quarta-feira, 4 de abril de 2012

Oposição se apega ao discurso da ética

Com a saída de Demóstenes do DEM, deputados do partido esperam que o escândalo não contamine a eleição municipal

Paulo de Tarso Lyra

A oposição, especialmente o DEM, apressou-se em circunscrever a crise política ao senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) porque o escândalo começava a respingar nas alianças para as eleições municipais de outubro. Deputados do partido levaram à direção da legenda reclamações feitas por militantes e eleitores, cobrando rapidez na solução para o caso. "Foi importante agirmos rápido porque nós conseguimos manter o discurso da ética", afirmou o líder do DEM na Câmara, Antônio Carlos Magalhães Neto (BA).

Mas o corte na própria carne, alardeado como a nova bandeira do DEM, causa preocupação entre alguns filiados. "Nos impusemos uma regra que terá de ser seguida daqui para frente. Ninguém poderá transigir um milímetro, porque será cortado. Até que não sobre ninguém", afirmou um integrante da direção partidária. Ao pressionar pela desfiliação de Demóstenes, o partido perdeu um quadro que poderia servir como válvula de escape para 2014. Ficamos sem alternativas", admitiu um aliado de Agripino.

No PSDB, a ação cirúrgica do DEM foi vista com alívio. Os tucanos, que são cabeça de chapa nas principais cidades em que as duas legendas disputarão juntas as eleições de outubro, temiam que o escândalo respingasse em seus quadros para as prefeituras. Mas isso não significa que os problemas no relacionamento entre os dois partidos estejam restritos a Demóstenes. Há impasses na Bahia e, especialmente, São Paulo, onde o DEM quer ser vice de José Serra.

Há duas semanas, o presidente nacional do DEM, senador José Agripino (DEM-RN), reclamou com o ex-presidente Fernando Henrique da simpatia de Serra pelo PSD. "Eles nos esvaziaram e vocês ainda querem dar para o PSD a vaga de vice?", reclamou Agripino. FHC nada disse de conclusivo.

Os tucanos, no entanto, sabem que a ação preventiva tomada pelo principal aliado também coloca sobre eles um nível de responsabilidade nessa aliança. As conversas telefônicas envolvendo o contraventor Carlinhos Cachoeira ainda fazem menções ao governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e ao deputado federal Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO). "Precisamos torcer para que as coisas não se compliquem mais para o lado dos dois", afirmou um integrante da cúpula do PSDB.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

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