quarta-feira, 4 de abril de 2012

PR volta à base após 20 dias 'independente'

Já PDT reafirma que sai do governo se Dilma não decidir esta semana se partido retomará Ministério do Trabalho

Fernanda Krakovics

BRASÍLIA. O estilo Dilma Rousseff de governar está deixando os partidos aliados confusos. Ontem, pelo mesmo motivo - um cargo no primeiro escalão da Esplanada dos Ministérios -, o PR e o PDT assumiram posições contrárias. Mesmo sem emplacar o ministro dos Transportes, depois de meses de espera, o PR desistiu da postura de independente e voltou para a base do governo. Já o PDT, que ainda espera retomar o comando do Ministério do Trabalho, reafirmou a disposição de sair da base aliada e se tornar independente se a presidente não decidir ainda esta semana o futuro da legenda na Esplanada.

A justificativa do PR é a formação de um bloco parlamentar no Senado com o PTB, que é governista. O líder do PR, senador Blairo Maggi (MT), comunicou pessoalmente o fato à presidente Dilma Rousseff, durante uma audiência na manhã de ontem.

- O PR está voltando a namorar (o governo) - disse Maggi, à tarde, no Senado.

No encontro com Maggi e com o líder do PTB, o senador Gim Argello (DF), a presidente Dilma foi lacônica:

- A gente vai voltar a conversar - disse ela, nada mais prometendo.

O próprio Maggi havia anunciado, no último dia 14 de março, que os senadores do partido estavam indo para a oposição. Ontem, ele disse que foi um arroubo, devido à irritação da sigla com a falta de uma resposta definitiva do governo quanto ao Ministério dos Transportes.

Desde que o senador Alfredo Nascimento (PR-AM) deixou a pasta, atingido por denúncias de corrupção, o PR tenta emplacar seu sucessor, sem êxito. O atual ministro, Paulo Sérgio Passos, é filiado ao PR, mas foi uma escolha pessoal de Dilma. Assim, o partido não se sente representado por ele.

O estopim foi quando a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) ofereceu duas diretorias de estatais ao partido, como compensação pelo Ministério dos Transportes. Ao sair da conversa, Maggi anunciara que o partido estava indo para a oposição. Na audiência de ontem com Dilma, Maggi disse que não falaram de cargos:

- Não queremos nada de imediato.

Já o PDT está em pé de guerra com o governo. Nem mesmo o fato de ter sido convidado para o lançamento do pacote de medidas de estímulo à economia, ontem no Palácio do Planalto, acalmou o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP). Depois da cerimônia, disse que, se nesta semana, mesmo com feriado, a presidente Dilma não definir a questão do Ministério do Trabalho, ele defenderá que o PDT adote uma posição independente.

- O PDT deve ter vergonha e sair da base. É palhaçada! O partido deveria ficar independente, liberar também o governo para fazer o que quiser. Se passar desta semana, vou trabalhar para o PDT sair da base - disse Paulinho, sugerindo que o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, marque uma reunião da Executiva para discutir o assunto na próxima semana.

Interlocutores de Dilma chegaram a divulgar que ela havia escolhido o deputado Brizola Neto (PDT-RJ), mas, diante de reações do próprio partido, ela voltou atrás no anúncio e congelou a decisão. Se não decidir até amanhã, só o fará depois do dia 15, já que passará a próxima semana em viagem aos Estados Unidos. O PDT está dividido entre três nomes: os deputados Brizola Neto e Vieira da Cunha (RS), e o secretário-geral do partido, Manoel Dias.

FONTE: O GLOBO

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