sábado, 19 de maio de 2012

PIB do BC cai de novo e aponta baixo crescimento

O ritmo da economia está pior que o imaginado. Indicador divulgado ontem pelo Banco Central, considerado uma prévia do PIB, mostra que a atividade econômica cresceu 0,15% no primeiro trimestre ante o último trimestre de 2011. Em março, o índice caiu 0,35% na comparação com fevereiro, na terceira queda seguida. O ritmo lento é explicado especialmente pela indústria - entre as causas, está o desempenho do setor de caminhões, cuja produção caiu drasticamente em razão de mudança na lei ambiental. No governo, o número foi recebido com pessimismo, e a previsão para a economia no semestre está sendo revisada para baixo. Entre analistas, o dado reforçou previsões de que a expansão do PIB de 2012 será igual ou até menor que os 2,7% de 2011 e de que os juros continuarão a cair

Atividade econômica cai 0,35%, afirma BC

Governo recebe número com pessimismo, e a previsão para o 2º semestre será revisada para pior; analistas veem juros em queda

Fernando Nakagawa 

BRASÍLIA - O ritmo da economia está pior que o imaginado. Indicador divulgado ontem pelo Banco Central mostra que a atividade econômica cresceu 0,15% no primeiro trimestre ante os três últimos meses do ano passado. O número frustrou até os mais pessimistas. A marcha lenta é explicada especialmente pela indústria.

No governo, o número foi recebido com pessimismo, e a previsão para a economia no semestre está sendo revisada para pior. Entre analistas, o dado reforçou a previsão de que os juros vão continuar em queda nos próximos meses.

Considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB) - indicador que mede o crescimento do País -, o Índice de Atividade Econômica do BC, chamado de IBC-Br, revela um quadro mais preocupante que o imaginado pelo governo e pelo mercado.

Pesquisa da Agência Estado feita com analistas mostrava que os mais céticos previam expansão de 0,2% no trimestre. Os mais otimistas esperavam avanço de 0,6%.

Em março, o índice caiu 0,35% na comparação com fevereiro, na terceira queda seguida. Nesse caso, o número também ficou perto das piores previsões, que variavam de uma contração de 0,4% a crescimento de 0,4%.

"O dado mostra que o PIB do primeiro semestre pode vir abaixo do esperado, por exemplo, pelo Banco Central", disse uma fonte, que pediu para não ser identificada.

Pelas contas oficiais, o PIB do trimestre deve ser um pouco mais forte que o IBC-Br e poderá ter crescimento entre 0,3% e 0,4%. Mesmo assim, o desempenho deverá ser insuficiente para entregar o desempenho semestral imaginado anteriormente. As projeções semestrais não foram divulgadas.

Culpada. Na equipe econômica, a indústria é apontada como grande culpada. Entre as causas, está o desempenho do setor de caminhões, cuja produção caiu drasticamente no início do ano por uma mudança na legislação ambiental. Além disso, há preocupação com a recuperação da produção de veículos.

Mas o governo é otimista e prevê reação. Como resultado do esforço dos últimos meses para manter a atividade aquecida, a economia deve ganhar força no segundo semestre. "O que vai compensar esse dado mais fraco e garantirá o crescimento originalmente previsto para 2012", disse a fonte.

Para o BC, a economia deve crescer 3,5% no ano. Já o ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem sido mais comedido e admitiu ao Estado esta semana que um crescimento de 2,7% já seria "muito bom".

Ainda assim, o Ministério do Planejamento reafirmou ontem que trabalha com um crescimento de 4,5% para 2012.

Juros. Enquanto a reação da economia não aparece, o mercado prevê que os cortes das taxas de juros vão continuar, para incentivar a demanda com crédito mais barato.

Por isso, muitos investidores ontem mudaram suas apostas no mercado futuro e passaram a trabalhar com a possibilidade de um corte de 0,75 ponto da Selic em 30 de maio, o que levaria a taxa para 8,25% ao ano, menor patamar da história.

O economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, é um dos que desenham um cenário mais radical. Para ele, a Selic deve cair dos atuais 9% para 6%. "Isso tudo conspira para uma ação do BC mais enérgica em 2012."

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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