "Ele terá, contudo, de fazer uma grande gestão no ministério para pleitear algo", diz um petista.

Planos petistas em São Paulo

64 prefeitos (o estado tem 645 munícipios)
47 vice-prefeitos
522 vereadores

Focos do partido e prováveis candidatos

São Paulo — Fernando Haddad
Osasco — João Paulo Cunha
Guarulhos — Sebastião Almeida
São Bernardo — Luiz Marinho
Santo André — Carlos Grana
Campinas — Artur Henrique (presidente da CUT) ou
Márcio Pochmann (presidente do Ipea)
Ribeiro Preto — João Gandini
São Carlos — Oswaldo Barba
Franca — Gilson Pelizaro
Araçatuba —Cido Sério
Bauru — Apoiará Rodrigo Agostinho (PMDB)
Cubatão — Márcia Rosa de Mendonça Silva
Guarujá — Sidnei Aranha
São José dos Campos — Carlinhos Almeida
Taubaté — Deve apoiar Padre Afonso (PV)

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

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