domingo, 22 de abril de 2012

Estado diz que obra do Maracanã não atrasará


Para ministro dos Esportes, a saída da Delta do consórcio não vai prejudicar o cronograma de reforma do estádio

Fábio Vasconcellos

O anúncio da saída da Delta Construção do consórcio que realiza a reforma do Maracanã para a Copa 2014 não deverá alterar o prazo de conclusão das obras. Esta é a avaliação dos governos federal e estadual, que ontem informaram estar mantida a entrega do estádio para fevereiro do próximo ano.

O ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, disse acreditar que o consórcio Maracanã 2014, que inclui também as construtoras Odebrecht e Andrade Gutierrez, deverá tomar as providências para a substituição da Delta, e não permitir que o andamento do processo de reforma seja prejudicado:

- Reitero confiança no cumprimento do prazo e acredito que esse fato (saída da Delta) não vai prejudicar o cronograma da entrega da obra.

Já o secretário estadual de Obras, Hudson Braga, explicou que o governo ainda não foi informado da saída da empreiteira. Segundo ele, o estádio será entregue no dia 28 de fevereiro de 2013 para que possa ser usado na Copa das Confederações:

- O edital de licitação permite que, caso uma empresa saia, as outras empresas possam assumir essa parte sem prejuízo daquilo que é o objeto da contratação. No nosso caso, o objeto é a reforma do Maracanã e isso não será prejudicado de maneira alguma.

A decisão de afastar a Delta do consórcio partiu das outras duas empreiteiras. A construtora, que é citada no relatório da Polícia Federal da Operação Monte Carlo em razão do seu envolvimento com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, deixou de fazer repasses de recursos para o projeto, e isso teria irritado a direção da Odebrecht e Andrade Gutierrez.

Negociação pode afastar empresa de outras obras

Mas interlocutores com trânsito no Palácio Guanabara, sede do governo do estado do Rio, informaram que as denúncias contra a Delta também pesaram na decisão. Executivos de uma das empreiteiras do Consórcio Maracanã 2014 estiveram na semana passada no Guanabara. Eles informaram a decisão de afastar a Delta e avaliaram que as denúncias estariam prejudicando a imagem das duas empresas. Há uma negociação, inclusive, para que a Delta seja afastada dos consórcios da construção do Arco Metropolitano do Rio e das obras da prefeitura do corredor exclusivo para ônibus, a Transcarioca, que vai ligar a Barra à Ilha do Governador.

A medida, contudo, seria feita num acordo com a própria Delta que, após o escândalo do seu envolvimento com Cachoeira, estaria tendo dificuldades para obter dinheiro junto aos bancos. Sem esses recursos, a empresa teria optado por sair das projetos nos quais participa como consorciada. Com isso, ela aliviaria a pressão por aporte de recursos, dedicando-se apenas aos projetos menos vultuosos.

Com 28 quilômetros, o lote da Transcarioca entre a Barra e a Penha é executado pelo consórcio formado pela Andrade Gutierrez e a Delta a custo de R$ 798 milhões. No Arco Metropolitano, a Delta é responsável pelo lote 4 em parceria com a Construtora Oriente. Todos os quatro lotes estavam orçado inicialmente em cerca de R$ 800 milhões, mas já teria ultrapassado o valor de R$ 1 bilhão.

Em nota, a Delta disse que não comentaria o assunto. Informou ainda que "a determinação da empresa é concentrar seus esforços na defesa de seu nome, de sua reputação e de sua história".

FONTE: O GLOBO

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