sábado, 19 de maio de 2012

BC: economia encolhe pelo terceiro mês seguido

O PIB do país encolheu 0,35% em março, na terceira queda seguida, de acordo com o Banco Central. Diante disso, o governo prepara medidas para estimular o crédito e reaquecer a economia. Ontem, o BC atuou para frear o dólar, mas a moeda fechou em alta de 0,64%, a R$ 2,019

BC: PIB do país encolhe 0,35% em março, na terceira queda seguida

Para estimular atividade, governo se prepara para anunciar mais medidas

Martha Beck, Gabriela Valente

BRASÍLIA . O agravamento da crise internacional contribuiu para esfriar a economia brasileira. De acordo com o índice IBC-Br do Banco Central (BC) - que funciona como uma prévia do desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) divulgado pelo IBGE -, a atividade registrou uma queda de 0,35% em março. Esse encolhimento pelo terceiro mês consecutivo aumentou as preocupações da equipe econômica, que já se prepara para divulgar nos próximos dias mais medidas para estimular o crédito e a atividade no país.

O número mostra o agravamento de um quadro que vem ocorrendo desde o início de 2012. Em janeiro, o IBC-Br mostrou uma queda de 0,13% e, em fevereiro, de 0,23%. Com isso, no primeiro trimestre do ano, a economia só conseguiu crescer 0,15% em relação aos três meses anteriores.

Os dados surpreenderam os técnicos da equipe econômica, que contavam com um resultado melhor no período de janeiro a março. A expectativa inicial era que a atividade do primeiro trimestre do ano variasse 0,5%. Com isso, a avaliação nos bastidores é que a economia não crescerá mais do que 3,5% esse ano.

Mesmo assim, as projeções oficiais não foram alteradas. Relatório de avaliação fiscal do segundo bimestre do ano divulgado ontem pelo Ministério do Planejamento manteve uma estimativa de crescimento de 4,5% para o PIB do ano.

Na avaliação do ministro da Fazenda, Guido Mantega, embora o governo venha fazendo esforços para estimular a economia, o crédito oferecido tanto às empresas quanto às pessoas físicas ainda está caro e escasso. Por isso, a ordem é fazer tudo o que for possível para reverter esse quadro.

Governo analisa baixar compulsórios dos bancos

Segundo os técnicos, o crédito tem capacidade para fazer a atividade reagir rapidamente. Por isso, a estratégia é agir em quatro frentes: reduzir a Taxa Selic, diminuir o spread bancário (diferença entre o que os bancos pagam para captar dinheiro e o que eles cobram dos clientes em empréstimos), afrouxar regras prudenciais e liberar compulsórios.

Como o BC já está atuando na queda da taxa básica de juros e o governo tem feito uma forte pressão sobre o setor bancário para baixar os spreads , o que falta é agir no compulsório e nas medidas prudenciais. Entre as ações que estão em estudo está algo que foi feito em 2008 para estimular a economia: baixar o compulsório para que bancos maiores possam comprar carteiras de bancos menores (aumentando a oferta de crédito), ou para que eles mesmos possam emprestar mais à população. Além disso, podem ser flexibilizadas regras prudenciais para empréstimos com prazos superiores a cinco anos.

Essas medidas ajudariam, por exemplo, a reforçar as vendas de veículos, que vêm caindo justamente por falta de crédito. Representantes do setor automotivo estiveram reunidos com Mantega na última segunda-feira, para pedir ao governo que pressione o setor bancário a ampliar a oferta de financiamentos.

Anfavea: bancos rigorosos ao conceder crédito

O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini, afirmou que as instituições financeiras estão sendo muito rigorosas na análise dos pedidos de financiamento, o que está prejudicando as vendas e aumentando os estoques das montadoras.

No segundo relatório bimestral, o Ministério do Planejamento informou que decidiu ampliar em R$ 1,32 bilhão os gastos com as chamadas despesas discricionárias, onde estão os investimentos dos ministérios. Com isso, o governo afrouxou um pouco o contingenciamento anunciado em fevereiro, que foi de R$ 55 bilhões, sendo R$ 35 bilhões diretamente nas chamadas despesas discricionárias.

Colaborou Cristiane Jungblut

FONTE: O GLOBO

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