domingo, 4 de março de 2012

Carvalho assumiu papel que o próprio Lula havia exercido

O apoio que a candidata Dilma Rousseff (PT) recebeu da área sindical no 2.º turno da eleição de 2010 foi inédito: as seis centrais do País defenderam o voto nela. Depois de eleita, porém, a presidente não fez questão de se aproximar pessoalmente dessas organizações, nem dos movimentos sociais. Delegou ao ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral, a tarefa de cuidar dessas relações. Agora, em meio ao nervosismo do período pré-eleitoral e articulações de diferentes movimentos na área urbana e rural, ele está prestes a enfrentar um de seus maiores desafios.

Sindicalistas ouvidos pelo Estado disseram ter saudades do presidente Lula. Segundo o dirigente da Força Sindical, o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT), o ex-presidente ouvia diretamente os sindicalistas e atendia mais rapidamente às suas reivindicações.

Até na Central Única dos Trabalhadores (CUT), a maior do País, ligada ao PT, a diferença é sentida. "O Lula foi peão de fábrica e sindicalista e adorava conversar e negociar diretamente com gente de sindicato, de movimentos sociais, feministas, homossexuais, sem-terra, negros", diz Quintino Severo, secretário executivo da central. Na avaliação dele, o governo Dilma ainda deve afiar o diálogo com sindicatos e movimentos sociais.

Na Confederação dos Trabalhadores do Serviço Público Federal, onde se articula uma greve nacional, a queixa é quanto à demora na tomada de decisões. Segundo a entidade, as negociações sobre salários da categoria estão paradas desde janeiro.

Carvalho, que também já foi peão e sindicalista, conta com a assessoria de pessoas que já estiveram do lado de lá do balcão, como José Lopes Feijó, ex-diretor da CUT. O maior problema dele, porém, não é a falta de conhecimento dos temas, mas sim a situação política. "As decisões não dependem dele e tendem a se tornar mais complicadas, por que passam pela coalizão política que sustenta o governo e dependem da correlação de forças", observa Severo, da CUT. Os caso dos sem-terra, que se opõem à bancada ruralista, e dos gays, alvo dos parlamentares evangélicos, são exemplares..

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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